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quarta-feira, 28 de abril de 2021
terça-feira, 27 de abril de 2021
domingo, 25 de abril de 2021
SOU EU
Sim!
Sou eu.
Outra vez a bater à porta que não me abre.
Sou eu,
a amolgar a memória, sempre agarrado à mesma derrota.
Sou eu,
a não compreender esta espera, a pintar sabores de ausência.
Sou eu,
a assassinar a angústia, a contar gota a gota lágrimas de indignidade.
Sou eu,
a colar pingos de chuva, a pintar cenários, a fugir sempre de mim, numa pressa desabitada.
Sou eu,
nesta colecção de restos, vendidos em saldos idiotas.
Sou eu,
a encaixar vazios, a erguer as mãos para um destino sujo, a encaixotar desculpas em segunda mão, a pensar redondo com esta fé enferrujada, que não pára de me atraiçoar. Sou eu,
a perder a cabeça nesta parede grafitada com lamentações.
Sou eu,
vestido com aquilo que já não presta.
Sou eu,
a acenar a um deus que nunca mais larga a cruz.
Sou eu,
encharcado nesta sombra cansada de me emoldurar.
Sou eu.
Outra vez a bater à porta que não me abre.
Sou eu,
a amolgar a memória, sempre agarrado à mesma derrota.
Sou eu,
a não compreender esta espera, a pintar sabores de ausência.
Sou eu,
a assassinar a angústia, a contar gota a gota lágrimas de indignidade.
Sou eu,
a colar pingos de chuva, a pintar cenários, a fugir sempre de mim, numa pressa desabitada.
Sou eu,
nesta colecção de restos, vendidos em saldos idiotas.
Sou eu,
a encaixar vazios, a erguer as mãos para um destino sujo, a encaixotar desculpas em segunda mão, a pensar redondo com esta fé enferrujada, que não pára de me atraiçoar. Sou eu,
a perder a cabeça nesta parede grafitada com lamentações.
Sou eu,
vestido com aquilo que já não presta.
Sou eu,
a acenar a um deus que nunca mais larga a cruz.
Sou eu,
encharcado nesta sombra cansada de me emoldurar.
,2019Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 14 de abril de 2021
NÃO DIGAM MAL DOS MEUS BLUES. A MINHA MÃE NÃO VAI GOSTAR.
Ela sempre me aconselhou para não responder a números desconfiados.
Cuidado com os cães, meu filho!
Não com aqueles que gostas, mas dos que mudam de pelo para te foder.
Conservo a navalha na língua, e procuro estar atento para não falhar.
Prometo-me muitas coisas, nesta teimosa mania de continuar a sonhar.
Sou o mais doido que em mim cabe, e já não ligo ao programa da Sociedade Nacional da Sanidade.
Não sei da chave para o paraíso.
Aguardo o caminho da auto-estrada, sentado nesta estação do inferno.
Tolo e já nada jovem, afago memórias das noites em que me diziam: podes ser aquilo que quiseres, mas esta porta está fechada para ti.
E tu, encostada na minha penúria, perguntavas invariavelmente, onde tinha passado a última noite.
Só ficava a sombra, quando dizia, por favor não vás embora.
A noite tem outros afazeres, ocupada com corpos ainda mais frios, e o sol acorda cada vez mais tarde.
Já cansado e muitas vezes com mau feitio.
Este chão é uma morte dura.
Vende demasiadas vezes a sorte ao diabo.
E os sorrisos que pensam saudar a nossa despedida, em nada ajudam as ausências.
Não tratem mal os meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Tantas vezes chorei que não posso ser meu amigo.
Tenho nos olhos o cair dos desejos, a certeza da impossibilidade.
O sorriso descaído, escondido no saco cama que já não acredita no meu sono.
Estou farto de lamber feridas, cansado de embrulhar o calendário, desacreditado na mudança do tempo, e, serenamente rasgo as horas com o sentido que me incomoda.
Não digam mal dos meus blues.
A minha mãe não vai gostar.
Olho para o fundo do copo, virado como o meu contrário, e, num sossego sem nexo, arquivo intenções sem nenhuma validade.
Adoro os meus blues.
A minha mãe vai gostar.
2018Out_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 13 de abril de 2021
sexta-feira, 9 de abril de 2021
segunda-feira, 5 de abril de 2021
domingo, 4 de abril de 2021
CARNE PICADA
Enrola-me pela manhã
docemente até ao fim do dia.
Quero que me mates
até os ossos
se tornarem fiambre.
Ama-me no chão,
faz de mim o mais vil tostão
um chá de um Judas pestilento,
canta-me numa canção de
azar,
só para acreditarem
que gostas de mim.
Enrola-me num cartucho
como se guardasses a
mais preciosa iguaria.
E oferece-me sofregamente
quando te apetecer.
Estou aqui,
abaixo do zero
mais que finito
com arpejos do bolero
onde uma loura sem vergonha,
cavalgou nas minhas ancas
arfando palavras
roubadas dos meus poemas.
Enrola-me de manhã
mesmo só um bocado,
no mais fino brocado
para fingir a alegria.
Enrola-me agora,
pela noite fora
até fazeres das minhas costas
um ossário defeituoso.
docemente até ao fim do dia.
Quero que me mates
até os ossos
se tornarem fiambre.
Ama-me no chão,
faz de mim o mais vil tostão
um chá de um Judas pestilento,
canta-me numa canção de
azar,
só para acreditarem
que gostas de mim.
Enrola-me num cartucho
como se guardasses a
mais preciosa iguaria.
E oferece-me sofregamente
quando te apetecer.
Estou aqui,
abaixo do zero
mais que finito
com arpejos do bolero
onde uma loura sem vergonha,
cavalgou nas minhas ancas
arfando palavras
roubadas dos meus poemas.
Enrola-me de manhã
mesmo só um bocado,
no mais fino brocado
para fingir a alegria.
Enrola-me agora,
pela noite fora
até fazeres das minhas costas
um ossário defeituoso.
2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
BOSCH É BROM !
Pegou nele e aproximou-o dos lábios.
A língua percorria maliciosamente
todos os ângulos.
Constatei a sua arte de acariciá-lo.
Lentamente revirava os olhos
com todo o olhar de melancia
e num jeito assumidamente malandro,
enterrou-o na boca.
Sentado era mais fácil apreciar este lamber.
Dissemos até nunca no adeus.
Ajeitou os óculos,
retocou o sorriso
e disse-me no perder do caminho:
não consigo resistir a um Olá.
Algo dentro de mim ruiu de inveja.
A língua percorria maliciosamente
todos os ângulos.
Constatei a sua arte de acariciá-lo.
Lentamente revirava os olhos
com todo o olhar de melancia
e num jeito assumidamente malandro,
enterrou-o na boca.
Sentado era mais fácil apreciar este lamber.
Dissemos até nunca no adeus.
Ajeitou os óculos,
retocou o sorriso
e disse-me no perder do caminho:
não consigo resistir a um Olá.
Algo dentro de mim ruiu de inveja.
2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
A MADAME DO ROLLS-ROYCE
Mais medonho que a sombra
É o medo que nos encurta a coragem.
Enfeita-nos o tempo com malabarismos
Só para ruminarmos fantasias
Como se fossem aqueles bombons
com que a madame do Rolls-Royce
Tenta fazer-me inveja.
A inveja é um dos 7 pecados peniais.
Praticante assumido,
Não provarei nunca os bembons.
Mas eu sou um mero pecador,
Consumido nas termas do esquecimento
E mesmo não confiando neste alento,
Proclamo que aquilo em que não peco
Nunca será um bom exemplo.
Tende então cuidado
Porque haverá outras maneiras
Para não fugir à tentação.
Abracemo-nos então,
Com mais um abraço,
Não diferente dos demais.
Mas peço-vos:
Um pouco menos desconfiado.
É o medo que nos encurta a coragem.
Enfeita-nos o tempo com malabarismos
Só para ruminarmos fantasias
Como se fossem aqueles bombons
com que a madame do Rolls-Royce
Tenta fazer-me inveja.
A inveja é um dos 7 pecados peniais.
Praticante assumido,
Não provarei nunca os bembons.
Mas eu sou um mero pecador,
Consumido nas termas do esquecimento
E mesmo não confiando neste alento,
Proclamo que aquilo em que não peco
Nunca será um bom exemplo.
Tende então cuidado
Porque haverá outras maneiras
Para não fugir à tentação.
Abracemo-nos então,
Com mais um abraço,
Não diferente dos demais.
Mas peço-vos:
Um pouco menos desconfiado.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 1 de abril de 2021
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