Sou um assassino das paixões mal criadas, e, sempre é verdade, que me divirto a esganar memórias só para libertar espaço para qualquer coisa parecida com sorte.
Jornalista, cronista e escritor nascido em São Tomé e Príncipe, com apenas 20 anos de idade, começou a escrever regularmente no diário anarcossindicalista A Batalha e noutros periódicos. Destacou-se como um dos primeiros a defender abertamente, em Lisboa, a independência das colónias portuguesas em África, manifestando-se contra a exploração dos trabalhadores, a dominação colonial, o racismo, a opressão sobre as mulheres e a tirania política do colonialismo moderno, em defesa da dignidade, da cultura e das organizações da população negra e africana.
Após a instituição do regime ditatorial de Salazar, optou pela via audaz de subsistir exclusivamente do seu ofício de escritor, dissimulando-se sob pseudónimos estrangeiros, com os quais assinou mais de uma centena de romances policiais e de aventuras extraordinárias.
A presente mostra divulga, por meio de documentos, fotos e da reprodução de artigos de imprensa e de livros, as diversas facetas da sua vida e obra: a de expoente, durante a Primeira República, do movimento negro em Portugal e da oposição moral e política ao imperialismo e ao colonialismo português no jornal A Batalha; a de jornalista negro no Detective e no Repórter X; a de novelista e romancista; a de escritor de livros de aventura e evocações históricas.
Kerouac aos 100. Dá-lhe gás, meu bem! Com Alexandra Vidal e Bruno Silva, António Poppe, Margarida Vale de Gato, Nuno Marques, Pedro Augusto, Tiago Gomes + Francisco Rebelo | Lançamento de Nada Natural 2.ª ed. (Gary Snyder) e conversa sobre Um Sutra a Partir de Kerouac (Jorge Menezes) | Co-org. CEAUL
Quarta-feira, 23 de Março, às 18h30
Numa parceria com o Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa, assinalamos a passagem dos 100 anos sobre o nascimento de Jack Kerouac.
Leituras de Kerouac e outros beats por:
- Alexandra Vidal e Bruno Silva
- António Poppe
- Margarida Vale de Gato
- Nuno Marques
- Pedro Augusto
Lançamento da 2.ª edição de Nada Natural, de Gary Snyder.
Conversa sobre a futura edição de Um Sutra a Partir de Kerouac, de Jorge Menezes.
Música e Palavra por Tiago Gomes e Francisco Rebelo (guitarra).
When the revolution comes some of us will probably catch it on TV, with chicken hanging from our mouths. You'll know its revolution cause there won't be no commercials
When the revolution comes
When the revolution comes
Preacher pimps are gonna split the scene with the communion wine stuck in their back pockets
Faggots won’t be so funny then and all the junkies will quit their noddin’ and wake up When the revolution comes
When the revolution comes
Transit cops will be crushed by the trains after losing their guns and blood will run through the streets of Harlem drowning anything without substance
When the revolution comes
When the revolution comes
When the revolution comes
Our pearly white teeth froth the mouths that speak of revolution without reverence
The cost of revolution is 360 degrees understand the cycle that never ends
Understand the beginning to be the end and nothing is in between but space and time that I make or you make to relate or not to relate to the world outside my mind your mind. Speak not of revolution until you are willing to eat rats to survive
When the revolution comes
When the revolution comes
When the revolution comes; guns and rifles will be taking the place of poems and essays. Black cultural centers will forts supplying the revolutionaries with food and arms when the revolution comes
When the revolution comes
White death will froth the walls of museums and churches breaking the lies that enslaved our mothers when the revolution comes
When the revolution comes
Jesus Christ is gonna be standing on the corner of Lennox Ave and 125th St trying to catch the first gypsy cab out of Harlem, when the revolution comes
When the revolution comes
Jew merchants will give away motza balls and gifilka fish to anyone they see with afros. Frank Shieffin will give away the Apollo to the first person he sees wearing a blue dashiki, when the revolution comes
When the revolution comes afros gone be trying to straighten their heads and straightened heads gone be tryin to wear afros
When the revolution comes
When the revolution comes
When the revolution comes
But until then you know and I know niggers will party and bullshit and party and bullshit and party and bullshit and party and bullshit and party...
Some might even die before the revolution comes
LAST POETS BIOGRAPHY
Last Poets were rappers of the civil rights era. Along with the changing domestic landscape came the New York City-hip group called The Last Poets, who used obstreperous verse to chide a nation whose inclination was to maintain the colonial yoke around the neck of the disenfranchised.
Shortly after the death of Martin Luther King, The Last Poets were born. David Nelson, Gylan Kain, and Abiodun Oyewole, were born on the anniversary of Malcolm X's birthday May 19, 1968 in Marcus Garvey Park. They grew from three poets and a drummer to seven young black and Hispanic artists: David Nelson, Gylan Kain, Abiodun Oyewole, Felipe Luciano, Umar Bin Hassan, Jalal Nurridin, and Suliamn El Hadi (Gil Scott Heron was never a member of the group). They took their name from a poem by South African poet Willie Kgositsile, who posited the necessity of putting aside poetry in the face of looming revolution.
"When the moment hatches in time's womb there will be no art talk," he wrote. "The only poem you will hear will be the spearpoint pivoted in the punctured marrow of the villain....Therefore we are the last poets.
Livraria Buenos Aires Rua de Buenos Aires, 7 B (Lapa) Lisboa Anos 70. A Livraria do meu pai, Abílio de Miranda com a preciosa colaboração do meu irmão Tomás de Miranda.
Foi aqui que começou esta mania. Com a sua inestimável ajuda e constante incentivo. Comprava os livros às prestações e sem quaisquer descontos.
O dinheiro fazia falta lá em casa. Assim iniciei a minha viagem. Um obrigado muito abraçado.
Desço num compasso atrasado a avenida da adolescência, nesta saudade abraçada a velhos blues e palavras escorridas dos livros que me ensinaram o caminho. Junto perspectivas nesta gamela, e misturo fermento crescente com a precisão que fui adquirindo. Disparo certeiro nesta bala descaída que beija o tiro que continua a ferir-me. "Free like a shot from my gun". Rosas retardadas para os dias sempre hipócritas, descansam num jazigo à toa escolhido, onde apresento o mais infiel dos "bluffes". Há coisas para que não tenho jeito algum. E lubrificar cãibras é uma arte que a mim me falha. Que deus me valha! Ok!
Não atirem todo o bónus para cima de mim. Aprendi a jogar poker num "SPRECTRUM" ressabiado que com todas as vírgulas caluniava a minha batota. E eu até pensava que era bom. Claro está, menos nos desenhos a tinta-da-china.
Borrava sempre a pintura e o "MAO" nunca achou lá grande piada. Apresentei-lhe um novo alibi para a grande muralha, mas infelizmente embebedou-se com um certo vinho de "MONÇÃO". Águas passadas enferrujam qualquer canalização, e o seguro, de tanto reumático, já não cobre todos os riscos. Ok! Desisto! Vou voltar para o império das mentiras, afiar a "Muramasa" e derramar um carpaccio com a pele do teu desejo. Perfumado com "KENZO",
imprimirei em "photo paper gloss",
"HAIKUS" banhados no tinteiro das palavras bonitas.
Claro que não é o fim. Ainda resta o estrangular dos teus lábios no meu ossário defeituoso. Viveremos felizes para sempre, desde que um qualquer deus curioso não inveje a nossa cumplicidade. A avenida da minha adolescência não está programada no "GPS", e o tacógrafo da minha esperança, foge da animosidade da brigada dos costumes sonolentos. Corto as pontas das setas, escondo os alvos e escrevo certas palavras ao contrário, só para inglês ver. Embalo com todo o cuidado, estes cacos etiquetados com proveniências duvidosas para vender na feira da ladra. É bem verdade que não têm tido muita procura.
Este é o tempo que apaga memórias confortadas por orações dos afectos a fingir,
da coragem que afirmam peremptoriamente indisponível. Este é o tempo que não deseja outra coisa senão sacudir-se a si próprio. Roupagem bimba & tola, pautas de decadência,
senilidade estampada nos rostos desocupados. É este o tempo dos revolucionários retardados, masoquistas arrependidos, sofredores por antecipação,
intelectuais ocasionais,
da tolerância acidental.
Odeio esta possibilidade.
Tenho na algibeira orações rotas,
acenos roucos e cansados de opções congeladas. A saída de emergência
há muito que deixou de funcionar. Direi mesmo que a competência, na prateleira mais mentirosa da loja da ignorante conveniência, aguarda pacientemente a chegada de algum crédulo,
CAFÉ NOTRE DAME Uma espécie de trauma sexual prende um casal abismado Ele está segurando as duas mãos dela nas suas Ela está beijando as mãos dele Estão olhando-se nos olhos de muito perto Ela tem um casaco de peles feito duma centena de coelhos correndo Ele tem um casaco clássico sombrio e calças cinza-de-pardo Agora estão a examinar as palmas das mãos um do outro como se fossem mapas de Paris ou do mundo como se estivessem à procura do Metropolitano que os levasse juntos através dos caminhos subterrâneos através das «estações do desejo» até ao terminal do amor até às portas da cidade-luz É um caso sem saída e estão perdidos nas linhas cruzadas das suas palmas enlaçadas suas linhas de cabeça e linhas de coração suas linhas de sorte e linhas de vida ilegíveis e misturadas no mons veneris da sua paixão
In “A boca da verdade”, Antologia Portuguesa Trad. André e Isabelle Lima 1986
Não te preocupes menino. São só bombas. É só o mar tingido de sangue. É só a televisão, que na hipocrisia habitual, finge que chora as tuas lágrimas. Sim! Vai ter com ele. Tem cuidado!
Ele falará habilmente da orfandade da tua esperança, aceitará a tua morte como um exemplo para a purificação da crueldade.
O teu martírio será celebrado no horário nobre dos noticiários, o caixão branco, tornar-se-á mais tarde, a embalagem do perfume mais procurado, o teu desespero será hipocritamente mostrado numa qualquer cerimónia de entrega de óscares.
Hollywood, a nação das mentiras, guardará um minuto de arrependimento, e qualquer presidente digno da sua imbecilidade, botará o discurso conveniente para o top ten da popularidade.
Mas tu, aquele que morreu com a vida em sorte lenta, continuarás a ensombrar a ausência da dignidade.
O poeta, que fingia que vivia, escrevia noites com vésperas do amanhecer impossível.
Adornava todas as vírgulas, num ritual espancado pela memória mentirosa, iludindo assim o golpe nos pulsos da morte, que desinteressadamente o desafiava.
Até ao fim, no aconchego do torpor, que encolhia as suas lágrimas.
O poeta, que vivia, só para fingir que era esta a sua sina, ludibriava sempre que podia, a mentira mesmo tingida, que da vida lhe surgia, como se respirar ainda fosse possível.
Mas quem fingia, não era o poeta, mas a sorte que ele tanto queria, que sempre lhe mentia, naquela promessa enferrujada pelas manhãs adversas, que não abrem janelas.
O poeta sorria, mas ele não sabia, que fingir tão amiúde, não é bom para a saúde, mesmo que da esperança, nada saibam os poetas.
O poeta que fingia, que de tudo isto sabia, também sentia que não vivia, lá naquele lado, onde o vento que dele fugia, secava numa nuvem que não lhe pertencia, a poesia envergonhada, que tinha entregado a um anjo sem-abrigo.
O poeta, abraçado à herança das horas sagradas, estendia os sorrisos magníficos dos sonhos vazios, e, contemplava as flores sujas que enfeitavam a sua campa.