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quarta-feira, 6 de abril de 2022

AVÉ MARIA CHEIA DE GRAÇA

É sempre a fome que te faz essa pressa que te cansa de tanto correr torna tão longe esse caminho, sabendo tu que nessa mesa não há nada para comer. 
Mastigas como sempre os sons das folhas caídas com ruídos de fumos bulidos como se fossem lágrimas. 
Andaste tanto pelo mundo onde te fizeram vagabundo e abraçaste a bandeira como se fosse o teu último sentido. 
Que terá de estranho esta ideia beijada de soluços com sabor a sedução? 
Morna, funaná, coladeira. 
Ai ai ai ai, bulimundo! 
Só quero ser gente mas olham-me como um imbecil. 
Obrigado pela graça que me deste. 
Só é pena que eu com um bocado da tua sorte continuar a ser um desgraçado. 
Você é assim, me olha assim com olhos que só eu vê. 
Eu gosto de você assim, 
ás vezes perto de mim, 
outras no lugar onde só posso olhar.. 
Ó mar, ó mar tantas voltas deste ao meu sonho, inundas-me com o teu azul traiçoeiro não cabes no meu abraço, naufrago no teu sargaço, é contigo que vejo a minha terra, mar desejado no meu olhar mareado onde sangra a prenda que me deste :
o bouquet mais mentiroso. 
Contudo a nossa amizade nem isso merecia. 
Não convivemos pacificamente.
Amanhã parto para a europa. 
Cabelo preto, a pele é igual. 
Disseram-me mentindo que era o lugar ideal.

O que faço com esta Pátria, 
onde o mundo nunca foi meu?



2015aNTÓNIODEmIRANDA

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