Pesquisar neste blogue
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
volta d' mar está em Biblioteca Da Nazaré.
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
ALTIFALANTE
Atenção senhores
passageiros:
a desolação procedente da realidade, efectua paragens em todos os destinos.
,2020Out_aNTÓNIODEmIRANDA
Diane Di Prima
MEMÓRIAS DE UMA BEATNIK
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro
E com a televisão apagada.
Não me lembro!
Será que foi mentira?
Queimámos artifícios de poemas,
e com a ajuda das barbas do Allen,
escalámos uma parede do Chelsea Hotel.
Lá para os lados de Brooklyn,
Timothy Leary procurava fósforos ungidos,
para aquecer a neve que lhe fugia dos pés.
Em Central Park,
esquilos simpáticos ofereciam rugas do velho jazz,
embrulhadas em papel de amendoim.
O sol acordou tarde naquele dia.
Tinha estado numa jam com Charlie Parker.
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro.
Há invenções
que me permitem
o sonho.
,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 25 de outubro de 2020
AMANHÃ,SE FOR SEXTA-FEIRA
mOLDES _sOMBRAS
lATIDOS a fUGIR
sOU uM cÃO pENDURADO.
O mARTELO dO bATE-cHAPAS
aNUNCIA o úLTIMO pLESBICITO
cREDÍVEL.
fALA cOM aS nUVENS nO cENÁRIO dOS oPOSTOS.
aMANHÃ,
sE fOR sEXTA-fEIRA,
uM pOETA cOMO dEVE sER,
eSPERARÁ oUTRO dIA.
&
oS pOETAS sABEM
qUE eSTAS hORAS,
dORMEM sEMPRE
aTÉ mAIS tARDE.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
O ANJO AZUL
Não sei que dias têm estas horas.
Há muito que detesto a imposição do tempo.
No orvalho que vivo, aqueço sempre que posso
a fugaz presença do pretenso lamento.
Agradeço amiúde a possibilidade
de continuar a ser eu,
malgrado todas as ausências
do mais sentido de mim.
Corro com o momento
no passo por nós permitido.
Às vezes sem sentido.
Quase sempre desafinado.
São só músicas minhas a mania deste meu fado. Não procuro nada de novo.
Tenho de conhecer aquilo que ignorei.
Gosto da solidão amigável.
Houve momentos em que estive na minha cabeça
e logo pensei que não envelheceria.
Abafava os egos com quezílias de canela
e limpava a memória com esfregões impregnados do mais audaz after shave.
O creme de barbear cansado de tanto esperar,
não falhava um único conciso golpe,
roído de ciúmes pela importância de uma lâmina desconhecida.
Era sempre pela manhã que partia perene
para a viagem habitual.
O anjo azul fumegava na velha tv.
Lampiões com asas pregadas no chão
agarrando películas do metro
antes da meia-noite.
Era no tempo em que fingia telefonar,
visitando as cabines envidraçadas
só para afugentar o frio.
,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 13 de outubro de 2020
sábado, 10 de outubro de 2020
REQUIEM POR TODOS OS POETAS DESCALÇOS
Nada
Para além
De um bolso
Repleto de sonhos
Uma prática
Quotidiana
Abusivamente
Condicionada
A um certo
Ritmo de consumo
De posições
Motivadas
Pelo próprio sistema
Ou
Uma traição consciente
Mas sempre
Traição a mim mesmo.
Não !
Não quero ser
Dos que ficaram pelo caminho.
O poema ...
O poema é a pena
De eu não ter pena
De escrever o poema.
Mas ...
Não te chateies :
Eu
Sou
O único poeta
Que
Pode mijar
Na tua algibeira.
, aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
Ó GLÓRIA, QUE SONHOS ME PROMETESTE?
Deixaste a saudade nos meus ombros, quando pensei que irias aquecer as ausências que me ofereces.
O amor não terá que ser um caminho sujo, nem o desejo um sentimento mudo.
Plantamos a árvore das mágoas.
Resta-nos esperar nas curvas do vento as palavras que julgamos, não nos enganariam, e colher martírios no nevoeiro malicioso.
Rastejamos na morte lenta, as bebedeiras que taparam os caminhos.
Quando dizem que não te amei, talvez seja uma mentira maior do que a minha certeza.
As coisas boas da vida, rapidamente não querem nada com ela.
As nossas intenções nunca serão tocadas nas noites do boogie-woogie.
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 6 de outubro de 2020
sábado, 3 de outubro de 2020
A BATOTA JÁ NÃO FUNCIONA
Entrega-me o tempo o álbum dos sorrisos esquecidos,
a alegria efémera do prazer engarrafado.
Para onde fugiste música triste,
cansada da espera dos tempos alegres?
Sinto saudades dos abraços enleados
nas promessas que juravam
nunca iriam separar-nos.
Tudo foi embalado na alcofa dos sonhos feridos.
Eis-me aqui,
enrolado num velho blues.
Amacio o choro desta noite,
sem um sopro qualquer para me enlouquecer.
A batota já não funciona,
mesmo que os dedos finjam beijar a guitarra.
Cada vez para mais longe,
corre o tempo…
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
AMPULHETA
Vou aquecendo a vida em morte
branda.
Cintilam no vento orelhas de alumínio
escondendo segredos enferrujados.
O tempo brinca à batota
com as horas desavindas,
enquanto a esperança frita malabarismos
na feira da infâmia.
No cabide das calúnias,
penduro todos os pedaços da tristeza,
e aperto nas mãos,
um nada sempre inquieto, que encharca o chão
com rastos de hálito de taninos de fígado
transplantado.
Já não me resta tempo para a paciência.
2018Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
No 5 de Outubro