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terça-feira, 31 de dezembro de 2019
domingo, 29 de dezembro de 2019
SATISFAZ A MINHA ALMA
Enrolo a noite no novelo desavindo
que aguarda notícias da hora incerta,
no cais da desordem emocional.
Horários sem vagas de alegria,
entregam versos infelizes
a um ecrã,
que promete esconder a solidão
dos passos caídos,
na nuvem da areia movediça.
Já nada se encontra neste palheiro desumano, forrado com choros de uma qualquer esperança.
Sonhos congelados na realidade que nos consome
Um interesse apressado, patrocinado pela fábrica da impotência.
Haverá sempre uma queda atenta,
Para amparar o engano do tempo.
Uma vigília disponível para nos ignorar.
E um relógio manhoso,
continua a oferecer alegrias perversas.
Não morrer,
dava-me um trabalho do caralho.
,2019nov,17_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 28 de dezembro de 2019
Da Madalena Ávila
vou-te escrever uma carta
uma carta que não conta nada de ninguém
uma carta que te ouve mar
para que tenhas atenção ao que é de ter atenção
escutaste o coração?
porque se o escutaste saberás do que ele te bateu
a existência
feroz
sem missivas nem céus a caírem-nos na cabeça
desfeita a linguagem das almas ergue-se numa flor
murcha a estrada é uma maçã que deseja a tua boca a levantar-se peito
uma marca funda de tinta preta instalada nos músculos
atrofiados os gestos cantam lamentos sem fronteiras
é esta a carta violenta das pessoas que só querem pensar
sozinhas
não é esta a carta que te queria escrever
a carta que quero não se escreve
a carta é humana
e rasga-se no papel
uma carta que não conta nada de ninguém
uma carta que te ouve mar
para que tenhas atenção ao que é de ter atenção
escutaste o coração?
porque se o escutaste saberás do que ele te bateu
a existência
feroz
sem missivas nem céus a caírem-nos na cabeça
desfeita a linguagem das almas ergue-se numa flor
murcha a estrada é uma maçã que deseja a tua boca a levantar-se peito
uma marca funda de tinta preta instalada nos músculos
atrofiados os gestos cantam lamentos sem fronteiras
é esta a carta violenta das pessoas que só querem pensar
sozinhas
não é esta a carta que te queria escrever
a carta que quero não se escreve
a carta é humana
e rasga-se no papel
SINAIS COM ACENOS SEM REGRESSO
Por entre lágrimas que rolam para o rio,
deixo-me arrastar,
neste frio e quieto
silêncio.
Já não procuro
o cais dorido.
Fujo de toda a condição,
e observo,
com dúvidas impassíveis,
sinais com
acenos
sem
regresso.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
deixo-me arrastar,
neste frio e quieto
silêncio.
Já não procuro
o cais dorido.
Fujo de toda a condição,
e observo,
com dúvidas impassíveis,
sinais com
acenos
sem
regresso.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
LIMAR PREGOS
Aqui,
entretido a limar pregos
da cruz,
assevero que
não degustarei
a refeição do
pecado.
Tentarei dignamente
danificar o sabor a santo.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
entretido a limar pregos
da cruz,
assevero que
não degustarei
a refeição do
pecado.
Tentarei dignamente
danificar o sabor a santo.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
domingo, 22 de dezembro de 2019
CIRCUNSTÂNCIA
das palavras de circunstância
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
há que duvidar para sempre da sua importância
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
NÃO TENHO MEDALHAS PARA TROCAR
Joelhos usados pelas decisões erradas, gravadas na minha pele.
Nunca fui pelo óbvio do fácil.
Não ligo o complicador.
Acredito nas coisas simples.
.
Não sei quantos braços me aqueceram os ombros. Não tenho medalhas para trocar,
nem sorrisos aborrecidos.
Ensaquei os abraços arrependidos,
juntei todos os pedaços do coração,
sem heróis nem desculpas,
nem fotos de baby-sitters com lábios de mel.
Sinto cada vez mais
a mentira de gostar de estar aqui.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
A VISITA DO DESALENTO
Tenho 3 luas na minha algibeira,
disse-me o cachimbo de um sábio índio.
Enrola a vida numa velha manta,
e nunca a deixes cansar de remendar alegrias.
Aconchega os sentidos na penumbra
poeirenta,
e,
nada mais caberá na tua cabeça,
do que a visita do desalento.
Abraça a ausência do deitar ferido,
e, chora na enxerga de lençóis desabitados,
mesmo que não consigas esperar a chegada,
escrita nos anúncios do nevoeiro,
que espreitam na janela.
O que te espera,
quando com a solidão,
não consegues falar?
…
D. Juan foi brincar com a erva do diabo.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 21 de dezembro de 2019
OS ENGANOS DO DESEJO
O vazio é um lugar quieto,
onde descanso memórias,
e sossego horas desabitadas.
O que faço, agarrado a esta glória,
enfeitada numa cruz que faz chorar
todos os caminhos?
Ando às voltas nesta oração trapaceira,
à procura de passos que não me magoem.
Nada encontro nesta tristeza que me fica.
Deito-me no lado escuro da linha,
com a vã esperança de estreitar abraços.
Verto na candeia sorrisos para me agasalhar,
e, guardo gota a gota,
todos os enganos do desejo.
Talvez o que quero,
aconteça no dia em que,
verdadeiramente,
me encontre.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
ESPECIALMENTE DEDICADO AOS IMBECIS
Nunca
Me
Cansarei
De
Admirar
A
Vossa
Estimada
Ausência
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
Parabéns, Madalena Ávila. Abraço. Este é para ti.
VOAR CONTRA O DESTINO
Elevar o veneno.
Traço para aspirar.
Encher
o balde.
Sujar até atingir o zero.
Entrelaçar genitais burgueses.
Sentado num charro de erva, com um índio que parece um anjo, cujo primeiro acto de traição foi o ter nascido.
Estou em guerra com toda a contemplação,
e contento-me em fumar a minha alma nesta alucinação não odiosa.
Quebrar o estado de sítio estampado numa frigideira com banha de porco.
Corpos fritos, atados com arame,
no anexo da podridão.
E aterrar sempre fora da pista,
numa capotagem perfeita.
Saquear os fornos do pão sangrento.
Ungir a loucura e santificar todos os beijos no altar dos enlevos não mentirosos.
Ó cogumelo celestial, estou louco por chegar até ti, e sair deste voo de excrementos pisados.
Descalço ao som da bateria do Max Roach, curvo-me perante toda a ousadia, e carrego no botão do gancho do umbigo, uma dose anímica de alegria em conserva.
E procuro na pedreira, a esmeralda preferida da primeira dor que pretendo esculpir.
Estrondo paralisado no rabo da sombra, imaginação de veludo pregada com laços. Abandono a faixa da rodagem correcta, e distribuo autógrafos escondidos nas sandwiches da realidade confrangedora.
Princípios rígidos, desdenhosos, atirados à poeira.
Rendição agachada, zombies maltratados com anúncios encharcados na testa, amontoam-se na prateleira dos delírios prontos para o banho da guilhotina.
É chegado o tempo de esmaltar as orações recolhidas,
e voar contra o destino.
,2019_ jan_aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
FERNANDO LEMOS
Poema Não Há Tempo
Não há tempo
há horas
Não há um relógio
há
hábitos que
me habitam
O poema dói
o ponteiro corta
a hora que queima
a morte simula
respira
para não me distrair
Fernando Lemos
Não há tempo
há horas
Não há um relógio
há
hábitos que
me habitam
O poema dói
o ponteiro corta
a hora que queima
a morte simula
respira
para não me distrair
Fernando Lemos
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
domingo, 15 de dezembro de 2019
sábado, 14 de dezembro de 2019
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
Da Madalena Ávila.
do fio que me abandona feito ferida nos pulsos
calo-me neste escrever de vontade de ir
partir
sem nada
desta escola onde desaprendemos o caminho feito corte no cérebro
encontro-me desamparada
nada
da espessura que me rompe a pele
visto-me num hino fúnebre
que sobe as paredes do céu como quem desce as do mar
refresco a terra para que fique molhada
enquanto fervo as cinzas
em nada
calo-me neste escrever de vontade de ir
partir
sem nada
desta escola onde desaprendemos o caminho feito corte no cérebro
encontro-me desamparada
nada
da espessura que me rompe a pele
visto-me num hino fúnebre
que sobe as paredes do céu como quem desce as do mar
refresco a terra para que fique molhada
enquanto fervo as cinzas
em nada
domingo, 8 de dezembro de 2019
sábado, 7 de dezembro de 2019
sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
PATÉ DE TOI
Barrar-te numa tosta serena.
Saborear em lume brando o teu olhar.
Gostar da inveja dos deuses que não te comem.
Mastigar o teu sexo em ritmo de última ceia.
Lamber o gume em camadas de serenidade.
Asfixiar o teu sorriso numa taça de Bollinger.
Chupar os teus morangos,
e,
esperar que o meu esperma,
te apeteça.
2018Mai_aNTÓNIODEmIRANDA
PECADO SAGRADO
Quando poderei adormecer
nas coxas dos teus lençóis, escrever
poemas ao longo das tuas pernas,
e,
carimbar sorrisos no abrir
dos teus desejos?
Nada peço,
neste pecado sagrado,
que celebra
uma triste
lembrança.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
ATÉ BREVE
Caiar
sorrisos.
Entregá-los
porta a porta,
no
prazo máximo de 24 horas.
Andar
por aí,
sem
sentido único.
Ladrar
aos desconfiados,
lançar
chamas de ousadia,
baralhar
as contas,
chamuscar
a própria sombra.
Não
ter medo,
remover
o quase,
ofuscar
a solidão,
chorar
só o necessário,
estender
abraços.
Andar
por aí,
sempre
numa douda correria,
afligir
todas as maldades,
amar,
mesmo na fila do trânsito.
Fim
da concessão!
Até
breve.
FARDOS DE SILÊNCIO
Mudar
e desaparecer lentamente.
Não
posso viver com o medo,
na
procura de ideias para me encontrar.
Quero
adormecer por aí,
abraçado
ao bafo da sombra.
Não
costumo rezar aos Domingos,
e
nos dias importantes,
tal
também não acontece.
Estou
farto do desempenho
deste esqueleto amassado.
Quieto,
carrego
fardos de silêncio.
ASAS ERRADAS
Desculpa.
Desta vez sou só eu.
Os anjos abandonaram-me.
Sem querer, queimei as asas erradas.
Há demasiado tempo que não nos sentimos,
e, perdido na solitude que me encharca,
não encontro o caminho para abraçar as tuas lágrimas.
Sinto a tua falta, embora saiba que há coisas que terminam antes do pensamento.
Agora que morreste, tenho um presente para aqueles que tanto te detestaram.
E, esta é a única maneira que me resta para tanto gostar de ti.
,2019Dez_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
AL-79-46
Eram pagos ao dia.
Quando chovia não havia trabalho.
Os colaboradores do meu pai recebiam à semana. Se não pudessem ir para o monte, ficavam na fábrica a fazer outras coisas. Almoçavam lá em casa, e no final do dia, entravam no velho Ford Escort, com a gratidão estampada no olhar.
Ao domingo, os ricos iam à missa de mercedes.
Mas,
o meu pai deitava-se feliz.
,2019nov_aNTÓNIODEmIRANDA
Quando chovia não havia trabalho.
Os colaboradores do meu pai recebiam à semana. Se não pudessem ir para o monte, ficavam na fábrica a fazer outras coisas. Almoçavam lá em casa, e no final do dia, entravam no velho Ford Escort, com a gratidão estampada no olhar.
Ao domingo, os ricos iam à missa de mercedes.
Mas,
o meu pai deitava-se feliz.
,2019nov_aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Da Madalena Ávila.
levar a boca ao prato
os talheres ao chão
e comer os restos da angústia
e sim a noite é esta manhã
deitada sobre a chuva
e o rio diz-me para caminhar
sobre ele
as mãos estendidas
na curva terna
e a raiva um oceano
para me cuspir
acordaram os aviões
os pássaros espantaram-se
e a Sombra quis mel
os talheres ao chão
e comer os restos da angústia
e sim a noite é esta manhã
deitada sobre a chuva
e o rio diz-me para caminhar
sobre ele
as mãos estendidas
na curva terna
e a raiva um oceano
para me cuspir
acordaram os aviões
os pássaros espantaram-se
e a Sombra quis mel
SANDWICH DE NAFTALINA
Não seria o mais famoso dos cromos mas sem dúvida alguma era o único agente secreto que ruminava sandes de naftalina. Não por ser chique mas pela simples razão de tal acto amainar os incontroláveis vapores do seu rego. Uma conhecida corretora financeira ainda o tentou demover, ameaçando-o com um considerável rating abaixo do estrume. Seguro de si próprio e com os índices de confiança elevados ao mais alto desnível, conseguiu resistir a todos os assédios. Até porque mantinha a secreta esperança de um dia coordenar, nas horas de ponta, o trânsito ferroviário na ponte sobre o Tejo. Uma pequena questão pendente com uma brigada que amiúde lhe causava problemas, lá para os lados da bagageira. Mantinha há longo tempo conversações avançadas com o sindicato e esperava a todo o momento o anal do secretário-geral. Até porque representava um conceituado ponta de lança, disponível para uma hipotética transacção. Era sobejamente conhecida a sua ambição por uma estrela Michelin, embora no seu pisa cocós, fosse evidente a primazia pela Firestone. Mudar? Nem pensar! Havia um contrato a respeitar e nunca iria pôr em causa o patrocínio que tanto lhe custou a adquirir. A indústria química estava no bom caminho. Novos e prometedores mercados rolavam na via verde.
Cedo abandonou a carreira política. Não admitia que houvesse alguém que enganasse e roubasse mais do que ele.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
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