Nem tudo o tempo rouba embora não se canse de sujar os caminhos do nosso conforto.
E nas ondas que conduzem a única viagem bastas vezes tentamos ignorar tal convite.
O desassossego é o nosso número permanente.
Há um som escrito na derradeira palavra perante o olhar defeituoso sempre pronto para desrespeitar a vontade final.
Ninguém escreverá nos restos que nos tornam assim.
E esta nuvem, que só ausências consegue anunciar?
Esta morte, traçada em rabiscos de infortúnio ampara a inacabada troca de desaires com a inconsolável salvação.
A espera é a mais ultrajante perspectiva para os duelos que nos esperam.
Não é de todo estranha a escassez de respostas para apaziguar a realidade.
A colina está cada vez mais próxima.
A gentileza das sombras aplaude o já lento acontecer.
Várias vezes choramos o desapontamento, cheiramos o perfume errado, barramos a cabeça com cortes escritos na pele.
Julguei-me o tal Deus com futuro duvidoso, sempre mal cotado na bolsa das conveniências, qual triste “entertainer” assiduamente mal pago.
Atrevidamente clandestino na Santa Casa da Lástima.
A Junta da Freguesia da Piedade poderá testemunhar tal desempenho.
Orações controversas pintaram na areia a possível beleza das palavras sem ressentimentos bafientos.
Que poderei fazer com este convite?
Jogar às escondidas no antro das irremediáveis desilusões?
Continuar a distração no beco das intrujices...
,2024Set03_Vila _aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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