Pesquisar neste blogue
terça-feira, 30 de junho de 2020
sábado, 27 de junho de 2020
UM NOME SEM - MEMÓRIA
Sou a tua sombra - Diz a velha mania
Tento mais uma vez - Quebrar a mentira do - Espelho
Não compreendo - Reclama o sorriso com lábios de - Sangue
Deixa-me ser o Alpendre - Uma vontade lacrada na flor que
Secaste - Qual brisa na manhã nunca
Acontecida - Ou uma chuva que me traga o cheiro da tua - Maçã
Um traço riscado na janela - Mesmo com um nome sem - Memória
Se não acordar
É porque o sonho não
Aconteceu
,2020Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 26 de junho de 2020
quarta-feira, 24 de junho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
sábado, 20 de junho de 2020
sexta-feira, 19 de junho de 2020
quarta-feira, 17 de junho de 2020
CAMARIM
Agora
Que as luzes se apagaram
Não vale a pena fingir
O actor que nunca quis ser
São poucas as vezes que quero
São muitas aquelas que não queria ter
Erros meus
Sem fortuna
Hipótese menstruada
Morte anunciada
Não passa de um verbo
O não ter querido querer
Não tenho em mim
Aquilo que desejei acontecer.
Não ligo bem com o passado.
Detesto a sorte que sempre me mente.
Nunca poderia ter sido diferente
Mesmo com a alma encharcada de ausências
Que doem para sempre.
,2015aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 16 de junho de 2020
CASULO
Qualquer dia deixarei de gostar de ti, confessou a estrela que não abençoei.
Porque pensas que me salvaste?
Não sei porque me tiraram o coração.
Tenho gritos silenciosos nas veias do tempo, que me trará o morrer. Sinto o frio da pele que fugiu. Tambores estranhos, lutam pelo lugar que já não me pertence. Escrevo no livro das páginas tristes a história da traição. Que dia foi hoje, pergunta o relógio pendurado na recordação de má memória. Rola no chão, uma gota triste, olhando-me como se fosse eu o único culpado. Solto a gargalhada, na janela da noite dos ratos temerosos, e acendo a lanterna para a solidão dos melros, na apanha de minhocas douradas. Ensebo a sorte na sombra desta varanda, farta da avareza da minha audácia. Lembro-me de mim, da maneira possível. Espero o caminho que não conheço. Ando numa poesia à deriva, molho com lágrimas de fatalidade esta folha, que lamenta o que nela escrevi. Algo me diz para ter calma. Escondi um desejo gelado no forno. És bom para nada, risca a consciência que empenhei na misericórdia dos dias. Talvez seja o tempo de voltar, convida-me o recenseamento da normalização. Não abandonarei nunca este casulo. Tenho o aluguer em dia, médica de família, um seguro qualquer a morrer de velhice, e, ainda algumas fantasias em perfeito estado de utilização.
,2020abr_aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 15 de junho de 2020
EU QUE ERA BONITO
Se algo de mim se vendesse,
mesmo que não me apetecesse,
eu que era tão bonito
e já me não quero,
comprava o que de mim vai faltando,
eu que era tão bonito
e já me não quero.
Se algo de mim acontecesse,
talvez alguma luz se acendesse,
eu que era bonito
e agora desespero,
comprava não com dinheiro
o que de mim ficou a meio.
Eu que pensei bonito
estar perdido neste ser aflito,
se algo de mim ficasse,
nesta alma de trespasse
fintada pela minha sombra,
talvez depois ousasse
voltar ao que de mim restasse,
e depois só beijar o adeus
de todos os caminhos
escritos pelo tempo que passasse.
Eu que era tão bonito
e já me não quero.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 14 de junho de 2020
RECUSO SIGNIFICAR A VIDA NUMA REDACÇÃO DE FRACASSOS
Dá-me 5 minutos.
Tal coisa nunca me pede a vida.
Conheço a discrepância dos nossos relógios,
relembro algumas afinidades que nos cosem,
as peles que juntamos no tempero deste desembolso,
os falhanços escondidos, as derrotas da esperança.
Não sei onde param os pássaros vermelhos,
onde naufragou a ousadia que alegremente
pintávamos nas grades da cidade grande.
Nada libertamos,
senão a comodidade da mesquinha revolta.
Não quero tempo para dourar a pílula das angústias.
Dá-me sangue para escrever,
palavras inúteis no chão que imaginei sagrado.
Fujo das ruas de gente sonâmbula,
tropeçando de copo na mão,
à procura da sarjeta mais próxima.
Perguntam se tenho saudades.
Detesto essa hipótese.
,2020mai_aNTÓNIODEmIRANDA
O MAIOR ELOGIO
Não estar à altura das estúpidas expectativas
de um qualquer idiota,será sempre o maior elogio
que me podem oferecer.
2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 13 de junho de 2020
sexta-feira, 12 de junho de 2020
QUANDO O SOL ACORDA O MEU DESEJO
Algumas vezes
Gosto de ti
Muitas mais
O desgosto tem sabor a sangue
Desejaria amar-te
Na paixão mais louca
Mas não sei como fazer
Como pensas que me sinto
Quando o sol acorda o meu desejo
E
Tu
Nunca
Estás
Ao
Meu
Lado
?
,2020mai_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 10 de junho de 2020
VÁ JOHN, SALTA AGORA
Vá John, salta agora.
Eles só querem acabar contigo. Já têm um número reservado. Escreverão na autópsia que eras um gajo chanfrado que sempre estiveste em mau estado. Para ti estiveram sempre esgotadas as vagas do albergue. Nem sequer descontavas um cêntimo que fosse para a normalidade social. Vá John, salta agora. Não tens que hesitar. Ninguém vai reparar. Despacha-te John, não alongues o directo, não desiludas a notícia. Confiámos na tua perícia, mas sabes bem que é só desta vez. Está tudo a espreitar. Salta John. Fá-lo com destreza, não estragues a surpresa desta gente que te empurra. Lá em baixo nunca será pior do que a miséria que te gastou o tempo. Dizem os que nunca voltaram. Atira-te agora. Está na hora. Nunca nos doeu a insignificância do teu arrastar. Atira-te John. Nós que juntamos os teus erros, e as lágrimas corridas em segredos de sangue com farpas oferecidas para que o teu choro não incomodasse o nosso bem estar. Vá lá John. Encharcamos-te as veias, temperamos a tua cabeça com um caldo para te acalmar. Não te queixes da fortuna. Nós oferecemos-te uma sorte mentida, mas tu só querias uma nuvem que nos molhava. E apontavas na ponta do desespero uma triste canção. E nós só pretendíamos desperdiçar o teu tempo e nunca te deitaste na cama que oferecíamos à tua atrevida diferença. Que coisa estranha, John. Adiares a morte foi uma traição. Pensas que não nos custou cantar a mentirosa balada para adormecer os nossos filhos? Não foste agradecido. Nós, os que cuidamos do envenenamento dos teus sonhos.
Salta John.
Lembra-te da pomada do charlatão.
Nunca perguntaram o que sentias quando abafavas a tempestade asilada na tua cabeça. E aquele santo de barro que bebia o vinho das noites frias, rezava-te orações sempre mentirosas.
Embrulhava em massa folhada os recados que escrevias nos sacos de plástico que te forravam a pele. Disseste que a nossa heroína te enganou. Será verdade? Nós só tentámos trair-te sempre que possível. E se bem me lembro, prometemos um velório auspicioso, musicado por um orgão Hammond enfeitado com papoilas perfumadas do mais genuíno ópio. Só para te lembrares que celebraremos condignamente a tua ausência. Vá salta. Salta John. Ninguém está á tua espera. Como pensas que nos sentimos neste filme parado? É certo que não és tido nem achado e a tua solidão é agora falada numa língua dobrada que ninguém entende. Canções metidas na colher, carne branca acendida numa luz insidiosa. Foi assim que te fizeram passar os dias quando pensavas ser o dono das tuas decisões. Não te incomodava a espuma no canto da boca nem os olhares que mijavam em cima de ti. A vida é uma canção de rock`n´roll. Mas o resto, o que de ti importava, sempre passou ao lado. Mas a tua alma chorava. Ninguém respeitava o teu silêncio e riam do personagem que encenavas. Salta John. Agora que já sabes aonde ir. Agora que a tristeza infectada não obedece à direcção indicada pelo sinaleiro, agora que na encruzilhada todos se esquecem de ti, John o teu único sonho partiu para um céu sem o teu nome. Deixou para sempre tatuada uma pressa que não sabes parar. Adiantaste a corrida. Apertaste a correia errada. Não há estrelas que contem o teu segredo, um táxi qualquer que fale de ti, uma linha que lembre a maneira como não sabes o teu nome.
Salta John. Não largues a corda que te estendi.
Eu sei que pensavas ter um anjo sempre ao teu lado. Ninguém te informou que a misericórdia é uma anomalia que não funciona.
John, a compaixão é uma call girl que nem sempre está de serviço. Sempre te desonraram. A tua namorada chorava quando dizia que eras o homem da sua vida , dizia ser a rainha de um reino só teu. Sou a tua fada à deriva neste céu banhando este oásis de desejos apodrecidos.
Diz que me amas. Pediam as lágrimas espalhadas no colchão. John, tu dizias que não sabias a cor do sangue que enchia as ruas da tua dormida. As teias dos sonhos que te chicoteavam eram dores menores nos dias estragados. Que dor podias sentir? Gritos escondidos na ambulância e tu sem nada conhecer. O que fizeram de ti. Uma vaga ideia escondida numa salada de putas.
Vá, salta agora John. Leste o livro errado. És o único culpado. Rejeitaste este mundo viciado.
Salta agora John!
Não abales a nossa consideração.
2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA
A BELA SONOLENTA
A bela sonolenta, deitada na cama,
ouvindo a lenga-lenda da ama,
espera a fingir de acordada,
a chegada do cavaleiro da Kawasaki 1100,
produzida no Camboja,
onde nunca lhe contaram,
que ali caíram bombas.
Vestiu a combinação de lingerie adequada,
para a noite da desfloração,
e muda reza a Buda,
pedindo para que o príncipe encomendado,
não se esqueça do Black & Decker, made in Japan.
Lembra-se vagamente do Enola Gay.
Que raio de coisa haviam de mentir.
São rosas!
Escreveu-lhe uma rainha de um distante país.
Mas de cada vez que olhava pela janela
só via os espinhos
que mancharam a humanidade.
Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 8 de junho de 2020
domingo, 7 de junho de 2020
ASSIM COMO QUEM RETORNA AO CÉU
Na 7ª hora
No 7º dia
No 7º mês
a cigana da sina infalível, disse-me com os dedos cruzados, que a minha mentira, afinal seria possível.
Ofereci numa generosa moeda, o número do telefone do destino que ainda não encontrei.
Olhou-me como se não me visse, alargou as asas, queimou a saia comprida, e só depois se despediu. Assim como quem retorna ao céu.
Não sei onde estive sentado.
Perdi a vez.
Levantei-me, supostamente na direcção do abandono que me levaria a casa. Esperei as horas dignas no degrau daquela felicidade que tarda a chegar. Pássaros tristes voam desesperadamente, desenhando na gaiola a obscena liberdade. Neste jardim calcado por passos que possivelmente me pertenceram, olho indiferente para lágrimas que secam flores.
Dispo a memória. Aqueço o desejo. Ensaco-me no pijama do nojo, mas, já não consigo prometer-me, que desta vez será a sério. Apago o candeeiro enjoado do abat-jour que só quer dormir, e que nada se importa com a minha mais pequena significância. Fecho os olhos com a suposta alegria dos beijos sem tempo, e regresso ao futuro por mim sempre pintado.
Nada mais me importa…
,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 6 de junho de 2020
quinta-feira, 4 de junho de 2020
quarta-feira, 3 de junho de 2020
terça-feira, 2 de junho de 2020
segunda-feira, 1 de junho de 2020
Subscrever:
Mensagens (Atom)