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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

LISBOA, QUE TRISTE FADO TE ABALROA

 

Até quando permitiremos que nos mandem à merda com sorrisos patetas? O Pessoa do Chiado está farto, cansado & chateado. Merda para tanta fotografia de quem dele nem sequer leu um verso. Isto é uma porra, diz a velhota sem lugar no autocarro. Os pastéis de Belém já não são lugar para ninguém e o pasteleiro batoteiro sorri contente por enganar tanta gente. O de Santa Justa, sempre acima e abaixo, aguarda consulta  e está com um feitio filha da puta. O Castelo de icterícia amarelada, acha isto uma chachada e já não tem sexo com a namorada. 
O pastel de bacalhau com queijo enjoa o Tejo.
O tuk tuk  é  um preservativo com rodas e espia sem vergonha as travessas de Lisboa. E as Colinas estafadas brincam às escondidas no cemitério dos Prazeres. Imbecis com mapas na mão e mochilas anti-refugiados, perguntam em espanholês, e nipónicos atónicos vomitam  sushis digitais com ténis de alta cilindrada, made numa Alemanha com  incoerências nas emissões de CO2.E Tintins e Milous com pele vermelha tipo camarão do Lidl, com os testículos a abanar, bebem Stella Artois e fingem que são cães a mijar. E  Asterixes e Obelixesavec alors cependant” nas calçadas da Graça, sujam a sombra do Limoeiro, intrigam o cruzamento e o sinaleiro, e  uma santa que dantes Luzia. Santiago Alquimista, muralha com triste vista e o fado amestrado no clube de Alfama. Lisboa, não digas mal de quem te ama, nem daquele que não te magoa, que chora por ti na Madragoa, e lava uma saudade sempre suja, estendida na noite, disfarçado nos abraços do cacilheiro que só a ti  podem pertencer. Despeço-me de ti sem adeus num entardecer que arrefece e vai enfeitando esta morte anunciada com que te sonho.

Adeus meu amor. 
Está escrito numa velha bóia.

,2016aNTÓNIODEmIRANDA


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