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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quinta-feira, 30 de janeiro de 2020
PEQUENAS ANOMALIAS SEM REPARAÇÃO POSSÍVEL
Não gosto do futuro constrangido.
Renego o presente sofrido.
A actualização do comportamento não higienizado, é a única rotina diária que nunca desprezo.
Tenho folhas para a troca, no diário que nunca escreverei.
É verdade que tenho certos dias em tons de angústia. A culpa é do smoking que só pensa em infernizar-me o esqueleto.
Pensar 2 vezes também é falta de memória.
Somos todos iguais.
Não admito mentiras obsoletas.
Olha para o que digo e não para o que faço. Continuo a pensar que a estupidez não tem limites.
Publicidade.
Se sei o que quero
porque pretendem que não o saiba?
Penso sempre em grande.
A exiguidade não me satisfaz.
A inferioridade numérica bastas vezes não atrapalha.
Sigo sempre em frente.
Apenas admiro certas curvas.
Sim!
É preciso ter calma.
Para os cretinos afirmo:
não exagerem.
Poderei caber em qualquer lugar.
Excepto naquele que me escolheram.
Claro que me lembro
(desculpe, estamos a falar de quê?).
Quando canto na rua, ( o que frequentemente acontece), é para não entontecer os pássaros. Infelizmente ainda encontro imbecis que pensam que falo com eles.
Cumprimento sempre com um airoso bom dia. É um acto prazenteiro para encetar aquela conversa que nunca irá acontecer.
A cavalo dado há que providenciar uma égua desinibida.
Não jogo no euromilhões.
Mesmo assim, assumo uma visceral inveja, quando dizem que saiu a outro.
Sou pronto nas respostas?
A culpa é das perguntas estúpidas.
Se sou vários em mim?
Não me incomoda tanto assim.
Um dia de cada vez, graças a Deus.
E Deus, mostra assim a grandeza da sua perversidade.
Adoro o meu clube!
Infelizmente nunca direi o mesmo da grande maioria dos adeptos.
Você é músico! Vê-se logo!
Devolvo-lhe um autocolante onde está escrito:
tenho dias em que falo com eles.
Hoje é dia 13.
Ainda bem que o diz.
Estava com a tremenda dúvida se ontem foram 12. Ai esta cabeça! Tenho de lhe arranjar uma memória menos mentirosa.
Sabe, a vizinha do 4º esquerdo...
virei-me de costas, endireitei a voz, e perguntei:
como é que descobriu?
O mundo é mesmo pequeno, não acha?
Sim! De tão anão que ele é, só assim você poderia caber nele.
Sabe, contaram-me uma coisa que não sei se lhe diga. Esteja à vontade. Não estou minimamente interessado em ouvir.
Não falho a missa dos domingos. Aquele padre fala tão bem! Já experimentou ouvi-lo sem os fones espetados nas orelhas? Nunca! Isso abalaria drasticamente o interesse.
Frequentava diariamente o ginásio, naquela esperança de alguém comentar o fato de treino igual ao que o Schwarzenegger ostentava naquele filme. Voltava cabisbaixo tentando pronunciar correctamente "I'll be back".
Nunca faltava ao baile de sábado à noite.
Encostado ao balcão, copo na mão, exibia a habitual pose de matador. Muitas baratas sucumbiram! Regressava à tenda com o dever cumprido, e, vestia o pijama cor-de-rosa, só para ter sonhos a condizer.
Ainda espero um futuro diferente.
Enfim, coisas de um incorrigível optimista.
Dizem que ainda tenho 2 hipóteses.
Estarei unicamente atento à 3ª.
Supõem-me como distante.
Falsa questão!
Apenas não atraso a pressa do meu fugir.
,2020Jan_aNTÓNIODEmIRANDA
Renego o presente sofrido.
A actualização do comportamento não higienizado, é a única rotina diária que nunca desprezo.
Tenho folhas para a troca, no diário que nunca escreverei.
É verdade que tenho certos dias em tons de angústia. A culpa é do smoking que só pensa em infernizar-me o esqueleto.
Pensar 2 vezes também é falta de memória.
Somos todos iguais.
Não admito mentiras obsoletas.
Olha para o que digo e não para o que faço. Continuo a pensar que a estupidez não tem limites.
Publicidade.
Se sei o que quero
porque pretendem que não o saiba?
Penso sempre em grande.
A exiguidade não me satisfaz.
A inferioridade numérica bastas vezes não atrapalha.
Sigo sempre em frente.
Apenas admiro certas curvas.
Sim!
É preciso ter calma.
Para os cretinos afirmo:
não exagerem.
Poderei caber em qualquer lugar.
Excepto naquele que me escolheram.
Claro que me lembro
(desculpe, estamos a falar de quê?).
Quando canto na rua, ( o que frequentemente acontece), é para não entontecer os pássaros. Infelizmente ainda encontro imbecis que pensam que falo com eles.
Cumprimento sempre com um airoso bom dia. É um acto prazenteiro para encetar aquela conversa que nunca irá acontecer.
A cavalo dado há que providenciar uma égua desinibida.
Não jogo no euromilhões.
Mesmo assim, assumo uma visceral inveja, quando dizem que saiu a outro.
Sou pronto nas respostas?
A culpa é das perguntas estúpidas.
Se sou vários em mim?
Não me incomoda tanto assim.
Um dia de cada vez, graças a Deus.
E Deus, mostra assim a grandeza da sua perversidade.
Adoro o meu clube!
Infelizmente nunca direi o mesmo da grande maioria dos adeptos.
Você é músico! Vê-se logo!
Devolvo-lhe um autocolante onde está escrito:
tenho dias em que falo com eles.
Hoje é dia 13.
Ainda bem que o diz.
Estava com a tremenda dúvida se ontem foram 12. Ai esta cabeça! Tenho de lhe arranjar uma memória menos mentirosa.
Sabe, a vizinha do 4º esquerdo...
virei-me de costas, endireitei a voz, e perguntei:
como é que descobriu?
O mundo é mesmo pequeno, não acha?
Sim! De tão anão que ele é, só assim você poderia caber nele.
Sabe, contaram-me uma coisa que não sei se lhe diga. Esteja à vontade. Não estou minimamente interessado em ouvir.
Não falho a missa dos domingos. Aquele padre fala tão bem! Já experimentou ouvi-lo sem os fones espetados nas orelhas? Nunca! Isso abalaria drasticamente o interesse.
Frequentava diariamente o ginásio, naquela esperança de alguém comentar o fato de treino igual ao que o Schwarzenegger ostentava naquele filme. Voltava cabisbaixo tentando pronunciar correctamente "I'll be back".
Nunca faltava ao baile de sábado à noite.
Encostado ao balcão, copo na mão, exibia a habitual pose de matador. Muitas baratas sucumbiram! Regressava à tenda com o dever cumprido, e, vestia o pijama cor-de-rosa, só para ter sonhos a condizer.
Ainda espero um futuro diferente.
Enfim, coisas de um incorrigível optimista.
Dizem que ainda tenho 2 hipóteses.
Estarei unicamente atento à 3ª.
Supõem-me como distante.
Falsa questão!
Apenas não atraso a pressa do meu fugir.
,2020Jan_aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 26 de janeiro de 2020
Parabéns, Ana Gomes da Costa ! POEMA PARA A MINHA MULHER
Ensaiava no abrir das pregas da tua saia o voo do ícaro. Então deixava de pensar o medo que me assustava e voava voava... porque tinha o mais seguro dos páraquedas: o teu sorriso. Escorríamos o vinho nos nossos corpos e ambos sabíamos que o néctar que nos molha iria inundar os sonhos que iam acontecendo. Era a mais linda, aquela estrela da tarde que findava a sua luz, para que a lua pudesse assim apreciar a urgência da nossa paixão, aberta em lençóis com a fragrância do nosso amor. No gira discos um LP rodava, mesmo sabendo que só ouvíamos a primeira canção.
Felizes os que amam assim.
Prazer em conhecer-te!
aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
LABIRINTO
Labirinto Absinto O Que Sinto
Se Não Uso Cinto ?
Pinto - Minto ? Tinto ?
Reflexão ? Introspecção ? Inspecção.
A Sensação Da Ilusão De Sentir A Tua Mão
Dizer Não
Da Exaustão
Do Telefonema Do Esquema
Do Eczema Do Cinema
Da Azia Da Bacia Vazia
Que Não Fez Mas Que Fazia
Da Atenção Da Tensão
Do Tesão
Da Necessidade Da Solidão
Do Sorriso Compromisso Comprimido
Medido Calculado Catalogado
Etiquetado Menstruado Rotulado
Fabricado Enganado Enganador
Do Amor Sem Calor Congelado
Na Memória Não Mais Que Recordação
Da Derrota ?
Da Vitória ?
Do Erro Do Medo
Do Fantasma Do Plasma
Do Antidiálogo Do Antitudo
Porque Nada Terá De Ser Como É
Da Mudança Da Dança
Da Inconstância Da Importância
Do Porquê Do Crer Do Não Saber
E Continuar A Querer
Viver Para Morrer
Esperar Até Fartar
Não Se Sabe De Quê
Se Da Utilidade Da Insanidade
Da Impotência Mesmo Mental
Da Visita Necessária Ao Psiquiatra
Que Já Se Tornou Normal
Direi Mesmo Elementar
Embora Aborrecida Como Pagar Isto E Aquilo
Mais O Imposto A Aumentar
Da Mensalidade Do Trespasse Da Casa De Passe
Passe Por Favor Estou Com Pressa
O Porquê Não Interessa
Talvez Para Continuar A Ensaiar A Decorar
Esta Miséria Do Quotidiano
Este Quotidiano Miserável
Que Teimamos Chamar De Vida
Sabendo Dia Após Dia
Que Não Passa Duma Peça.
fev.84 aNTÓNIODEmIRANDA
Se Não Uso Cinto ?
Pinto - Minto ? Tinto ?
Reflexão ? Introspecção ? Inspecção.
A Sensação Da Ilusão De Sentir A Tua Mão
Dizer Não
Da Exaustão
Do Telefonema Do Esquema
Do Eczema Do Cinema
Da Azia Da Bacia Vazia
Que Não Fez Mas Que Fazia
Da Atenção Da Tensão
Do Tesão
Da Necessidade Da Solidão
Do Sorriso Compromisso Comprimido
Medido Calculado Catalogado
Etiquetado Menstruado Rotulado
Fabricado Enganado Enganador
Do Amor Sem Calor Congelado
Na Memória Não Mais Que Recordação
Da Derrota ?
Da Vitória ?
Do Erro Do Medo
Do Fantasma Do Plasma
Do Antidiálogo Do Antitudo
Porque Nada Terá De Ser Como É
Da Mudança Da Dança
Da Inconstância Da Importância
Do Porquê Do Crer Do Não Saber
E Continuar A Querer
Viver Para Morrer
Esperar Até Fartar
Não Se Sabe De Quê
Se Da Utilidade Da Insanidade
Da Impotência Mesmo Mental
Da Visita Necessária Ao Psiquiatra
Que Já Se Tornou Normal
Direi Mesmo Elementar
Embora Aborrecida Como Pagar Isto E Aquilo
Mais O Imposto A Aumentar
Da Mensalidade Do Trespasse Da Casa De Passe
Passe Por Favor Estou Com Pressa
O Porquê Não Interessa
Talvez Para Continuar A Ensaiar A Decorar
Esta Miséria Do Quotidiano
Este Quotidiano Miserável
Que Teimamos Chamar De Vida
Sabendo Dia Após Dia
Que Não Passa Duma Peça.
fev.84 aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
TENHO UM RIO QUE FALA COMIGO
Tenho um rio que fala comigo.
Por vezes oferece-me palavras desavindas,
e finge que me molha,
quando pensa que não estou atento.
Tenho a sorte desta amizade,
mesmo quando o invado com esta mania da poesia.
Tenho um rio que nunca chega atrasado
ao cais, onde sempre imagino a sua chegada.
Escreve nas folhas que lhe estendo,
com uma caligrafia cuidada,
nuvens de apreço total.
Por vezes, navego nele, nesta velha barca
feita com a minha pele, para não o magoar.
Então desenhamos rodopios de ternura,
bebidos no perfume da reserva especial.
Decantamos abraços
Como é devido
A tanta consideração.
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
Por vezes oferece-me palavras desavindas,
e finge que me molha,
quando pensa que não estou atento.
Tenho a sorte desta amizade,
mesmo quando o invado com esta mania da poesia.
Tenho um rio que nunca chega atrasado
ao cais, onde sempre imagino a sua chegada.
Escreve nas folhas que lhe estendo,
com uma caligrafia cuidada,
nuvens de apreço total.
Por vezes, navego nele, nesta velha barca
feita com a minha pele, para não o magoar.
Então desenhamos rodopios de ternura,
bebidos no perfume da reserva especial.
Decantamos abraços
Como é devido
A tanta consideração.
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
JOÃO ROIZ DE CASTELO BRANCO _ CANTIGA, PARTINDO-SE
Senhora, partem tão tristes
Meus olhos, meu bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém,
Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora de esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.
in «Antologia do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende»,
org. de Maria Ema Tarracha Ferreira, Ulisseia, Lisboa, 1994.
João Roiz de Castelo Branco (séc. XV) foi um Poeta português palaciano. Conservam-se algumas composições suas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Fez parte da corte do rei D. Afonso V, tendo ocupado o cargo de contador, na Guarda. Celebrizou-se pela cantiga «Partindo-se» ou «Senhora, partem tão tristes», de carácter amoroso, e por uma glosa das Coplas de Mingo Revulgo, «Adonde tienes las mientes». A sua produção estendeu-se também a outros temas, como a presença portuguesa no norte de África ou questões morais relacionadas com o desprezo pela vida na corte, mais tarde retomado por Sá de Miranda. É notável a perfeição formal e a riqueza estilística de que deu provas noutros poemas também reunidos no Cancioneiro Geral, entre eles, «Mafoma, primo, senhor», «O gosto que me falece» e «Porque sempre em vos servir».
Meus olhos, meu bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém,
Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora de esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.
in «Antologia do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende»,
org. de Maria Ema Tarracha Ferreira, Ulisseia, Lisboa, 1994.
João Roiz de Castelo Branco (séc. XV) foi um Poeta português palaciano. Conservam-se algumas composições suas no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. Fez parte da corte do rei D. Afonso V, tendo ocupado o cargo de contador, na Guarda. Celebrizou-se pela cantiga «Partindo-se» ou «Senhora, partem tão tristes», de carácter amoroso, e por uma glosa das Coplas de Mingo Revulgo, «Adonde tienes las mientes». A sua produção estendeu-se também a outros temas, como a presença portuguesa no norte de África ou questões morais relacionadas com o desprezo pela vida na corte, mais tarde retomado por Sá de Miranda. É notável a perfeição formal e a riqueza estilística de que deu provas noutros poemas também reunidos no Cancioneiro Geral, entre eles, «Mafoma, primo, senhor», «O gosto que me falece» e «Porque sempre em vos servir».
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
sábado, 18 de janeiro de 2020
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
EU QUE ERA BONITO
Se algo de mim se vendesse,
mesmo que não me apetecesse,
eu que era tão bonito
e já me não quero,
comprava o que de mim vai faltando,
eu que era tão bonito
e já me não quero.
Se algo de mim acontecesse,
talvez alguma luz se acendesse,
eu que era bonito
e agora desespero,
comprava não com dinheiro
o que de mim ficou a meio.
Eu que pensei bonito
estar perdido neste ser aflito,
se algo de mim ficasse,
nesta alma de trespasse
fintada pela minha sombra,
talvez depois ousasse
voltar ao que de mim restasse,
e depois só beijar o adeus
de todos os caminhos
escritos pelo tempo que passasse.
Eu que era tão bonito
e já me não quero.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
mesmo que não me apetecesse,
eu que era tão bonito
e já me não quero,
comprava o que de mim vai faltando,
eu que era tão bonito
e já me não quero.
Se algo de mim acontecesse,
talvez alguma luz se acendesse,
eu que era bonito
e agora desespero,
comprava não com dinheiro
o que de mim ficou a meio.
Eu que pensei bonito
estar perdido neste ser aflito,
se algo de mim ficasse,
nesta alma de trespasse
fintada pela minha sombra,
talvez depois ousasse
voltar ao que de mim restasse,
e depois só beijar o adeus
de todos os caminhos
escritos pelo tempo que passasse.
Eu que era tão bonito
e já me não quero.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
NOTÍCIAS QUEIMADAS
Tenho vivido com a vida em chamas,
sentido na pele o cheiro da ausência
que assassina as asas da esperança.
Nada me abraça,
para além desta chuva que
chicoteia as costas erradas.
Rastejo embrulhado na devassa habitual,
que recusa ajoelhar
no labirinto das manhãs submissas.
Salto qualquer muro,
mas, não consigo fugir
da indignidade.
Estou só,
neste desagrado
com o eu que não me quer
conhecer.
Queimadas
estão todas
as notícias.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sentido na pele o cheiro da ausência
que assassina as asas da esperança.
Nada me abraça,
para além desta chuva que
chicoteia as costas erradas.
Rastejo embrulhado na devassa habitual,
que recusa ajoelhar
no labirinto das manhãs submissas.
Salto qualquer muro,
mas, não consigo fugir
da indignidade.
Estou só,
neste desagrado
com o eu que não me quer
conhecer.
Queimadas
estão todas
as notícias.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 12 de janeiro de 2020
sábado, 11 de janeiro de 2020
CORAÇÃO MALTRAPILHO
Memórias que perco com o gastar do tempo, lágrimas que fogem na pressa violenta, escondidas na sarapilheira que conforta
a secagem dos anos.
Na cama que me inquieta, tento arrumar sorrisos, calafetar abraços, e no logro habitual, passo na pele um bálsamo supostamente milagreiro para acalmar a nostalgia.
Escrevo na timidez das palavras, aquilo que me apetece fazer. Gravo no chão prenhe de sombras, um olhar sem validade, que sacode um adeus sacana, sempre pronto a iludir-me. Paro na nuvem aflita, com o respirar que lhe ofereço. Não sei tanto assim do desespero, das virtudes que ele possa prestar. Nada conheço das tendências da felicidade, dos sonhos com ida e volta, do jejum magnânimo que só me enjoa.
Coração maltrapilho, infiel amigo das imprecações que costumo rezar:
NÃO CHORES POR MIM.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
DESAPARIÇÃO
Estás
E
Desapareces
Como se o tempo
Não
Quisesse
Que
Existisses
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
E
Desapareces
Como se o tempo
Não
Quisesse
Que
Existisses
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
NA ALCOFA DOS PRAZERES ADIADOS
Perdoa-me o buquê que não recebeste.
Sou um bem-intencionado mentiroso,
que demasiadas vezes abandona a vontade.
Mas, sabes,
estou cada vez mais cansado deste tentar
sem visitas, do desespero revolto
em mantas de solidão.
Talvez seja do tempo que me aleija,
Um amputado sem jeito para coisa alguma.
Não era isto o que queria escrever.
Mas, esta falta de habilidade,
torna-se cada vez mais corriqueira.
Perdoa-me!
Eu,
na alcofa dos prazeres adiados,
preciso disso.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
Sou um bem-intencionado mentiroso,
que demasiadas vezes abandona a vontade.
Mas, sabes,
estou cada vez mais cansado deste tentar
sem visitas, do desespero revolto
em mantas de solidão.
Talvez seja do tempo que me aleija,
Um amputado sem jeito para coisa alguma.
Não era isto o que queria escrever.
Mas, esta falta de habilidade,
torna-se cada vez mais corriqueira.
Perdoa-me!
Eu,
na alcofa dos prazeres adiados,
preciso disso.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
SANTA IGNORÂNCIA
Ergui as mãos
na direcção errada.
Logo pensou,
que estava a implorar
alguma coisa.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
na direcção errada.
Logo pensou,
que estava a implorar
alguma coisa.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
A MELHOR COISA
De manhã me deito
À noite me levanto
Não me lembro do resto
Melhor coisa
Não poderia ter feito
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
À noite me levanto
Não me lembro do resto
Melhor coisa
Não poderia ter feito
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
DESOBEDIÊNCIA OBRIGATÓRIA
De nada valem as palavras do voo sofrido,
os sorrisos que fogem do trapézio,
o pôr-do-sol num tapete voador,
as boas intenções sem destino definido,
sempre prontas para amachucar
o prazer que tão bem nos fica.
Continuar a caminhar com passos desconfiados,
para esta fronteira que nos quer amassar.
Remar contra a maré,
será sempre uma dor colada nas costas.
Vem por aqui!
É a voz
da desobediência
obrigatória.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
CÃES VADIOS A NAMORAR
Era de noite.
Chovia, mas ela não ouvia.
O sofá rangia.
Virou-se de lado,
com todo o cuidado,
mas mesmo assim arfava,
e os ais não disfarçava.
O esposo inquieto,
pousou a mão na almofada
e ela não estava.
Levantou-se de repente
com o coração dormente,
e pôs-se a escutar.
Que gemidos estranhos.
Cães vadios a namorar.
Voltou para a cama.
Ela diz que me ama,
nada tenho para desconfiar.
Tomou o comprimido,
adormeceu com alegria,
enquanto ela gemia.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
Chovia, mas ela não ouvia.
O sofá rangia.
Virou-se de lado,
com todo o cuidado,
mas mesmo assim arfava,
e os ais não disfarçava.
O esposo inquieto,
pousou a mão na almofada
e ela não estava.
Levantou-se de repente
com o coração dormente,
e pôs-se a escutar.
Que gemidos estranhos.
Cães vadios a namorar.
Voltou para a cama.
Ela diz que me ama,
nada tenho para desconfiar.
Tomou o comprimido,
adormeceu com alegria,
enquanto ela gemia.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
EXTREMA-UNÇÃO PARA TODOS OS EGOS TRISTES
Nunca será excessiva a beleza reconfortante.
Degolar a trafulhice das ideias
é uma grande ajuda.
Angustiante é a fraude
que veste os destinos das
possibilidades.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
Degolar a trafulhice das ideias
é uma grande ajuda.
Angustiante é a fraude
que veste os destinos das
possibilidades.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 10 de janeiro de 2020
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
ALICE WALKER ( no blog do Miguel Martins)
Nunca dês o coração
a alguém que come corações
que acha a carne de coração
deliciosa
mas não rara
que chupa os sucos
gota a gota
e lambuzado de sangue
sorri
como um Deus.
Nunca dês o coração
a um amante de molho de coração.
Uma vez consumido
(temperado, estufado)
ensopará o teu sofrimento
em pão
e fá-lo-á viajar
de um lado para o outro
da sua boca
como uma pastilha.
Se te achares
apaixonada
por uma pessoa
que come corações
eis
o que deves fazer:
Congela o coração
imediatamente.
Fá-lo – da próxima vez
que examine o teu peito –
encontrar um coração frio
duro e nada apetitoso.
Abstém-te de beijá-lo
não vá ele por vingança.
alagar a chama
da tua alma.
Depois,
zarpa para África
onde feiticeiras.
te aguardam
no areal –
há muito praticam a arte
de substituir corações
por Deus
e Canções.
ALICE WALKER
a alguém que come corações
que acha a carne de coração
deliciosa
mas não rara
que chupa os sucos
gota a gota
e lambuzado de sangue
sorri
como um Deus.
Nunca dês o coração
a um amante de molho de coração.
Uma vez consumido
(temperado, estufado)
ensopará o teu sofrimento
em pão
e fá-lo-á viajar
de um lado para o outro
da sua boca
como uma pastilha.
Se te achares
apaixonada
por uma pessoa
que come corações
eis
o que deves fazer:
Congela o coração
imediatamente.
Fá-lo – da próxima vez
que examine o teu peito –
encontrar um coração frio
duro e nada apetitoso.
Abstém-te de beijá-lo
não vá ele por vingança.
alagar a chama
da tua alma.
Depois,
zarpa para África
onde feiticeiras.
te aguardam
no areal –
há muito praticam a arte
de substituir corações
por Deus
e Canções.
ALICE WALKER
(tradução: Miguel Martins)
13JANEIRO_2020
Poetas do Povo (#320) / 20 Traduções, 13 Janeiro, 22h. Com: Miguel Martins, Ana Água e música de Mário Rua (Percussões). Hosts: Alexandre Cortez e Nuno Miguel Guedes.
Allen Ginsberg, Bohumila Grögerová, Boris Vian, Carlos Edmundo de Ory, Eva Durán, Ezra Pound, Frank Marshall Davis, Gary Snyder, Jacques Prévert, Mario Benedetti, Marta de Arévalo, Paul Durcan, Paul Éluard, Philip Whalen, Robert Walser, Walter de la Mare: 16 poetas, 20 poemas, todos eles em traduções de Miguel Martins.
As leituras estarão a cargo do tradutor (um choninhas, em todas as acepções da palavra) e de Ana Água (actriz que trata Vanessa Redgrave por bambina e Jennifer Aniston por mestra). A seu lado, terão Mário Rua, percussionista que, em 2015, editou na excelsa Slam Records o CD Maresia, e que cozinha como ninguém pezinhos de coentrada e miolos com ovos, entre outras iguarias de fino recorte técnico.
Quem não aparecer é porque tem o quarto forrado com pósteres do Limahl.
domingo, 5 de janeiro de 2020
POEMA PARA O SENHOR EUSÉBIO
Mais longe que o voo
Maior que o sonho
Simples e envolvente como se fosse destino
Era o poema
Que alegrava o estádio
Era lindo esse caminho
Tantas almas gritando o seu nome
Cantando Rindo Chorando
Contigo
Nunca caminho sozinho
E a sinfonia acontecia
Quando a bola beijava a rede
E os deuses sorriam
Contemplando maravilhados
A obra suprema
O mais grande de todos os grandes
Manto sagrado
Regado com todas as lágrimas
Que beijam o teu emblema.
2014.01.29_aNTÓNIODEmIRANDA
Maior que o sonho
Simples e envolvente como se fosse destino
Era o poema
Que alegrava o estádio
Era lindo esse caminho
Tantas almas gritando o seu nome
Cantando Rindo Chorando
Contigo
Nunca caminho sozinho
E a sinfonia acontecia
Quando a bola beijava a rede
E os deuses sorriam
Contemplando maravilhados
A obra suprema
O mais grande de todos os grandes
Manto sagrado
Regado com todas as lágrimas
Que beijam o teu emblema.
2014.01.29_aNTÓNIODEmIRANDA
GIGI
Gigi
Foi a minha
Primeira namorada.
Vivia numa casa
Detrás da cadeia
Que tinha um letreiro :
GATINHA
MANSA:
VENDE-SE!
Ela
Ria-se
&
Vinha-se
Quando
Eu
Lhe dizia
Ao ouvido:
ARRANHAS
MELHOR
QUE
A
TUA
MÃE.
Jul,2,79,aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 4 de janeiro de 2020
ESPERANÇA POSSÍVEL
Apanho folhas
dos dias do tempo
caído,
que entregam tímidas lágrimas
de saudade.
Arquivo nas margens do
corpo,
vitrais de
angústia.
Nada é fácil
neste caminho,
triturado com pedras que
choram.
Andar por aí,
ao sabor de setas
enganadoras,
dói para além da esperança
possível.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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