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sábado, 27 de janeiro de 2024

“CANÇONS DE LA RODA DEL TEMPS”

 


Querida,
a guerra acabou!
Colocou na lama sangrenta
o último ramo das lágrimas
que conseguiu chorar.
Espalhou para o vento
o poema de Salvador Espriu
que tantas vezes
soluçaram juntos.
Voltou para a angústia
e só tentou apagar
a vela da solidão.
Sentou-se na pedra fria,
agarrou na capa do 
Cançons de la roda del temps
e amou para sempre
a
Cançó del mati encalmat

Miró, também estava triste… 


,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA





ESTENDO NO SILÊNCIO O SOSSEGO DO MEU LUGAR

 


Talvez o último fôlego esteja a acontecer, 
nesta luz gasta de aquecer calafrios.
Há memórias teimosamente caladas na pele soluços clandestinos que toldam qualquer sentir nomes que sem prévio aviso anunciam convites para as noites das facas rombas.
Estendo no silêncio o sossego do meu lugar.
Faz de mim o que quiseres, mas, não abuses mais do que o necessário, Rainha dos sonhos desenhados a granel.
Sou apenas um refúgio de cartilagens usadas nesta insatisfação que airosamente me acompanha.
Vem até mim! Chega-te para fora do meu suor, Rainha dos sonhos desenhados a granel.
Leva-me para o longe da distância maior.
Respeita-me que eu só tenho o tempo que a memória ainda não apagou.
Livra-me de alguns males principalmente daquele que incendeia a infeliz circunstância dos pecados que ainda não fabriquei.
Estou por aí. Sou uma sombra que ainda anima os juros bonificados de uma lembrança a curto prazo. Enquanto eu assim o desejar ó luz da mais fundida esperança queimada nos horóscopos programados no científico conhecimento nunca exigirei a vossa permissão para aqui agora e nos demais lugares afirmar que na minha condição de único interessado no modo como pretendo gastar os dias (mesmo aqueles com o olhar triste) estou indisponível para dar corda a todas as convicções alheias à minha vontade.
Ó Rainha dos sonhos desenhados a granel fica comigo, mesmo nas noites da lua mentirosa. Põe-me de lado sempre que quiseres mas não me roubes o calor da tua cama. Deixas-me cansado nesta sequência repetida de assassinar o teu nome no céu das estrelas desanimadas. 
Fico tonto de tanta volta que pinto neste ofício de te procurar. Como se eu alguma vez pudesse acreditar no abandono com que saboreias as minhas manhãs.
Ó Rainha dos sonhos desenhados a granel confesso não sei beijar o teu fel.
Acorda-me sempre que te apetecer escreve nos meus olhos o calendário do nosso desejo.


,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

SOMBRA

 Vigia a tua sombra.
Existe ainda um fantasma
dentro de ti.

A liberdade chegará
malgrado a vontade nula
que ponho na minha sobrevivência.

É chegado o momento
de encararmos as coisas
com a frontalidade possível.

Façamos da incoerência
a nossa amada e tão necessária
Coerência.
E,
sobretudo 
continuemos a evitar
as perguntas perturbadoras.

É urgente
a paixão ardente
o amor violento
que emane
sem margem para
quaisquer dúvidas
a nossa malvadez
o nosso gentil ódio.

Sim, 
a liberdade chegará
e, embora sem sermos capazes
de compreender a sua presença,
escreveremos o seu nome nas
paredes,
soletra-lo-emos
letra a letra,
pelo que ela não deixará de 
ser aquilo que sempre foi :
Uma palavra agredida
Pela nossa futilidade.

Perdoa - me! Perdoa - me 1000000 vezes
por não ter
um filho teu.
Mas tens de admitir
que a vida é dura
quando um homem 
só tem
aquilo que deus
Lhe deu!
(e deus não existe!)

Vigia!
Vigia a tua sombra
há sempre um fantasma
dentro de ti.
Vigia! 
vigia o teu fantasma
há sempre uma sombra 
dentro de ti.

Não fiques intrigado
com o teu próprio jogo:
os trunfos que podes deitar
são o espelho da tua
versatilidade.
Joga com a cautela
que te é usual
Assim, não perdes o que podes
Ganhar
(recuperas sempre o fracasso),
porque a vitória
só é possível num jogo viciado.

O que nos une,
e é necessariamente
Urgente
que disso
tenhas consciência,
é o nosso desastre
arduamente conquistado,
conseguido gota a gota
falhanço a falhanço
pela nossa imbecilidade
pela nossa cretinice.

Tomai e bebei do meu cálice!
E, que o veneno seja assaz eficiente!

Perdoai a minha coragem
assim como eu não admito!
Não aceito!
O vosso bom comportamento
a vossa boa disciplina
a vossa boa organização.

Tomai e bebei todos
este meu ódio permanente
este néctar que deliciosamente derramo 
sobre os vossos pensamentos
sobre os vossos sorrisos
que,
abusivamente
têm o gosto
amorfo do tédio!

Há um fantasma dentro de mim
que ocupa o sossego do meu corpo.
Há milhares de sombras sorridentes
que preenchem a minha imagem.

Vou!
vou esconder-me
esconder-me bem
pôr-me fora de vista
a polícia do sexo
anda por aí espalhada!
(alguém lhes disse
que tinha no frigorífico
as mãos da minha namorada!)

Como é difícil de explicar a dificuldade do amor!!!
Corações ardentes
paixões violentas
milhares de humanidades refugiadas
no medo da solidão,
que embora fecundem o desprezo
a nulidade da personalidade
e toda a tentativa individual
DO DIREITO À DIFERENÇA.
(Como é diferente
 Ser-se Diferente.)

Tomai e bebei todos!
Este é o veneno do meu corpo
para vossa glória
por mim derramado.

Dão - vos um yô - yô
e com ele brincam à felicidade.
e depois dizem -me:
assenta bem os pés
no chão!
Então
como poderei tirar as calças?
(evitemos 
as perguntas perturbadoras...)
Assumamos
De uma vez por todas
A inconveniência da comum conveniência.
Consumamos
consumamos o desejo de ser obrigatório
Consumir.
 Consumamos até á exaustão
a ânsia da ignorância,
dos prazeres consentidos
pela legalidade legalizada.

(amor: que jogo mais estranho!)

Vou escrever 
uma carta apaixonada
antes que aniquilem esta
vontade louca que tenho de ser feliz!

Corações violentos
paixões ardentes: enterrem
       a minha loucura
       na curva
       do rio.

Haveremos de viver!
(O homo sapiens
usa perfume penetrante
bebe coco cola
e encharca o corpo 
com desodorizante).
Assim, tudo! 
tudo não passa de
reclame
iluminado pelo néon
da nossa estupidez.
Ámen!
Desolação!
Sou um anjo da desolação!
Estou farto de lutas
árduas conquistas e 
principalmente
do herói de celulóide
que aconselha a pasta dentífrica
que devo usar.

Resta - nos esperar
pela imortalidade da morte.
Porque
As pessoas diferentes
acabarão por realmente

VIVER !




84.jan, aNTÓNIODEmIRANDA


segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

CAN - Future Days ( com poema de AM)


FUTURE DAYS

Já começo a ouvir vozes estranhas.
Falam dos dias do futuro, mas sinto 
que estou a perder a cabeça com tantas desculpas 
que tenho para escrever. 
Nada escolhi de errado e sinto-me incomodado 
pelos sorrisos que pretendo recusar. 
Está tudo tão errado nesta pressa que em mim caminha 
e estes sons estranhos que se entranham na pele, 
correm pela estrada fora, como se fossem meus. 
É o corpo que me arde nestes dias cada vez mais esquisitos, 
e os medos que pinto nas paredes que me cercam, 
neste modo aborrecido, acalmado pelos uivos da guitarra. 
Eu que nada compreendo deste sussurro de tambores 
que enchem a noite do meu último sonho. 
E a lua que chocalha o meu pensamento, 
embrulhado num cocktail de garrotes, 
lá naquela montanha de dançarinos pintando o céu. 
Estou metido nestas ondas beijadas por calmas sereias, 
que juntam na minha mão, pérolas dos olhares que julgava ter perdido. 
Ei, não sei onde fica o lugar onde estou, 
mas nesta música ouço trombetas de pessoas agora felizes. 
Não sei se o paraíso é possível e se será este 
o clamor da orquestra dos anjos. 
Estou pronto para qualquer momento, 
e penso que irei achar o caminho. 
Não poderei continuar a resistir à tristeza 
e debaixo deste nível, nada existe. 
Nesta valsa compassada em cascatas, 
talvez a minha alma possa ser reanimada 
e a minha certeza realizada. 
Não digo que não, eu sempre acreditei nos momentos diferentes, 
mais dia, menos dia, não é isso que me interessa. 
Faço o que sinto, embora digam que é da maneira errada. 
Mas eu sei que tudo o que vejo poderá estar
nas mãos de uma criança e isso torna muito mais fácil 
a ideia da esperança. 
Mas o que fazer dos dias futuros? 
Estou a ouvir CAN.
Vi esta banda há muito tempo num concerto em Lisboa. Anos mais tarde, cumprimentei o Damo Suzuky na ZBD. Não falamos muito. 
Velhos conhecidos não são para essas coisas. 
Olhamo-nos com o sorriso dos caracóis celestiais.
Estou a subir as escadas agarrado a um espelho que me mostra o sítio.
Dizem-me sempre para ter cuidado, 
aqueles que não escutam esta música.
Não sei se vou cair, mas não tenho medo.
Chegam-me sons ritmados, 
como se fossem convites ilustrados na viola do Michael Karoli.
Sinto-me vivo nesta loucura de constante procura, 
onde delicadamente me corto nestes timbres alucinados 
que me fazem dançar.
Estou louco!
Embora só de vez em quando.
Tudo tenho a ganhar.
E isso eu quero aproveitar.
Que se foda o juízo!
É disto que eu preciso.
Poderia fazer outra coisa.
Mas não me apetece.



2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA 

AMY W.

 


No último degrau do sonho que deixaste, 
doí-me demasiado o não poder ouvir-te, 
e o meu coração é um copo de vinho 
que nunca molhou o teu penteado. 

O mundo sempre aborrecido, 
desprezou o teu olhar de sereia atrevida, 
navegando o tempo que não te quis merecer.
 
As boas estrelas voltam ao sonho, 
acompanhadas de um sax que grita ajoelhado, 
o tímido amor de só te quer beijar. 

No teu céu, estará à espera 
um cálice sempre cheio de saudade.

Aqui, vou rasgando aqueles aplausos 
que tanto te enganaram.



2017set_aNTÓNIODEmIRANDA


ALVÍSSARAS

 


Há por aí alguém que possa explicar o que vai na alma de um poeta?
Há um burburinho como pano de fundo dirigido por golfinhos contentes, guardadores de museus sem visitas curiosas.
Escondo a minha timidez numa moldura para ninguém a fotografar. Sou uma falsificação sempre presente, diluída num cocktail presumido.
Fecho-me nas copas deste baralho desordeiro e sonho um dia investir nas acções da companhia das ideias vagas. Ninguém me afina o teclado e começam a ver-me como uma antiguidade não apetecível. Estou fora do catálogo das superstições idiotamente confiáveis. Assim como uma velharia com a alma em 2ª mão. A lua que me acode jaz enrolada numa carpete azul. Ninguém visita a minha galeria, e o marchand está a ficar nervoso nestes tempos selados em horas encolhidas. E o bater do cansado relógio, acabará como sempre, por adormecer a parede.
Fica tão longe!
Anuncia-se um concurso de cartomantes, excelentes executantes nos procedimentos do “um-dó-li-tá”.
Há por aí quem compreenda o que vai fugindo da cabeça do poeta?
Dão-se alvíssaras.




Melides,2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA


domingo, 21 de janeiro de 2024

CALENDÁRIO DEFEITUOSO

 



Passam os dias

Num aceno

Nem sempre

Desejado


Despejo

No seu acontecer

As palavras da

Nostalgia




,2024Jan20_aNTÓNIODEmIRANDA


MENSAGEM

 


Olho para ti e não sei porque choro, 
Pátria da terra sem mim, 
lavrada num sopro de lágrimas 
sempre igual à última vez.

Peregrinação ardilosa, 
astral mal explicado,
ninfa do bailar absurdo, 
parágrafo gravado no sentido errado.

Não é este o meu fado, 
louco navegar neste mar mudo, 
abraçando a estúpida vontade de remar.

Antes do Bojador,
havia sempre a dor
mais tarde escrita
numa mensagem lida por pouca gente.


,2018jan_aNTÓNIODEmIRANDA


FUCK THAT PEACE

 


make 

love

not 

wall



2018Dez_aNTÓNIODEmIRANDA


sábado, 20 de janeiro de 2024

2021.

 


Lutei por ti chegando a pintar todas 
as mentiras.

Vivi mortes num fingimento fraudulento
 para te agradar. 

Despedi todas as manhãs mal acordadas.

E no sonho,
agarrado a marionetes envergonhadas, 
lavrei num rasto de peçonha, 
a triste audácia de te ter
 conhecido.

,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

EU NO AUTO DESCONSOLO PRECAVIDO

 



Esta noite não preciso da solidão. Empenhei os sapatos que me levariam ao quarto que já não tenho. Sou a todo o momento um habilidoso desclassificado. Não aplaudem o meu discurso e ignoram a única coisa que tenho para exibir: uma miséria de segunda classe. Já não durmo com o medo. Só poderei pedir desculpa porque fugi das palavras. Escondido por aí, espalho-me nas peregrinações da decadência. Os passos das minhas voltas fugiram do último sonho que tinha para colorir. Massacramos o chão de cada vez que leio aquela lápide. E eu que tanto desejava que não tivesse partido. Sei que não deveria sentir assim mas invejo a chuva que saúda o seu passar. Um bom dormir talvez acalmasse a onda do desespero que faz deste tempo um cavalo alucinado, a fugir sem parar da inquietação. Onde param agora as asas das vozes bondosas? Falam de uma ideia navegada na angústia do choro das baleias. Terrível desilusão que só me dirige para sonhos imperfeitos. E estes gritos não cessam, qual murmúrio sangrento ávido para assassinar o hálito dos deuses. Perdi o perfume da utopia especial. Onde te encontrar diccionário das solidões escondidas dos desencontros da memória da proximidade cada vez mais longínqua nas feridas sem conserto da consolação possível. Perdido em mim, envolto nos sentidos proibidos da ferida audácia, cortejando a atracção do abismo. Só, como de costume já não desenho a delicadeza do desejo. 
Deito-me no castigo da fracassada espera e qualquer acontecer nunca passará de um inconveniente acaso. Roubaram tudo (Nina Simone - Ain't Got No, I Got Life). É a mentira maior quando o imbecil conforto afirma que voltaremos a viver. Estou deveras cansado desta inutilidade. Quero fugir deste fumo e do convite para dançar na imbecilidade da reanimação hipócrita. Sacudo as ideias mas os distúrbios permanecem na cabeça. Dizem que me amam, na maneira mais absurda, para vomitar palavras bonitas no desgosto dos meus ombros. Um pássaro que nunca me disse o nome rouba apressadamente a ampola da última esperança. O vento infeliz encosta a raiva nos uivos do desânimo. Deitamo-nos lado a lado na cama da carne fresca com fantasmas a fingir, escondidos nos cachecóis da crueldade. Beijos sintéticos abençoam a benevolência da mentirosa salvação. Duendes desesperados apagam a ardósia da poesia.
VÁ. INDE BRINCAR COM OS OUTROS MENINOS
Seja bem-vinda a solidão e os abraços envergonhados que entrega.  
Às vezes sinto-me a escrever qualquer coisa perto do fim, como se fosse fácil rasgar o nojo do que gostaria ter queimado. Neste deserto nunca se está só. 
Jamais pretendi combinar com as notícias da última hora, nem me deixei seduzir pelo apelo carbonizado do talho dos Mártires ou pela promessa da santificação com certificação devidamente armadilhada. Nuvens atentas antecipam o relatório do tempo e assim não deixam mentir a vontade de um curioso qualquer. Objectivo obrigatório: Gatilho espoletado / Deflagrar venturas aziagas / Declamar a azia insonsa / Engalanar relíquias virtuais / Sodomizar qualquer simpatia pela memória calcinada. Por determinação superior, plantado no meio da selva de mentes pingadas, escondo-me da plantação de microfones tentando-me aliviar numa qualquer introspecção ambulatória. 
OPERÁRIOS DO SABER
Ainda não frequento esses lugares. Até porque será sempre difícil enganar o céu. Embebedei o cansaço. Um deus arrependido pediu-me um afago embrulhado com laços de tédio sexual. Momentos eternizados. Ideias fora do formato espichado. Psique retalhada. Cadáver acrílico: rabisco memórias. Divirto-me delicadamente na festa das sensações. Sonho -te sempre, mesmo sabendo que nunca tocarei no perfume da tua pele. Acho-me e perco-me no festim para o caminho entornado por estrelas enganadoras. 
Despediu-se e foi para longe. 
Moral da história de um Insignificante Camafeu: 
Ninguém deu pela sua falta.



,2024Jan16_aNTÓNIODEmIRANDA


MESMO QUANDO OS OLHOS CONTAM OUTRAS HISTÓRIAS

 


O tempo pendurado 
            no arame da saudade 

Escreve a poesia
         das noites caladas

Mesmo quando os olhos 
        contam outras histórias



,2024Jan_aNTÓNIODEmIRANDA


FOTOS diversas...




 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

JÁ FAZ TEMPO QUE NÃO TROCAMOS MENTIRAS

 


Dei o que de mim tudo roubei.

Não pedirei desculpa 
pelo possível 
desapontamento.

,2022dez_aNTÓNIODEmIRANDA

LÁGRIMAS DE MEDOS DIFERENTES

 


Gostaria de dizer que sinto a tua falta.
Mas, 
o aumento do imposto sobre o atrevimento, 
não ajuda mesmo nada.

Esta música, do maníaco adormecer no cemitério 
das flores sangrentas, oferece-me lágrimas 
que rolam nos ombros, beijando fantasmas arrependidos.

A ti, lua desavinda, 
gostava de conhecer a loucura tatuada nos sorrisos 
que colas sempre que me beijas. 

Sonho doce que de ti só imagino o nome, 
no brilho que tarda em acontecer. 

Conforto de lábios indecentes, 
promessa manhosa, sabor de morte 
deitado nos sonhos de cabedal vestidos. 
E o som do violoncelo que racha a alma, 
indiferente à tempestade que navega na minha cabeça?

Brilho Maldito – Som Perverso, 
lembrando o chiar dos cintos 
que pintam na pele o passar destes anos 
feitos de lágrimas de medos diferentes.


,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

EU UM DIA

 


Não sou fronteira de nada
De qualquer maneira
Não é o meu ser
Fogueira apagada
Não sei que fogo
Me deixou de arder
Apenas sou eu
De mim próprio
Sem sim
Eu
Viagem ainda não começada
Com bilhete de ida
Sem volta anunciada
Eu não melhor que nada 
Eu um dia
Para acontecer

_2014_aNTÓNIODEmIRANDA

Nina Simone - Ain't Got No, I Got Life (HD)

domingo, 7 de janeiro de 2024

Sólo le pido a Dios (español, hebreo y árabe) - Alma Sufi Ensamble ft. L...


DEUS SÓ TE TEMOS A TI
Palestina_17/10/2023


Filão Inesgotável de 
Obscenidades  
Marinadas na Crueldade 
Universal 

Os Cadáveres não bebem chá

Bailado de Bombas

Asas de sirenes pintadas

Sangue jorrado nos escombros  

Testemunha 

A Lengalenga dos Incapazes 



,2023Out_aNTÓNIODEmIRANDA


Ben Harper e Vanessa da Mata - Boa Sorte.wmv

PUTOS & MENINAS

 


Encontram-se em - “Gemes Sessions” 
Em Paris é diferente - Diz o intelectual inteligente
Trocam fotos de cores mentirosas – Prova evidente – De que os grandes fotógrafos estão mortos - Escrevem obedecendo a um manual de suposições cristalizadas – Nos intervalos entretém-se a bajular auréolas de um mau gosto narcisista – Chupam imperiais - como se fossem champanhe - e arrotam postas de pescada “low coast”  - e mal congelada Não falham a apresentação - e recitam a sopa de feijão podre - como se fosse um ex-libris da - “ciber-cu-linária
Em Paris é que é bom - Mente o intelectual morcão - Pobre malária - Tão incultamente calcificada
Sempre preocupados com a sua ânus
“(h)ânus_orabilidade” - insurgem-se em grupo contra quem enferrujou a sua talha oxidada
Tende  - piedade - de mim
Eu que só sei - ser assim -  quieto - no meu modo sereno - rejeitando mortalhas sem qualquer sapiência
A história é um acto repetido
A pretensão é um dejecto mais que cagado
Estou fora - Devagar - Apressadamente devagar 
- Vagarosamente apressado - Só fico onde desejo – estar - Já não ouço tudo - E há muito que não entendo aquilo que não me - interessa - Vou assim
- Cortando curvas - Endireitando a estrada – 
Calmamente - Saboreando só a minha azáfama
- Porque o resto
- São putos e meninas


2016,12aNTÓNIODEmIRANDA


segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

HARAKIRI SINCRONIZADO

 



Desço num compasso atrasado 
a avenida da adolescência, 
nesta saudade abraçada a velhos blues 
e palavras escorridas dos livros 
que me ensinaram o caminho. 
Junto perspectivas nesta gamela, 
e misturo fermento crescente 
com a precisão que fui adquirindo. 
Disparo certeiro nesta bala descaída 
que beija o tiro que continua a ferir-me.
Free like a shot from my gun.
Rosas retardadas para os dias sempre hipócritas, 
descansam num jazigo à toa escolhido, 
onde apresento o mais infiel dos bluffes
Há coisas para que não tenho jeito algum. 
E lubrificar cãibras é uma arte que a mim me falha. 
Que deus me valha!
Ok! Não atirem todo o bónus para cima de mim. 
Aprendi a jogar poker num SPRECTRUM ressabiado 
que com todas as vírgulas caluniava a minha batota. 
E eu até pensava que era bom. 
Claro está, menos nos desenhos a tinta-da-china. 
Borrava sempre a pintura e o MAO nunca achou lá grande piada. 
Apresentei-lhe um novo álibi para a grande muralha, 
mas infelizmente embebedou-se com um certo vinho de MONÇÃO
Águas passadas enferrujam qualquer canalização, 
e o seguro, de tanto reumático, 
já não cobre todos os riscos.
Ok! Desisto!
Vou voltar para o império das mentiras, 
afiar a Muramasa e derramar um carpaccio 
com a pele do teu desejo. 
Perfumado com KENZOimprimirei em photo paper gloss
HAIKUS banhados no tinteiro das palavras bonitas.
Claro que não é o fim. 
Ainda resta o estrangular dos teus lábios 
no meu ossário defeituoso. 
Viveremos felizes para sempre, 
desde que um qualquer deus curioso 
não inveje a nossa cumplicidade.
A avenida da minha adolescência não está programada no GPS
e o tacógrafo da minha esperança, foge da animosidade 
da brigada dos costumes sonolentos. 
Corto as pontas das setas, escondo os alvos 
e escrevo certas palavras ao contrário, 
só para inglês ver.
Embalo com todo o cuidado, 
estes cacos etiquetados com proveniências duvidosas 
para vender na feira da ladra.
É bem verdade que não têm tido muita procura.
Mas deus nasce, o homem sonha e a obra dorme.


,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA


A MORTE É UM ACTO INCORRECTO

 


Todos os santos dançam ao contrário nos caminhos cruzados que lamentam a sua existência.
Enchem ninhos escuros e perturbam a leitura dos mochos.
Convivo bem com os sons do silêncio e facilmente me alegro com o bailado das estrelas que ilumina a minha sombra.
Uma coragem descalça floresce na minha cabeça com rega não automática.
Navego neste canal comandando uma barca apressada e espero estendido num pano de bilhar uma chamada pré combinada.
Meto na boca sementes inférteis e cuspo balas da mais pura imprudência.
Ato os desacatos e entrego-os na estação dos correios perante o sorriso habitual da senhora do balcão 4.
Até à próxima.
É o que costumamos dizer.
Volto à barca, lubrifico a decência, embalo a vontade com o mais atrevido laço.
Endireito o caminho e cambaleio sonolências.
Ainda não sei para onde vou.
Os tempos já não são o que eram.
Certos frios na minha espinha estão sempre a lembrar-me.
A morte é um acto incorrecto. 



2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA 
#SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA#
Editora volta d´mar_2018