,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
JÁ NÃO TENHO ESGOTO PARA TANTA MERDA
Assinalarei a minha presença
Com a ausência da disponibilidade
Para vos aturar
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
domingo, 27 de dezembro de 2020
sábado, 26 de dezembro de 2020
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
OFERTAS DE NATAL
Espera no varrer das folhas,
os conselhos da solidão aprazível.
Aqui,
no lugar que foge,
há memórias embrulhadas para ofertas de natal.
Fala-se agora uma estranha linguagem,
caiada numa indiferença
que nunca nos abandona.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
AGRADECIMENTO
Humildemente peço desculpa pela omissão de resposta, mas tenho estado num período de reflexão sobre o orgasmo da Virgem Maria.
E, acreditem, isso tem-me dado Whiskey pela barba.
,2020Dez25_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
A VIDA, DIZEM OS QUE MORRERAM…
Roubo-te o pijama,
Escondo os nomes do nosso acontecer,
Escrevo recordações absurdas
Ouço um trombone que tenta riscar no céu nomes estranhos, relâmpagos a iluminar um qualquer néon esquecido na nossa falta de comparência.
Resta a subtileza nesta forma de confundir.
A vida, dizem os que morreram,
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
domingo, 20 de dezembro de 2020
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
RESTA-ME UM SACO ROTO
que te desenhava.
O cheiro da tua lembrança,
perfumava o mais puro
do meu mentir.
Resta-me um saco roto,
abrigo de memórias
que ainda consigo arquivar.
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
AGUARDAR A VEZ NO LUGAR DO TEMPO
Não quero repetir o cansaço nem respirar
Mostrei-lhe no olhar
um desejo inequívoco de animar outras andanças.
Tenho na cabeça muitas portas do céu,
Portanto, desta vez tudo leva a crer
Pelo menos é o que o teclado escreve
Sou um clandestino a navegar
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
O USO DOS ANOS
Adoro os dias sem tempo.
Há quem diga
que é o modo mais eficaz
para mascarar
o uso
dos
anos
.
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domingo, 13 de dezembro de 2020
ABRAÇO ESTIMADO
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 12 de dezembro de 2020
A VÉNIA
Pus um sorriso nas veias
e quase toquei o céu.
Alguém invejou
a vénia
que o tempo
me entregou.
Eu,
Só tentei
Outro
Lugar
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
ENFERRUJAR HORAS
Que merda de dia,
dizem aqueles que gastam
o tempo a enferrujar
horas.
Passo ao lado dessa indignação.
Para esses,
é só mais um
para a colecção.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
O CAMINHO DA FELICIDADE
Que mais tarde
Ou menos cedo
Iria encontrar
O caminho da
Felicidade
Perante
Tamanha convicção
Ajoelhei
…
O que me valeu
Foi
O
REUMON Gel 50 mg/g
,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
SINTONIA IMPERFEITA
Procuro
Um
Eu
Diferente
Mas
Continuo
A
Não
Me
Lembrar
Onde
o
Escondi
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
domingo, 6 de dezembro de 2020
NÃO HÁ CÁ NINGUÉM A NÃO SER ESPANTALHOS
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sábado, 5 de dezembro de 2020
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
Abílio Augusto Gonçalves de Miranda 4 Dez_1927| 3 Nov. 1987 Gaveta 2678 Cemitério da Amadora. 93 anos…
Sentado na paragem do autocarro, relembro esse fim de tarde onde desoladamente percorri as ruas que me levariam pela última vez até si. Ruas estranhas, pisadas por mim, vezes sem conta. Tempo sem tempo, aquele que demorei a chegar. Estava cansado duma forma absorta, vazio de uma esperança que julguei, nunca me abandonaria. Invejoso de todos os sorrisos. Assassino de qualquer alegria. Acompanhava-me a mais vil das tristezas, embora soubesse que agora era para sempre. Saboreava todos os paladares da angústia. Sabia agora, a hipótese exacta da perda. São 19 horas e mais vinte e sete anos. Correu demasiado depressa o seu tempo. Longo, exaustivamente longo, foi o tempo que levou a sofrer. Nada era tão real á minha frente, como o cenário real da sua morte. O Tomás estava no quarto ao lado, ele que também esteve para morrer. E a mãe com passagens para a outra realidade. Mas havia um abutre! Um abutre abusivamente mascarado de palhaço, que não conseguia respeitar a sua partida, gozando porca e despudoradamente com a situação da minha mãe. Eu bem o avisei, que ele não valia nada. Tal como fiz dois dias antes, com uma das suas irmãs, que depois da sua morte, não haveria a mínima hipótese de qualquer relacionamento entre nós. Compreendemos os dois, que essa foi a última conversa.
VIVA LA MUERTE ! Irei abraça-la como um cavalo louco.
04 de Dezembro de 2014.
aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
SERVIÇO NACIONAL DA SAUDADE
enviam “sos” ao serviço nacional da saudade.
A linha de atendimento está contaminada.
Aconselha um recolhimento sigiloso.
Avisa que o importante é não alarmar.
Pode tornar-se contagioso.
Não panique!
Não se danifique!
Obedeça às instruções,
e, sobretudo não tente compreendê-las.
Cumpra os preceitos.
Cuidamos de si.
É para a sua morte
E o nosso bem-estar.
Dignifique o país!
Contamos consigo!
(+ uma vez
obrigado pela sua
submissão).
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domingo, 29 de novembro de 2020
Rory Gallagher - Shadow Play 1979 Live Video
ISTO AQUI NÃO É O PARAÍSO
Não te iludas!
Disse o céu
Quando a morte chegou.
Isto aqui
Não
É
O
Paraíso.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
DUELO PROMETIDO
Não podes contar estrelas.
Nada sabes dos meus desencontros,
Não entendes o desigual que me conforta,
Ignoras as mortes que escrevem nesta memória exausta de tanta fraqueza.
Nunca aceitarás o punhal que guardo para escrever o teu nome.
Tu e eu,
E isso,
continuará a ser o duelo prometido.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
CONFESSO QUE ROUBEI A MAGNUM DO ROBERT LONGO
Amo o rio, gosto das gaivotas que nele escrevem poemas. O mesmo gostaria de dizer deste tempo estranho, mascarado do amanhã duvidoso. As marés estão diferentes, sempre prontas para ludibriar a “volta d' mar”.
Vou por aí acariciando uma velhice não raivosa, ignoro o aviso do semáforo que alerta que faltam meia dúzia de segundos, mas educadamente não informa o que poderá acontecer. A cidade fugiu do mapa, escondeu as sombras auspiciosas, e elaborou um plano tão secreto que não tenho onde me esconder.
Não sou digno de tanta estima, mas está gravado nos editais que é somente uma enorme prova de consideração.
Eu gostava era da outra cidade!
Daquelas noites de bebedeiras no “Ritz Clube”, descer aquelas ruas, das conversas das amigas da “Avenida da Liberdade”, e mesmo do olhar invejoso dos curiosos.
Ah pois! Tudo mudou!
A calçada adaptou-se aos stiletto, os cheiros sopram aromas da futilidade, os relógios escondem as horas diferentes.
Tenho saudades.
É verdade que para nada valerá este desabafo. Continuo abusivamente cansado de exibir o passe da minha desavença social.
A sabujice espera no banco do jardim.
(Como de costume, recusei o convite).
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 24 de novembro de 2020
O ACONCHEGO DA NOITE MALDOSA
Nada mais do que o desespero
estava escrito naquela esperança.
Inchou a taça das agonias
com a vontade restante.
Caminhou para o céu
como se a estrada existisse.
Deitou-se na cama da poeira,
escutou o sino com os berros
dos últimos pássaros.
Embrulhou-se no cartão
para o aconchego da noite maldosa.
Não tenho lugar para ti,
disse mais uma vez,
o raiar do dia.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
domingo, 22 de novembro de 2020
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
A VIDA É UMA PUTA VAIDOSA
Não tenho muito a dizer.
O cansaço afasta as horas do tempo sincero.
Deito-me num sossego que não me pertence, desfloro o jornal com a patética ideia de conseguir a ementa para o jantar.
Retiro um livro da estante, mato uma cebola para a salada da minha disposição.
Está cada vez mais difícil respirar esta amálgama de .
Nada me apetece dizer.
Acendo o calendário usurário dos dias felizes, lavo as mãos na fogueira das desilusões, sempre que a vontade o permite.
A vida é uma puta vaidosa!
Felizmente não me apetece falar disso.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
TEMPOS MAL PASSADOS
O lustro dos anos oferece-me memórias camufladas, dedos que tocaram a morte, sinais que não cumpri, ajustes que não me sensibilizaram.
Parado nesta esquadra, não tenho qualquer interesse em cumprimentar o sinaleiro das normas socializáveis.
Aqueço certos momentos na lentidão da frigideira, enquanto o tempo o vai permitindo.
Olho-me com um desdém habituado à repulsa, que não consigo fingir.
No lado escuro da lua, leio o obituário que por enquanto não me diz respeito.
Aceito o findar dos dias, iluminado pela matreirice de uma vela benemérita, que dizem, purifica todas as urgências.
Há muito que vivo na pressa que reza nas horas vagas pela minha salvação. Continuo encostado na fila com fim completamente indefinido.
Contudo não confio na fiabilidade desta hipótese.
Tudo é possível no esgoto da
previsibilidade.
Orar por mim, será sempre um verbo com tempos mal passados.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
LEVEM-ME ATÉ À BELEZA MAIS PRÓXIMA
Satisfaçam a minha alma.
Deixem uma agonia perfeita, os sonhos que me roubaram, o nome com que me engano, só um dia bom embrulhado nos abraços verdadeiros, mesmo um momento que me faça esquecer de mim mesmo.
Um desassossego, para fingir que não escuto uma consciência apodrecida.
Um sopro que afaste esta tristeza sem luar para desaguar.
Leio nas veias um apelo que não conheço indicado pela sombra dos passos que perdi.
Estúpida memória que aperta os braços, fazendo de mim o mendigo dos afectos que há muito deixaram de me impressionar.
Percorro-me nesta corrente de lágrimas, agarrado ao laço da angústia, enquanto choro versos à deriva.
Ergo para o céu todas as iras, esfrego no peito cheiros de nojo, ajoelho e entrego com a nulidade da fé, a bênção dos dias felizes.
No conforto deste canto nada mais me apetece pensar.
E também não quero falar disso!
É sempre o mesmo pecado que teima em deitar-se comigo.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 17 de novembro de 2020
domingo, 15 de novembro de 2020
SEGUNDAS NÚPCIAS
Até que a sorte nos separe.
Diziam um para o outro,
Relegando a morte,
Para segundas núpcias
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 14 de novembro de 2020
2
Como poderei beijar o teu corpo
tão ateu como o meu?
Ai meu amor estamos tão perdidos
que não nos deixam morrer como deve ser.
Agora não sei como esperar outras luas
mesmo com significados traiçoeiros.
A verdade é que fomos dois números
com hipotenusas nem sempre mentirosas.
Beijo-te os seios
sempre como se fosse um desejo
que virá tardiamente depois da nossa aparição.
Esperaremos o dia
para que violetas agradecidas
embelezem os desesperos
escondidos em lençóis
que mancham o nosso encontro.
Tanto nos amamos
e ardemos numa febre
que queima a indiferença que nos difama.
,2016,03aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
terça-feira, 10 de novembro de 2020
A IMPORTÂNCIA DE SER “LOURA” Com uma vénia para “paula teixeira da cruz”
As louras têm mais graça, mesmo quando não compreendem a chalaça, e, riem desabrigadamente como se fosse meio dia, lá em Adis Abeba. As louras julgam que às vezes pensam e ninguém lhes tira esta presunção. Convém não exagerar na sua apreciação. Podem acreditar. Mesmo no seu normal estado de distração. Conduzem com o seu próprio código, convictas da sua inabalável beleza. Agarram o copo com delicadeza, nas outras coisas, às vezes com subtileza. E geralmente nunca têm uma pergunta inteligente na ponta da língua. É sabido que utilizam este órgão para certas operações. Aqui não há excepção. Têm um radar sempre a funcionar, que lhes permite ousar serem admiradas. Algumas para a brincadeira, são danadas. Normalmente têm uma vaga ideia da coerência, não ligam à decência e confundem a falta de apetite com uma qualquer greve de fome. Não há que abusar. Um passo de cada vez. Não vão elas tropeçar. Fazem algumas queixas, sobretudo da má coloração das madeixas. E mostram indignação.
2015aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 7 de novembro de 2020
NARCISO & O ESPELHO DESCONFIADO
Odeio
Demasiado
Para
Detestar
Alguém
Parecido
Com
O
Meu
Eu
,2020Out_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
AMBIÇÕES CALAFETADAS
Sou um homem triste na cidade dos caminhos perdidos
- Navego na deriva dos anúncios que anunciam o amanhã sempre longe de mais
- Apago mais uma esperança neste circo de lugares vazios
- O órgão encena um Bach tão desafinado como o som da garrafa que pouco a pouco, desafia a lucidez que não desejo
- Farto - me facilmente dos talentos fabricados
- A minha oficina de defeitos continua em laboração continua
- Os operários da inútil salvação foram desviados para o batalhão das boas vontades
- Saúdo com veemência a sua importância
- Que ninguém proteja os incapazes!
- Ambições calafetadas fugiram para o pântano
- Todos sabiam que não havia caminho para casa.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
MARINE BAND BLUES HARP
Dá-me horas tempo que corres,
para a pressa da minha ausência.
Senta-te à espera da sombra que quero amolgar.
Já não queima a tua voz,
nem sequer a memória que tento lembrar.
Dá-me tempo, para pintar o relógio dos passos perdidos.
Esquece o momento,
eu preciso da alegria maior,
talvez para voltar a tocar na minha ferrugenta “Marine Band”,
enquanto me perco neste amargo compasso,
enojado por tantos insultos.
,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 3 de novembro de 2020
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
SEM ABRIGO ROMÂNTICO
Hoje falei com eles.
Não trocamos futuros.
Agradecido,
ofereci cigarros.
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 1 de novembro de 2020
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
volta d' mar está em Biblioteca Da Nazaré.
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
ALTIFALANTE
Atenção senhores
passageiros:
a desolação procedente da realidade, efectua paragens em todos os destinos.
,2020Out_aNTÓNIODEmIRANDA
Diane Di Prima
MEMÓRIAS DE UMA BEATNIK
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro
E com a televisão apagada.
Não me lembro!
Será que foi mentira?
Queimámos artifícios de poemas,
e com a ajuda das barbas do Allen,
escalámos uma parede do Chelsea Hotel.
Lá para os lados de Brooklyn,
Timothy Leary procurava fósforos ungidos,
para aquecer a neve que lhe fugia dos pés.
Em Central Park,
esquilos simpáticos ofereciam rugas do velho jazz,
embrulhadas em papel de amendoim.
O sol acordou tarde naquele dia.
Tinha estado numa jam com Charlie Parker.
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro.
Há invenções
que me permitem
o sonho.
,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 25 de outubro de 2020
AMANHÃ,SE FOR SEXTA-FEIRA
mOLDES _sOMBRAS
lATIDOS a fUGIR
sOU uM cÃO pENDURADO.
O mARTELO dO bATE-cHAPAS
aNUNCIA o úLTIMO pLESBICITO
cREDÍVEL.
fALA cOM aS nUVENS nO cENÁRIO dOS oPOSTOS.
aMANHÃ,
sE fOR sEXTA-fEIRA,
uM pOETA cOMO dEVE sER,
eSPERARÁ oUTRO dIA.
&
oS pOETAS sABEM
qUE eSTAS hORAS,
dORMEM sEMPRE
aTÉ mAIS tARDE.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
O ANJO AZUL
Não sei que dias têm estas horas.
Há muito que detesto a imposição do tempo.
No orvalho que vivo, aqueço sempre que posso
a fugaz presença do pretenso lamento.
Agradeço amiúde a possibilidade
de continuar a ser eu,
malgrado todas as ausências
do mais sentido de mim.
Corro com o momento
no passo por nós permitido.
Às vezes sem sentido.
Quase sempre desafinado.
São só músicas minhas a mania deste meu fado. Não procuro nada de novo.
Tenho de conhecer aquilo que ignorei.
Gosto da solidão amigável.
Houve momentos em que estive na minha cabeça
e logo pensei que não envelheceria.
Abafava os egos com quezílias de canela
e limpava a memória com esfregões impregnados do mais audaz after shave.
O creme de barbear cansado de tanto esperar,
não falhava um único conciso golpe,
roído de ciúmes pela importância de uma lâmina desconhecida.
Era sempre pela manhã que partia perene
para a viagem habitual.
O anjo azul fumegava na velha tv.
Lampiões com asas pregadas no chão
agarrando películas do metro
antes da meia-noite.
Era no tempo em que fingia telefonar,
visitando as cabines envidraçadas
só para afugentar o frio.
,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 13 de outubro de 2020
sábado, 10 de outubro de 2020
REQUIEM POR TODOS OS POETAS DESCALÇOS
Nada
Para além
De um bolso
Repleto de sonhos
Uma prática
Quotidiana
Abusivamente
Condicionada
A um certo
Ritmo de consumo
De posições
Motivadas
Pelo próprio sistema
Ou
Uma traição consciente
Mas sempre
Traição a mim mesmo.
Não !
Não quero ser
Dos que ficaram pelo caminho.
O poema ...
O poema é a pena
De eu não ter pena
De escrever o poema.
Mas ...
Não te chateies :
Eu
Sou
O único poeta
Que
Pode mijar
Na tua algibeira.
, aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
Ó GLÓRIA, QUE SONHOS ME PROMETESTE?
Deixaste a saudade nos meus ombros, quando pensei que irias aquecer as ausências que me ofereces.
O amor não terá que ser um caminho sujo, nem o desejo um sentimento mudo.
Plantamos a árvore das mágoas.
Resta-nos esperar nas curvas do vento as palavras que julgamos, não nos enganariam, e colher martírios no nevoeiro malicioso.
Rastejamos na morte lenta, as bebedeiras que taparam os caminhos.
Quando dizem que não te amei, talvez seja uma mentira maior do que a minha certeza.
As coisas boas da vida, rapidamente não querem nada com ela.
As nossas intenções nunca serão tocadas nas noites do boogie-woogie.
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 6 de outubro de 2020
sábado, 3 de outubro de 2020
A BATOTA JÁ NÃO FUNCIONA
Entrega-me o tempo o álbum dos sorrisos esquecidos,
a alegria efémera do prazer engarrafado.
Para onde fugiste música triste,
cansada da espera dos tempos alegres?
Sinto saudades dos abraços enleados
nas promessas que juravam
nunca iriam separar-nos.
Tudo foi embalado na alcofa dos sonhos feridos.
Eis-me aqui,
enrolado num velho blues.
Amacio o choro desta noite,
sem um sopro qualquer para me enlouquecer.
A batota já não funciona,
mesmo que os dedos finjam beijar a guitarra.
Cada vez para mais longe,
corre o tempo…
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA
AMPULHETA
Vou aquecendo a vida em morte
branda.
Cintilam no vento orelhas de alumínio
escondendo segredos enferrujados.
O tempo brinca à batota
com as horas desavindas,
enquanto a esperança frita malabarismos
na feira da infâmia.
No cabide das calúnias,
penduro todos os pedaços da tristeza,
e aperto nas mãos,
um nada sempre inquieto, que encharca o chão
com rastos de hálito de taninos de fígado
transplantado.
Já não me resta tempo para a paciência.
2018Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
No 5 de Outubro
domingo, 27 de setembro de 2020
Cançó del Matí Encalmat - Salvador Espriu
El sol ha anat daurant
el llarg somni de l'aigua.
Aquests ulls tan cansats
del qui arriba a la calma
han mirat, han comprès,
oblidaven.
Lluny, enllà de la mar,
se'n va la meva barca.
De terra endins, un cant
amb l'aire l'acompanya:
"Et perdràs pel camí
que no té mai tornada".
Sota la llum clement
del mati, a la casa
dels morts del meu vell nom,
dic avui: "Sóc encara".
M'adormiré demà
sense por ni recança.
I besarà l'or nou
la serenor del marbre.
Solitari, en la pau
del jardí dels cinc arbres,
he collit ja el meu temps,
la rara rosa blanca.
Cridat, ara entraré
en les fosques estances.
A ABSURDA ESPERANÇA DO TEU REGRESSO
Já não nos vemos.
Resta-me um álbum de fotografias para falar contigo. Já não tenho companhia para a cabeça de garoupa, nem o olhar cúmplice para construir com sorrisos aquele puzzle de espinhas.
Tenho saudades das nossas gargalhadas, das mãos besuntadas, e dos copos do tinto bebido com amizade especial.
Não gosto das traições que a vida vai pendurando no meu capote.
A sombra da nossa árvore, despeja-me lágrimas que não conseguem adoçar este pudim com molho de dor.
Onde estás?
Eu não sei como procurar.
Engano-me neste caminho sem encontro possível.
Só quero adormecer nas esquinas que não prometem a tua presença.
Estou farto dos fantasmas que ilustram os meus desejos, das angústias que nunca resolverei.
Mas, o certo, é que não me apetece tocar as nossas músicas.
Estou cansado de mim.
Dos elogios para a tua ausência.
Vou desligar esta mania, que pensa falar connosco.
Não quero mais carimbar
a absurda esperança do teu regresso.
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA