Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

CEMITÉRIO SEM LÁGRIMAS



Deixei de abandonar memórias, 
fustigar corações tatuados,
nos sorrisos que pretendiam enganar a desilusão. 
Cortei-me nos modos possíveis, 
menti algumas maneiras, 
mas, o sangue preso nos pulsos 
queria a liberdade de um só momento, 
de uma única altura, que rasgasse a correia demasiadamente atada a uma vontade que não posso admitir. 
Estranha forma de vida, 
esta que recusa ensinar o meu morrer.
Pássaros bêbados acompanham-me até à cama. 
Não fazem perguntas estranhas 
nem comentam a beleza do meu triste choro. 
Nada encontro neste outono 
que não se cansa de me procurar. 
Deixa sangrar. 
A raiva tem o nosso nome, 
e a razão está cansada das lisonjas. 
Não passo de um simples curioso, 
agrafado ao que resta deste apagão. 
Cansa-me esta coreografia, 
amorosamente com sabor a pecado.
Equívoco continuo,
ilustrado nestes defeitos  encadernados.


,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA


Sem comentários:

Enviar um comentário