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quinta-feira, 17 de outubro de 2024

NO BECO DAS INTRUJICES

 

Nem tudo o tempo rouba embora não se canse de sujar os caminhos do nosso conforto.
E nas ondas que conduzem a única viagem bastas vezes tentamos ignorar tal convite.
O desassossego é o nosso número permanente.
Há um som escrito na derradeira palavra perante o olhar defeituoso sempre pronto para desrespeitar a vontade final.
Ninguém escreverá nos restos que nos tornam assim. 
E esta nuvem, que só ausências consegue anunciar? 
Esta morte, traçada em rabiscos de infortúnio ampara a inacabada troca de desaires com a inconsolável salvação. 
A espera é a mais ultrajante perspectiva para os duelos que nos esperam. 
Não é de todo estranha a escassez de respostas para apaziguar a realidade. 
A colina está cada vez mais próxima.
A gentileza das sombras aplaude o já lento acontecer. 
Várias vezes choramos o desapontamento, cheiramos o perfume errado, barramos a cabeça com cortes escritos na pele. 
Julguei-me o tal Deus com futuro duvidoso, sempre mal cotado na bolsa das conveniências, qual triste “entertainer” assiduamente mal pago. 
Atrevidamente clandestino na Santa Casa da Lástima. 
A Junta da Freguesia da Piedade poderá testemunhar tal desempenho. 
Orações controversas pintaram na areia a possível beleza das palavras sem ressentimentos bafientos.

Que poderei fazer com este convite? 

Jogar às escondidas no antro das irremediáveis desilusões? 

Continuar a distração no beco das intrujices...




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poemanaalgibeira.blogspot.com

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