Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 10 de março de 2025

EU E A SOLIDÃO DOS OUTROS QUE FELIZMENTE NÃO CONHEÇO

 


                Há um vazio na sombra 
                que me irá acordar.~

                Há um tempo que vai secando 
                o sangue recusado.

                E na noite das mãos 
                estendidas 
para a alma vazia,
mal diz da sina 
                que no coração lhe arde.

                Terra, pó, saudade, 
choro na guerra do tempo 
sempre a arrancar a flor da vida, 
beijado num canto infinito.

          Há uma panóplia de sentidos 
que oferece sorrisos órfãos
ao penhasco da desilusão.







2025Mar07_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

ESPIRRAR LAPSOS DO TEMPORAL

 


                    Nas asas do conforto 
tento esconder os tropeços
como se mais pedaços de mim 
embalsamados em lençóis ´
de ferrugento cetim
fugissem do inadiável encontro 
.
            Num céu de orquídeas 
            a orquestra dos tempos 
desafinados
            contempla a chaga 
do golpe final.





2025Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

domingo, 9 de março de 2025

ORAÇÃO DA NOITE

 


Todos os dias me retiro 
antes que a morte se aproveite 
do cansaço.
Todos os dias faço 
por me acontecer
 logo que a despedida corra a
 entontecer a sorte.
Todas as noites afasto a espera 
mentindo uma inútil satisfação.
Lembro-me demasiado desta memória 
reles produtora de réplicas.
E na cadeira das ilusões, 
qual armadilha de tanta dor, 
embrulho sentimentos 
que não poderei reparar.
    Vou andando por aqui 
    a esculpir pecados que nunca chegarão 
à redenção.
    Tantos sonhos impunemente arruinados.
Gostaria de não acreditar tanto,
na distância que se veste em mim.







,2024Fev03_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

sexta-feira, 7 de março de 2025

ELOGIO DA PRESSA

 Devagar se vai ao longe.

Se assim for,

lá chegarei,

enfeitado

num fato

de

teias de aranha


,2020Fev_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com



segunda-feira, 3 de março de 2025

NADA DE NÓS SERÁ MEMÓRIA - Afinal tenho 70! (a culpa continua a não ser minha).

 


Corre a vida neste tempo desalmado
onde o longe procura o nunca
como o rio que caminha para o mar.
Um barco apavorado
desenha ondas tingidas de avidez.
Ninguém me acode nesta dúbia salvação.
Uma batida de convites cavalga
na vermelha passadeira em busca 
de ovações ainda não camufladas.
Uma bola de pingue-pongue,
(também ainda por inventar),
foge sorrateiramente da bolsa dos 
defeitos.
Ninguém chora neste tango atrevido.
Onde adormeces cambaleante tropel?
Não me canses.
Sigo usado neste tempo,
Aterrado nesta confusa salada de 
suposições.
E esse andar de bailarina, 
roda-viva 
assassina, anel desavindo, 
sangue ardido, paixão sem flor.
Estarás por aí?
Falas-me com lábios de ausências.
Nada leio nesse abecedário.
Temos cores diferentes neste pantone
de desavenças.
Agora o longe abraça o nunca.
Por fim,
nada de nós será memória.


2025Mar02_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com