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sábado, 5 de março de 2022

HOLE IN ONE

 
Não tenho nenhum ideal previsivelmente cómico, mas agrada-me a sua propriedade horizontal. Tenho em mim certas riquezas que continuam incompatíveis com qualquer espécie de decência. 
Comportam-se usurariamente despejando a sua ganância sem ignorar qualquer ocasião. 
Não tenho licença de porte mas aguardo a sorte de acariciar uma fisga. 
Recusarei qualquer duelo porque eu e o espírito dos amantes do século passado continuamos incontactáveis. 
Não preciso de um milagre para salvar a minha a(r)terosclerose. 
Nada suponho para testemunhar este percalço mais que previsto. 
Voltar à estaca zero é uma fatalidade que não adquiro e só gosto dos palhaços que me façam rir. 
É inviável a única certeza do amor. 
Nada me agrada neste comichão orgânica e da sua constante provocação. 
Sorrio porque estou a ser filmado 
e leio atentamente as instruções para o uso indevido da minha autenticidade. 
O meu “hole in one” ainda não aconteceu. Abandonei este jogo. 
Não sei onde deixei o taco.


,2016,05.aNTÓNIODEmIRANDA


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