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domingo, 28 de julho de 2024

SORRISOS DA ESPERANÇA

 



Morrer agarrado à despedida no frio 
do viaduto. 
Sou um som calado infectado pelo belo, 
viajando através dos olhos do medo 
escondido na alma falida, 
sempre a condizer com os altos índices 
do colesterol. 
Onde pára a Rosuvastatina?
Já não consigo esconder-me no suor da pele, 
(onde emborco ternuras de whiskey), 
com o desejo tolhido antes de a ti chegar. 
Todos me enganam quando dizem 
que encontraram a chama. 
Há dias assim! 
Até a puta da morte deixa de nos respeitar. 
[Quando os deuses choram 
é porque não conseguem brincar]. 

Larguei os sorrisos da esperança.

(Não me lembro onde os esqueci). 

Doces sonhos no meu bolso 
Agasalham a flor 
Que colhi na lixeira.





,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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OUSAR DESAFIAR O ATREVIMENTO

 


Aqui ficamos enrugados 
nas claras do castelo da 
decepção. 

É dura a ressaca de todos estes dias 
repetidamente abençoada numa náusea 
de cambraia. 

Ousar desafiar o atrevimento 
                                        já foi o delírio 
mais bonito.






,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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NÓ DE SOLUÇOS

 


Um dia acordas sem o caminho da memória.
A encenação do contentamento 
deixou de funcionar.
Sentado na doca do fim-do-mundo, 
mentes ao indefeso teclado 
a esperança que te pregaram. 
A guerra está sempre dentro deste caos 
comodamente domado. 
Será o silêncio o mais digno lamento? 
Impossível corrigir a tristeza, 
e, é sabido que o destino 
é uma palavra maldosa.
Vasculhar a sorte...
Sequestrar o azar...
Soletrar a glória num apaziguador 
guisado de efemérides.








,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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MANIFESTOS CÓDIGOS CONSTITUIÇÕES MANDAMENTOS

 


Sou como um dilúvio quando defeco 
na importância que queres vender.
Não consigo entregar-te a carta da 
consolação.
A situação já não é a mesma 
e o caos potencialmente impotente
(e cada vez mais envaidecido) 
projecta na máquina produtora de réplicas 
o sabor do abandono.
Resta-me esquartejar 
a maneira como fui recebido.
Jamais esquecerei a hostilidade 
abundantemente mostrada.
Um abraçado obrigado.
(obviamente desconsolado).






,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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segunda-feira, 22 de julho de 2024

VONTADE DE APRENDER

 

O MEU SABER

É  FEITO 

                    DA VONTADE 

                                        DE  APRENDER 

(a todo o momento)



2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
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NÃO TENHO A SABEDORIA DO FAQUIR

 


Vivo na minha cabeça
O sítio onde passo todo o 
Tempo
Deixo-me estar
Neste lavar de pensamentos
Escritos num destino que não
Conheço
Aconchego poemas
Em doentias importações de
Optimismo
Tento fugir 
Do caminho dos espelhos 
Quebrados
Não tenho a sabedoria do
Faquir



,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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O ESCOAR DO TEMPO

 


Quando naturalmente 
sentimos o escoar do tempo, 
adquirimos a tendência de repetir 
histórias.
                          Nas verdadeiras, 
                                                    a ideia principal não é 
                           alterada.



,2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
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JARDIM ENTARDECIDO

 


Dispo a malícia das palavras 
para a pendurar na roda da tua saia 
como se fosse a única flor do jardim entardecido.
                              Se calhar falámos demasiado.
É o normal quando não se tem nada para dizer.
                     Acariciámos penas mantendo a saudade mentida 
no meio de copos de vinho 
de uma colheita imperfeita.
                         Trocámos pulseiras
 à falta de ideias
 e ansiosamente esperámos a finalidade 
que não ousámos.
                          Mirámos a marca dos relógios 
e rimos da futilidade da nossa intenção.
                           Aparámos os nomes para mais tarde 
não nos lembrarmos.
                          Passei por ti no Chiado.
Não me recordo de te ter visto.
                Sentado na sua estátua, 
o Pessoa continua impávido 
e nada interessado nos saldos da Benetton.
                   Não há nomes para significar 
a nossa anomalia.


2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 16 de julho de 2024

DEUS, OUVES ISTO?

Deus, ouves isto?
Aleppo está no teu dicionário?
Vou bombardear-te!
E com toda a química da minha raiva!
Já nada me diz a vossa pretensa boa vontade
gozada na asquerosa farsa das vossas desculpas.
Ouves isto?
Ou estás demasiado ocupado?
Ainda não se pode fugir para Marte sem escala em Lampedusa, Lesbos ou Calais.
Estou farto dos sermões pacificadores financiados
com crimes que queremos apaziguar.
Não tenho tréguas para a tua imperfeição,
nem palmas para abater os teus discursos.
Ouves isto?
Como poderei eu invadir o teu tablet,
quando só penso em espoletar a tua mentira?


2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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LESBOS...


segunda-feira, 15 de julho de 2024

GLÓRIA

 


Só porque tenho a chave do cadeado das #Portas do Céu# dizem que me enganas Sonho-te numa qualquer manhã embora ainda ignore o modo de amar. Durante todo este tempo nunca desisti de tentar tocar o teu nome As regras continuam a ser obedecidas nas bebedeiras da conveniência. 
Nunca tentaste outro chão que não aquele que deixou de amarrar o resto da vontade que pensaste ter perdido. Enviaste o convite nas asas as música mas continua difícil o adormecer sem o trago do teu gostar. É essa a única fortuna que me convém. Continuo à procura dos caminhos que deixarão de me magoar. Tempo de partir. Libertar o cansaço para que a coragem não doa e bata bem forte.
[No horário estava riscada a hipótese da chegada].
Abandonado + Na alma um poema + A tal frase repetida = a vida é tramada – Demasiadas vezes sem ser vivida.
Vã tentativa?
Não se pode florir.




,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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FLORES DA AUSÊNCIA NO JARDIM DA TERNURA CONFISCADA

 


            A pele é o destino deste medo fiel depositário da sempre sangrada ilusão.
            Até quando conseguirei mentir à vontade do único sonho que me resta?
            O peso das palavras chicoteia sem parar esta ideia nunca abandonada de alcançar a diferença. 
            De todas as vezes que abusaste da minha pequenez, o vazio já não cabia no peito. 
            E o saco das prédicas compradas “on-line” cambaleava no bordel da absolvição. 
            100 Mortes por segundo doridas esperavam-me na falésia dos deuses furiosos. 
            Aqueço o desespero no congelador das defuntas opções - embalo os lençóis no suor arrependido, fujo para estar (assim como se o céu ainda se lembrasse de mim). 
            Mas... caiem lágrimas, demasiadas vezes nuns ombros que de mim tanto fugiram. 
            O velho resistente, (disfarçado de gato desinteressado), aparece para o piquenique da cansada madrugada. 
                    Sopros de vento bailam na janela, e a lua, feita puta manhosa, aconchega a mantada aflição e escreve no travesseiro o habitual poema: 
    
                                                     [Tem cuidado! 
O teu sossego é a mais importante das minhas
trapaças]. 

            Não desistas.
            O esquecimento é a próxima paragem.



,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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EU E O DESENCANTO NUM MENTIRA DE ESPUMA PARA NÃO ESCREVER O ERRO DOS NOSSOS NOMES

 





                                                    Acredito nos defeitos perfeitos 

                                                Nunca nas promessas molhadas no desalinho dos lençóis


                            O que fazer com estes cortes 
                            amados na mais profana  loucura?




,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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DE SOSLAIO NA INDISCRETA JANELA DO PENSAMENTO

 


Foge-me o tempo para explicar/entender o perfume das palavras não entendidas. 
    Devias saber que as ideias que assassino são o único pesadelo que me conforta. 
    Todo o que entregas é o mais difícil acontecer. 
                Os suspensórios da memória, 
cansados desta amargura,
 não desatam o nó dos soluços. 
                    E o bailado da angústia digital encena na cabeça momentos de traição. 
                 Esta salada de ansiedades,
 cozinha a ideia da mais apressada das fugas. 
                O que vende na curva do medo, 
vai apontando no mapa das entregas inadiáveis, 
o rosário dos infalíveis infortúnios.
                Loucos diamantes teimam 
em não abandonar aquela canção.






,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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CONTINUO EM ESTADO DE FÚRIA PERMANENTE

 


A delinquência da humanidade nunca deixará de me insultar.

Sentado no tapete dos escombros lamento que a coragem seja o momentâneo esquecimento do medo.

Mudar a cor da morte nunca será possível. 

Corpo - Choro - Trouxa - Horror – Raiva.

O amanhã não passa de um insulto
nos lugares onde o hoje deixou de acontecer.

É maior do que o mundo a nódoa ignorada pela indiferença. 

E onde está a justiça no meio disto tudo? 

Não estou para tolerar os fantoches que impunemente benzem a miséria.



,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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CADA MORTE QUE ME ENTREGAS É UM SORRISO QUE ME ROUBAS

 


Tenho um sossego que me inquieta. 
Um pincel batoteiro que rabisca o tempo que engana. Contudo, nada possuo. 
Passa por mim o acenar da despedida encostado no optimismo sempre embusteiro do acaso. 
Dirijo na lembrança que me resta o indecente grito da atraiçoada liberdade. Retardo o regresso da anormalidade dos imbecis. 
Tudo fugiu de nós. 
O rio das palavras escritas na areia do suicídio lavou as lágrimas que escondemos na manta dos dissabores. 
Possivelmente alguém irá entender a cicatriz que não pára de nos afastar. Navegar neste limbo nunca deixará de ser uma desistência. 
Lágrimas negras procuram desesperadamente conforto. 
Na margem vadia louvo a coragem daqueles que ainda agitam o pano da ensanguentada rebeldia. 
Nunca será desta maneira que nos matarão! 
Ainda somos poucos na imensa insubmissão tatuada nesta atitude.
Há que matar a tirania!
Até que nenhum fascista reste nas nossas cabeças.


,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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AUSÊNCIA DE DEUS NA VIAGEM DA MINHA CABEÇA

 


A

Vida

Sem

Moca

Jamais

Se

Endireita




,2024Jun09_aNTÓNIODEmIRANDA
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ANTES QUE A MORTE ACORDE

 


Quem dera libertar-me deste dorido desempenho 
(sonhara eu até então), 
ignorado o plágio que a vida malfadou. 
E agora, confortando os calos da velhice, 
ouso no apressado fingimento, 
anunciar o código genético da coragem 
porque muitas vezes duvidamos do seu falar. 
O tempo raspa na pele o que nos resta, 
e, apesar da ilusão entregue 
não disfarça a penúria das veias encarquilhadas. 
E na ardósia da esperança 
a diferença vai-se esfumando 
na maratona das contrariedades. 
Mais longe do que o céu, 
a caixa geral da ansiedade dos anjos,
(drasticamente imbatível)
envia a alma em pedaços
numa anónima entidade.
(referência e montante indicados)
Lavo a raiva no alguidar do tempo sujo. 
Porque não estrear-me nos confins da moralidade
antes que a morte acorde?




,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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AGASALHAR A TRISTEZA

 


Perfumes sujos enfeitam a monotonia dos sorrisos 
e no gasto império dos dias não acontecidos 
celebra-se abundantemente a falta injustificada 
da esperança 
Alegres insultos saltitam de alma em alma 
perante o incomensurável optimismo 
da orquestra da galhofa
A ignorância dos patetas nunca terá fim   
sendo assim louvada 
a dinastia da incompetência 
Lá fora incógnitos sossegos 
desembarcam na maré das núpcias lamentadas



,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 13 de julho de 2024

QUANTO A ISSO NADA POSSO FAZER

 


Demoraste com o champanhe. 

Mas não te importes. 

Preciso doutro tipo de amparo. 
(Cousas como uma alma acalmada 
nos canteiros das manhãs 
sem inocências despromovidas).
 
Talvez um sim assumidamente 
libertário moleste todo o nojo 
empestado na subserviência.

E se aquele mostrengo com os braços 
teimosamente abertos
fosse coordenar o uso obrigatório da 
protecção contra a cretinice?

Os         genuinamente         acéfalos 
esgotaram a lista da espera.





,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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RELATÓRIO AUSPICIOSO

 


Escrever é uma tranquila agonia.
No pedestal da inquietação, paraquedas infelizes varriam cinzas às escondidas do Pai-Letal, ainda a Quaresma não fora imaginada, embora capacetes de nódoas arroxeadas anunciassem  a exoneração do salvador da imbecilidade.
E no nojo que celebrava aquele esquisito domingo, nuvens violadas aterraram no altar dos desígnios trapaceiros e danificaram drasticamente a alucinação dos breviários.
 No meio da ponte, rasgo o teu percurso, mapa de derrotas, sentido único, sempre em contramão.
Em todo o acordar minto à tristeza, e no sono que me engasga, ardo nos poemas escritos nas nuvens. Por vezes o desencanto será uma terapia eficaz. (Assim rezam os salmos lá na minha aldeia). Outras maneiras já desistiram de confortar o frio da derradeira mortalha. A lua, sempre atenta deita-se no prado da desilusão. Será esta a conveniência das horas sem dias marcados? A minha ingenuidade é um vício mal costurado. 
Afinal só quis dizer que me lembro de ti.



,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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A FALA DO ESPELHO

 


[Mãe

Porque

Me

Pariste]

                    ?


,2024Jul_aNTÓNIODEmIRANDA
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A MORTE FELIZ

 


                        Desgraço-me numa 
casa de papel.
                        Ninguém se importa 
            com a ferida que me queima o 
olhar.
                        E o vento que me 
aconchega
                    só consegue entregar o 
bafo do desespero.
                    Casa de papel / janelas 
a fingir esperança.
                    (Estranho sentimento 
que não deixa de invadir esta 
mania de esperar).
                        Batem apressadamente 
à porta que não consigo 
encontrar.
                        Na praça velha alguém 
leu o poema. 
                        E os pássaros perdidos 
abraçaram a morte feliz.





,2024Jul_aNTÓNIODEmIRANDA
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terça-feira, 9 de julho de 2024

PLEASE TO MEET YOU! i`ll never forget your name (Patrícia Baltazar) / PATRÍCIA BALTAZAR (1977-2019) * Gostava muito desta rapariga





Sempre que estamos
Completamos o mundo.
E ambos sabemos
que a matemática
é sempre alheia a esta amizade.
Haverá porventura gente invejosa
com olhos de não ver
aquilo que verdadeiramente
é Gostar.
Eu não lamento nunca
as ausências que não me respeitam.
Tenho em mim
veias diferentes
que definem possibilidades
por eles nunca adquiridas.
Somos assim
aquela estrela incendiada
que em nada os poderá abraçar.
Porque eles
escorrem desculpas tardias
tão inúteis que não cabem sequer
numa bolsa de rapé.
Tenho-te em mim
no lugar mais sagrado
onde continuo a guardar
pétalas de um sol
que só os meus amigos podem tocar.
Born to be wild.
Custa tanto!
Mas diz-me
haverá outro modo?
Kisses
(de um amigo inevitável).
PLEASE TO MEET YOU!




,2016,04.17,no barco do Barreiro
aNTÓNIODEmIRANDA



domingo, 7 de julho de 2024

Um dos meus poemas preferidos, e um livro que não me canso de pegar. Liberté - Paul Eluard * HOJE E SEMPRE!

Sur mes cahiers d’écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J’écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J’écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J’écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l’écho de mon enfance
J’écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J’écris ton nom
Sur tous mes chiffons d’azur
Sur l’étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J’écris ton nom
Sur les champs sur l’horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J’écris ton nom
Sur chaque bouffée d’aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J’écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l’orage
Sur la pluie épaisse et fade
J’écris ton nom
Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J’écris ton nom
Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J’écris ton nom
Sur la lampe qui s’allume
Sur la lampe qui s’éteint
Sur mes maisons réunies
J’écris ton nom
Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J’écris ton nom
Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J’écris ton nom
Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J’écris ton nom
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J’écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J’écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J’écris ton nom
Sur l’absence sans désir
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J’écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l’espoir sans souvenir
J’écris ton nom
Et par le pouvoir d’un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

FRITAR A VOSSA IMBECILIDADE

 


Não sei se o nojo chega ou será suficiente 
o afinar da corda da garganta para encantar 
o piar de algum nó enrouquecido.
Sinto-me como um touro enraivecido 
traído covardemente por um qualquer 
peão de brega estupidamente entusiasmado 
pelos berros da multidão tresmalhada 
atirando ramos de flores e chapéus ocos.
As voltas à arena salteadas com música 
do mais desafinado respeito nunca serão 
dignas de qualquer sangue.
Só poderá ter valor a liberdade 
que não condena vontades diferentes.
Estou a aprender 
e com toda a pressa 
a fritar a vossa imbecilidade







2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
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GROGUE

 


Nunca estive em Acapulco.
Se calhar, joguei golfe em Las Vergas
com o Silva dos plásticos.
Não colhi férias temporárias em Bali
nem dancei rumbas nem salsas 
lá para os lados de Varadero.
Também não meti o cu 
numa qualquer espreguiçadeira de Cancun.
Também nunca vi fornicar em Punta Cana.
Mas, orgulhosamente estive presente 
numa festa no bairro de Santa Filomena, 
na Amadora.
Tenho  na alma o sabor daquela cachupa.
E reguei com o melhor Grogue
o Funáná mais bonito do mundo.






,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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FALTA DE MEMÓRIA...

 


OUTROS LUGARES & MAIS NENHUM

 


Outros lugares & mais nenhum
fazem o longe das palavras
que roubaram as lágrimas 
do arco-íris.
E no sítio 
onde se escondem as sombras,
há um ladrão descarado
sempre à espreita da tal cor
farta de ser pintada.
Há um sangue que corre
num corpo ausente
e um sabor subtil
que enche amargos de boca.
Há uma bandeira curiosa
defraudada nas ranhuras do desgosto
e um choro contínuo
que inunda
os outros lugares & mais nenhum.
Há um sorriso
paralelo ao desespero
e uma malvada pressa de chegar
a nenhum dos outros lugares.
E há um poema
morrendo de velhice prematura
e um poeta desesperado
a confortar todas as mágoas.
      Ali,
             nos outros lugares & mais nenhum.


2017,jul_aNTÓNIODEmIRANDA 
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TENHO DITO...