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segunda-feira, 28 de julho de 2025

MARIA JOSÉ PALLA (30 de julho de 1943 Falecimento: 27 de julho de 2025). LisboaTive o enorme prazer de conhecer esta Senhora!

 



Maria José Palla.
 Académica e fotógrafa. É professora jubilada da Universidade Nova de Lisboa. Viveu muitos anos em Paris como exilada onde se doutorou na Universidade de Sorbonne e se diplomou na École du Louvre. É autora de numerosos livros e artigos sobre Gil Vicente e a pintura portuguesa do Renascimento.

sábado, 26 de julho de 2025

HARAKIRI SINCRONIZADO

 



Desço num compasso atrasado 
a avenida da adolescência, 
nesta saudade abraçada a velhos blues 
e palavras escorridas dos livros 
que me ensinaram o caminho. 
Junto perspectivas nesta gamela, 
e misturo fermento crescente 
com a precisão que fui adquirindo. 
Disparo certeiro nesta bala descaída 
que beija o tiro que continua a ferir-me.
Free like a shot from my gun.
Rosas retardadas para os dias sempre hipócritas, 
descansam num jazigo à toa escolhido, 
onde apresento o mais infiel dos bluffes
Há coisas para que não tenho jeito algum. 
E lubrificar cãibras é uma arte que a mim me falha. 
Que deus me valha!
Ok! Não atirem todo o bónus para cima de mim. 
Aprendi a jogar poker num SPRECTRUM ressabiado 
que com todas as vírgulas caluniava a minha batota. 
E eu até pensava que era bom. 
Claro está, menos nos desenhos a tinta-da-china. 
Borrava sempre a pintura e o MAO nunca achou lá grande piada. 
Apresentei-lhe um novo álibi para a grande muralha, 
mas infelizmente embebedou-se com um certo vinho de MONÇÃO
Águas passadas enferrujam qualquer canalização, 
e o seguro, de tanto reumático, 
já não cobre todos os riscos.
Ok! Desisto!
Vou voltar para o império das mentiras, 
afiar a Muramasa e derramar um carpaccio 
com a pele do teu desejo. 
Perfumado com KENZOimprimirei em photo paper gloss
HAIKUS banhados no tinteiro das palavras bonitas.
Claro que não é o fim. 
Ainda resta o estrangular dos teus lábios 
no meu ossário defeituoso. 
Viveremos felizes para sempre, 
desde que um qualquer deus curioso 
não inveje a nossa cumplicidade.
A avenida da minha adolescência não está programada no GPS
e o tacógrafo da minha esperança, foge da animosidade 
da brigada dos costumes sonolentos. 
Corto as pontas das setas, escondo os alvos 
e escrevo certas palavras ao contrário, 
só para inglês ver.
Embalo com todo o cuidado, 
estes cacos etiquetados com proveniências duvidosas 
para vender na feira da ladra.
É bem verdade que não têm tido muita procura.
Mas deus nasce, o homem sonha e a obra dorme.


,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 24 de julho de 2025

24JULHO_1981 COISAS DO TEMPO (1)

 


Claro que os anos passam!

Mas o tempo,

Que muitas vezes é nosso amigo,

Faz o favor de parar

Para assim melhor admirar

As pessoas especiais.


.2014antóniodemiranda
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sexta-feira, 18 de julho de 2025

NAQUELA JANELA VIRADA PARA O BAR

 


Fora do sonho, os anos humedecem a vida 
numa ligação preciosa para o particular infinito.
O tempo ainda permanece exibindo nas teias 
lembranças gravadas nos destroços.
Despedem-se na esperança, de que a realidade ofereça outras visões.

            Naquela janela virada para o bar,
o alento passo-o muitas vezes num delírio de mortalhas.
(A minha fama ficará gravada numa pedra abençoada onde os cães da Irmandade da Boa Escolha poderão fornicar). 
Não importa a idade!  
            (Actividade não sujeita ao IMI - Imposto Miserável da Inteligência). 

            Naquela janela virada para o bar, 
deslizo nas cenas do filme repetido, performances alheias à minha vontade.
(Quantos modos cabem na estátua dos medos semeados nos degraus do desânimo)?
Sobreviver muitas vezes deveria ser considerado uma coincidência malparida.

    Naquela janela virada para o bar,
ignoro as colagens de ignorância sobre práticas untadas com crença acidental
Ei, pesadelo, canta outro sonho. 
Já não sou o adolescente dos lençóis de ketchup
Há muito que acordo abraçado ao banco das folhas caídas.

            Naquela janela virada para o bar,
é monstruosamente sublime o diálogo que me conduz ao ninho.
                    (A beleza é um simples atrevimento, costumam grunhir os maldizentes).

Naquela janela virada para o bar, 
há um sopro que me escreve  lágrimas de sargaço. 
                (O que foi feito de mim, pergunta a adolescente saudade espalhando no seu esquecido saber espumas de água e sal).
Quando a circunstância que vivemos 
é o fiel espelho daquilo que só fingimos no papel, olhamos com desdém um teclado farto de aturar as nossas feridas.

                                            Pois não há que ter medo! 
                                                Alguém se lembrará do segredo…





2025Jul_aNTÓNIODEmiRANDA
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JANTADO_17JUL2025

 






PASSE-PARTOUT

 





ESTA MANIA DE DISFARÇAR DESACORDOS

 


Tenho na memória um deserto de ausências 
abraçado a um punhal que se despede dos dias. 
Sentado neste alpendre, 
fiel depositário de alguns sonhos conquistados, 
agasalho boas recordações 
no colo da guitarra. 
Dois gatos, 
abrigados debaixo da carripana, 
escutam 
esta mania de disfarçar desacordos. 
                 Olhamo-nos sem a ousadia de nos vermos. 
                                  É esta a minha assistência preferida.


,2021Julho_aNTÓNIODEmIRANDA
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MADIBA Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de Julho de 1918 – Joanesburgo, 5 de Dezembro de 2013)

 


MADIBA


                Tanta 
                        Estrada 
                                    Assassinada

Primeiro tiraram-me o nome
Depois despiram a vontade
Mancharam-me a identidade
Não satisfeitos, 
identificaram-me num cartaz 
orgulhosamente mijado por energúmenos
 treinados para o evento

            Por fim queimaram 
            o que restava da memória
(eles só queriam que desistisse)

                            A Liberdade e a Vida 
                    amam-se incondicionalmente





,2024Jul18_aNTÓNIODEmIRANDA
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quarta-feira, 16 de julho de 2025

KIKO_WALKING MY DOG

 


Agora só tenho a tua trela para me conduzir a alma. 

Todas as tuas lambidelas estão aconchegadas no meu porta-corações. 

Continuo despenteado pelo abanar da tua cauda. 

É agora diferente o cheiro da relva que recuso pisar. 

E o segredo só nosso de confundires a matrícula do teu carro. 

Vou enviar uma carta ao teu deus, 

a confirmar a autenticidade da nossa amizade. 

Escreve-me!

Vou aprender a ler.


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Kitty, Daisy & Lewis Say You'll Be Mine Live @ 3nach9

sábado, 12 de julho de 2025

LIVRO DO GÉNESIS (impressão fraque-simulada)

 


Ao princípio não era nada.
E o homem pensou que isso era mau.
E foi assim que foi criada a crueldade.
No fim e por fim Deus comodamente instalado noutras paragens, continua a lamentar o maior erro da sua criatividade: o homem!
Eu bem o tinha avisado que há coisas com que não podemos brincar. Mas a bicicleta ainda não tinha sido inventada.
Moisés tinha uma vara de um acrílico carbonado alérgica a peixes, e teve a preciosa ajuda, quem diria, de um forte vento do leste. A Emel, aproveitando a separação das águas, bloqueou as rodas dos carros dos egípcios, que assim levaram uma grande banhada. Muitos deram à costa em Sevilha, onde foram oferecidas à população opulentas doses de calamares. Oremos ao Senhor que com tanta água nos libertou do imenso calor. O mar vermelho só acontece no Marquês de Pombal, quando o Glorioso ganha o campeonato. Isaías, depois de marcar ao Arsenal, tímido como era, quando lhe perguntaram o que sentiu, socorrendo-se da página de um certo livro, respondeu: eu sou bom, mas o outro é que continua a ser o Senhor do Uni-Verso. Ainda não chegou a minha vez. Palavra do treinador: ainda bem! Todo o nome devia ser santificado e infelizmente isso nunca fez maravilhas. Há quem diga que a salvação está escondida na caixa negra do aeroplano. Lázaro nunca andou, 
Abraão não sabia escrever e mais tarde foi visto a recolher um jackpot lá para os lados de Las Vergas. Isaac, sempre doido pela velocidade, treinava numa carroça com 220 cavalos. Continua preso por excesso de excremento. O filho do Abraão foi salvo da morte por um cordeiro imprudente que mais tarde foi servido em coentrada. O Salmo 32 foi alterado. Continha leituras impróprias para oníricos. Alguns dos caminhos da vida ainda não são conhecidos. Por isso, devemos continuar a desconfiar Daquele que se sentou à direita. Palavra do Senhor: ide-vos que eu fico por aqui. Não me confino nunca a que Deus seja a única esperança do mundo. É um peso demasiado para umas costas tão curvadas. A paz não é eterna e até já foi banida de muitos dicionários. Aqui estamos. Resplandecendo alegremente esta possibilidade nunca correspondida. Palavra do Senhor: Israel é uma conveniência que nunca desculpará um certo erro de cálculo. Não há lei perfeita. E a que o Senhor nos quer impor, ainda menos. Enfim, preceitos que não alegram o coração e apagam olhos que só queriam ver. O temor ao Senhor reza-nos um juízo mentiroso e também é verdade que ainda há quem prefira a posição de "seminário". Gente esta que sabia brincar. Senhor, Senhor estás sempre do meu lado e isso distrai a minha amante. A unidade, dizia o profeta Ezequiel, não pode acontecer com o Espírito Santo. É bem sabido que Ezequiel não gostava da imundice e isso já naquele tempo era uma grande chatice. A minha alma suspira por vós, mas vós, mais do que ninguém, sabeis Senhor que eu sou um mentiroso compulsivo. Como suspira o meu espírito Senhor! Mas desta vez não mentirei. Não estou arrependido. Mas eu sei que o veado suspira pelas águas cristalinas da montanha, onde cítaras tocam poemas louvando a tua ausência. S. Paulo nunca gostou dos romanos. É evidente a maneira como não manifestou qualquer contentamento pelos golos do Paolo Rossi. Baresi e Dino Zoff até lhe provocavam tosse. Aleluia! Aleluia! Gritava ele com o nariz enfarinhado quando o Nápoles de Maradona foi campeão. Ainda hoje, entre espirros gosta de falar disto. O senhor é o meu pastor! Mas a médica proibiu-me de comer queijo. 
Glória a deus nas alturas! No 35º andar vão servir Moet&Chandon e rissóis de camarão. Andainde pois então! Vinde até mim! Há gajas boas no camarim.






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terça-feira, 8 de julho de 2025

NO ALTAR DO ENTULHO

 


No altar do entulho 

Celebra-se Impunemente a Miséria Humana

No altar do entulho 
As orações são Bombardeadas para divulgarem 
em Defunta mão o significado do perdão dos Ofendidos

No altar do entulho 

A inocência é despejada da Decência 
ual gravidez Trucidada pela Falsidade das Promessas 

No altar do entulho 

Há um olhar coberto de Desalento
Agonizando no ninho da Vergonha

No altar do entulho 

Onde mora a Monstruosa Crença? 

No altar do entulho 

A salada do Genocídio 
está continuamente pronta 
para a Alheamento com Desculpamos 
a nossa cada vez maior Incompetência

No altar do entulho 

As mortalhas há muito Embrulhadas 
em Lágrimas de Desolação 
escondem-se nas Valas da terra 
Usurpada

No altar do entulho 

Perfuma-se com o Incenso da Infâmia a
Memória da Pele

No altar do entulho

A impunidade nunca Poderá Morrer sem Castigo

No altar do entulho

A humanidade não passa de uma Fraude 
Assiduamente Combinada nos Podres Tratados

No altar do entulho

O tempo nunca poderá esquecer o Massacre 
ue Constantemente Entregamos

No altar do entulho

Trump celebra com Putin 
perante o pas-de-deux do Netanyahu 
num Cocktail de Sangue Assassino 
oda a Crueldade do Mundo


2025Jul_aNTÓNIODEmiRANDA
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segunda-feira, 7 de julho de 2025

ÀS VEZES MORREMOS SEM NOS APETECER

 


Às vezes morremos sem nos apetecer.
Vem em algumas enciclopédias
penduradas no alto da torre
onde a coruja desmói o papo.
Desejos vestidos com pele de raposa,
conversas comezinhas, marinadas em maldizias,
que acabam por nos dar muito que fazer.
Nada é perfeito neste vento soprado,
que nos enleva em gelados de baunilha sofisticada.
Nenhuma razão aparente poderá ser desenhada.
A que sonhos nos referimos?
Estou sentado no museu,
com molduras de hambúrgueres
que me afectam o apetite.
O artista não sabe,
mas algumas estão já incompletas.
Estou embrulhado num velho Março
e sinto nos pés a pressa de fugir.
Aqueço a alma num cigarro
e aguardo serenamente
simpatias amigas
que se deitam comigo no possível acordar.
Está bem!
Podes voltar.
Diz-me um sol desconhecido
para iluminar o sono
com quem durmo dias tranquilos.


,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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