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domingo, 27 de setembro de 2020
Cançó del Matí Encalmat - Salvador Espriu
El sol ha anat daurant
el llarg somni de l'aigua.
Aquests ulls tan cansats
del qui arriba a la calma
han mirat, han comprès,
oblidaven.
Lluny, enllà de la mar,
se'n va la meva barca.
De terra endins, un cant
amb l'aire l'acompanya:
"Et perdràs pel camí
que no té mai tornada".
Sota la llum clement
del mati, a la casa
dels morts del meu vell nom,
dic avui: "Sóc encara".
M'adormiré demà
sense por ni recança.
I besarà l'or nou
la serenor del marbre.
Solitari, en la pau
del jardí dels cinc arbres,
he collit ja el meu temps,
la rara rosa blanca.
Cridat, ara entraré
en les fosques estances.
A ABSURDA ESPERANÇA DO TEU REGRESSO
Já não nos vemos.
Resta-me um álbum de fotografias para falar contigo. Já não tenho companhia para a cabeça de garoupa, nem o olhar cúmplice para construir com sorrisos aquele puzzle de espinhas.
Tenho saudades das nossas gargalhadas, das mãos besuntadas, e dos copos do tinto bebido com amizade especial.
Não gosto das traições que a vida vai pendurando no meu capote.
A sombra da nossa árvore, despeja-me lágrimas que não conseguem adoçar este pudim com molho de dor.
Onde estás?
Eu não sei como procurar.
Engano-me neste caminho sem encontro possível.
Só quero adormecer nas esquinas que não prometem a tua presença.
Estou farto dos fantasmas que ilustram os meus desejos, das angústias que nunca resolverei.
Mas, o certo, é que não me apetece tocar as nossas músicas.
Estou cansado de mim.
Dos elogios para a tua ausência.
Vou desligar esta mania, que pensa falar connosco.
Não quero mais carimbar
a absurda esperança do teu regresso.
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
FRATERNIDADE
Os que nada têm
nunca poderão ajudar aqueles
a quem tudo falta.
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 22 de setembro de 2020
HIPÓTESE SEMPRE VIÁVEL
Não sei o que me espera.
Não posso medir essa hipótese.
Gelo-me em quartos de hotéis com o bafo de um reles ar condicionado que não sei respirar.
Volto a calçar as botas mais limpas que estes lençóis amarfanhados com sonhos que não são meus.
Lavo as mãos com demasiado cuidado para não sujar a mágoa.
Finjo que estou cansado na vã esperança que o sono amolgado de tanto esperar, apareça com um blues qualquer que me aconchegue os ouvidos. Não sei ver esta televisão onde parece que o filme fugiu.
Tento imaginar um postigo projectando na parede a mais audaz das cortinas.
É sempre difícil o primeiro cheiro da cidade onde nada nos pertence e nem um sorriso simpático podemos olhar na palma da mão.
No chuveiro saem lágrimas que não me molham e esta misturadora mais parece um coador de ternuras constrangidas.
Dou corda ao coração para que um aperto de mão aconteça.
Leio poemas que tenho na cabeça e invento títulos que não consigo decorar.
Adormeço ao som de cigarros cansados
e tropeço em direcção a nenhures.
Espero o que não sei.
É uma hipótese sempre viável.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 20 de setembro de 2020
NO ORVALHO NÃO MENTIROSO
Dizes que as noites não te acontecem.
Tens um adormecer sempre adiado,
marinado num mar de espinhos que te afogam.
Nada soubeste dos destinos do amor,
dos vestidos de cetim que nunca tocaram a tua pele.
Linda é a beleza que o sol cobiça.
Invejo o enlear do teu desejo,
que nunca chegará aos meus braços.
Tens nos olhos a oferta da música triste,
tocada pelas estrelas solitárias.
Não consigo convidar o teu sorriso para
a noite especial.
Ainda não sei se nos gostamos.
Continuo à espera do verbo que nos poderá salvar.
Mas, vem!
No orvalho não mentiroso,
tenho um caminho amado pelas flores mais lindas,
que só tu, poderás pisar.
Vem,
abraçar a pressa de quem já não tem,
todo o tempo do mundo.
2019set_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 19 de setembro de 2020
A ÚLTIMA CORAGEM
Já perdi tudo
…
disse - me
a
última
coragem
poemanaalgibeira.blogspot.com
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
terça-feira, 15 de setembro de 2020
sábado, 12 de setembro de 2020
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
terça-feira, 8 de setembro de 2020
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
terça-feira, 1 de setembro de 2020
A BELA SONOLENTA
A bela sonolenta, deitada na cama,
ouvindo a lenga-lenda da ama,
espera a fingir de acordada,
a chegada do cavaleiro da Kawasaki 1100,
produzida no Camboja,
onde nunca lhe contaram,
que ali caíram bombas.
Vestiu a combinação de lingerie adequada,
para a noite da desfloração,
e muda reza a Buda,
pedindo para que o príncipe encomendado,
não se esqueça do Black & Decker, made in Japan.
Lembra-se vagamente do Enola Gay.
Que raio de coisa haviam de mentir.
São rosas!
Escreveu-lhe uma rainha de um distante país.
Mas de cada vez que olhava pela janela
só via os espinhos
que mancharam a humanidade.
Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA