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sábado, 30 de março de 2019

VIVO NUM SÍTIO QUE NÃO CONHEÇO

Vivo num sítio que não conheço.
As pessoas que também não conheço,
por vezes, recebem visitas importantes:
Entregadores de pizzas com caixas de cartão hospitalizado, que transportam preguiças para não comer.
Vivo num sítio que não conheço.
Gente ocupada com expectativas desanuviadas,
ouvidos tapados,
e um ritmo desenfreado num qualquer teclado.
No sítio onde vivo,
pardieiro apodrecido,
mostram-se matrículas actualizadas,
o cão com a coleira mais vistosa,
o pedigree sénior de quem o passeia,
o dourado, por vezes em mau estado,
dos ténis que pisam já com alguma assiduidade, a inoperância da acessibilidade
para o mínimo interessante.
No prédio onde vivo,
no sítio que não conheço,
somos todos educados.
Não falamos quando nos vemos.
Até porque não se acena,
a quem não conhecemos.


,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 28 de março de 2019

FEELIN' BAD BLUES

 Nada mais do que um lugar falsificado.
Alguém assustado fugiu do poema

onde estava escrita a sua história.
Sentia-se mal, deslizando ao desbarato naquela solidão sem nome,

da rua das janelas espalmadas.
Há muito que não conseguia enforcar a sua sombra, com quem costumava cerzir longas conversas.
No copo do fundo triste,
afogava desgostos,

ignorados pela amizade há muito arranhada.
Sentia-se mal, quando acontecia lembrar o atalho que o afogou em delírios da mais crédula ousadia.
Secava no estendal da vontade perdida, pitadas de sal com sabor a lágrimas.
Aqueles que lhe pediram o número do telefone, nunca ligaram.
(alguns disseram que era para não incomodar).
Sentia-se mal, nesta caldeirada de egoísmos, adubada com a mais hipócrita das preocupações.
Achou por bem
rasgar o poema.
 ,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 27 de março de 2019

LISBOA BLUES (69)

É como se tivessem posto uma aranha no meu guisado.
Ou trocado a moeda da sorte que nunca tive.
Parafuso desapertado, rosca moída,

vida fodida.
Feliz e nada interessado,
Caminho pela humanidade
Com um ramo de espinhos,

que nunca tiveram rosas,
Batimentos estranhos do coração,
Viajam amolgados
Dentro de um tuk-tuk que borrifa esta cidade,
Emporcando-a com toda a inanidade.
Como está diferente o cheiro das suas ruas.
A ignorância anda livremente espalhada.
Aborrecem-me esta espécie de sorrisos,
Que me olham como se eu fosse um fardo de palha.


.2015aNTÓNIOdemIRANDA

Dá-lhes, Madalena Ávila!

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domingo, 24 de março de 2019

PARTÍCULA DE DEUS (para uma boa rapariga)





Cinzas no tempo que chora.
Estivemos tão pouco, 
mas foi grandioso
conhecer-te.
Não quero palavras.
Fui indecentemente apunhalado.
Não me apetece abandonar a ideia

do nosso próximo encontro.
Até logo,
Naquele lugar das memórias

que ainda sonham.
Vou tocar um blues para ti.
E sabemos que da minha guitarra 
sairão lágrimas.
Mas,
porque chegaste antes de mim?
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 17 de março de 2019

“SABER O QUE QUERO SER QUANDO FOR GRANDE, É ALGO QUE NÃO TENHO PRESSA DE DESCOBRIR”

Não há fotografias para tocar.
Só memórias que invento,
guardadas nos laços das lágrimas
que não sei por quem choram.
Não invejo a felicidade dos outros,
mas só queria cumprimentar a minha.
Todas as vezes,
em que estou só,
não aperto a sombra do meu refúgio.
Agarro-me à pele que resta deste naufrágio,
grito nas ondas,
todas as palavras da solidão.
E deslizo para mim,
a esperança dos dias felizes.
Sinto-me como um arco-íris,
e,
beijo neste constante desejo,
todas as cores que tenho para amar.

,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

Lawrence Ferlinghetti (Yonquers, Nova Iorque, 24 de março de 1919)

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sábado, 16 de março de 2019

Bob Dylan / Keith Richards / Ron Wood - Blowin' In The Wind (Live Aid 1985)

Lawrence Ferlinghetti’s ‘Little Boy’ reveals his life before the San Francisco beat scene

https://www.latimes.com/books/la-ca-jc-lawrence-ferlinghetti-little-boy-review-20190314-story.html?fbclid=IwAR0YspR0wJibBWIcvzT86TQ1g-zInpbu2LTQykHEHGxq0xM5J3Hzq0lxAjI

Lawrence Ferlinghetti (Yonquers, Nova Iorque, 24 de março de 1919)

E OS ÁRABES FAZIAM PERGUNTAS TERRÍVEIS


E os árabes faziam perguntas terríveis
e o Papa não sabia o que dizer e as pessoas
corriam de um lado para o outro em sapatos de
madeira perguntando para que lado estava virado o rosto
de Midas e toda a gente dizia
Não em vez de Sim
Enquanto nos Jardins do Luxemburgo
nas fontes dos Médicis estavam
para sempre imóveis os
peixes dourados vermelhos grandes e os peixes
dourados brancos grandes
e as crianças correndo à roda do lago
apontando com o dedo e esganiçando-se:
Des poissons rouges!
Des poissons rouges!
Mas foram-se embora
e uma folha desprendeu-se da árvore
e a caiu no lago
e ficou à tona de água como um olho a piscar círculos
e depois o lago ficou muito
tranquilo
e só lá ficou um cão
sem fazer nada
na borda do lago
a olhar para baixo
para os peixes em transe
e sem ladrar
nem dar ao ridículo rabo nem
nada
de modo que
então por um momento
no crepúsculo do final de Novembro
o silêncio pendeu como uma idéia perdida
e uma estátua virou
a cabeça

“pictures of the gone world / trad. José Palla e Carmo
cadernos de poesia Dom Quixote 1972”

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sexta-feira, 15 de março de 2019

Lawrence Ferlinghetti (Yonquers, Nova Iorque, 24 de março de 1919)

 
 
 
 

MÁRIO ELOY

Neste dia, em 1900, nascia o pintor Mário Eloy. 
O retrato, quer de si próprio quer de familiares e amigos, é um dos temas centrais da sua obra. Em exposição na Coleção Moderna está o retrato que fez do arquiteto José Pacheco. Também em Sines, a partir de sábado, na exposição «Pontos de Encontro», integrada no programa Gulbenkian Itinerante, pode ver-se o retrato que Eloy pintou da sua mãe.

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segunda-feira, 11 de março de 2019

Julinho da Concertina. O tesouro do funaná vive num bairro da Amadora

https://rr.sapo.pt/video/162522/julinho-da-concertina-o-tesouro-do-funana-vive-num-bairro-da-amadorahttps://rr.sapo.pt/video/162522/julinho-da-concertina-o-tesouro-do-funana-vive-num-bairro-da-amadora

Lawrence Ferlinghetti (Yonquers, Nova Iorque, 24 de março de 1919)

BEAT
(Com um abraço para o Miguel Martins)

 
Ginsberg!
Na américa nada mudou!
Apesar dos teus avisos e das mil profecias que lhe entregaste.
Tudo continua ridículo no país que tanto te ofendeu.
Corso continua à deriva na procura desvairada tentando encontrar uma plantação digna da sua generosidade.
Snyder deixou de ser um monge respeitado mesmo não tendo corrido bem a impressão de haikus na reader's digest.
Diane di Prima e as suas longilíneas meias de vidro enforcam agora as memórias da beat com “mais ou menos poemas de amor”.
Ferlinghetti tenta fazer o que pode emoldurando “os dias tranquilos”.
E eu próprio para lá caminho.
Allen, tenho todos os seus poemas guardados num saco cama sempre pronto a desafiar-me.
Continuo a entrar nos supermercados sem que alguém reze pela minha beleza.
Compro assim o que falta usando um cartão de crédito made in china.
Pago as contas com euros sediados num off shore que continua a fazer-me a vida ainda mais preta.
Nas ruas vejo tantas pessoas deitadas ao lado dos contentores do lixo que comem depois dos ratos saciarem o apetite.
Ginsberg, a américa está como sempre perigosamente parecida com o outro mundo.
E isso e os russos ainda o tornam pior.
Ginsberg, toda a gente escreve palavras numa articulada mania que dizem ser poesia.
Aprenderam nos compêndios que lhes oferecem doutoramentos tirados nas máquinas das fotografias onde perdemos a identidade.
Allen, morre-se assim sem dar por ela, embora ninguém vá ao seu funeral.
Nunca estive na City Lights mas quando lá chegar serei imediatamente cumprimentado pelo Lawrence.
O mundo continua a fugir do meu sonho e desatento como é, tenta polvilhar os seus poemas como se isso pagasse o respeito que nunca mostraram.
O Carrol já não tem saudades do pai e ocupa agora os feriados entregando porta a porta embalagens de poesia sem consignação.
Ginsberg, este universo é cruel apesar de tudo o que tenho oferecido
Tenho a uretra infectada com pus e uma fricção contagiosa que me controla a alma e o Robert Saggese tem “um pássaro na palavra” e está demasiado esquecido para a salvar.
Allen, tomam conta de mim agora anjos que nunca pedi.
E fazem picnics no Central Park com a bandeira do goldman sachs estendida e olham de soslaio todas as minhas expectativas.
Ouço em semitom a música das sirenes que encharcam a minha ruína e Frank O´Hara continua preocupado com “a crise da indústria cinematográfica”.
Morre-se em qualquer lugar sem hora combinada sem culpa formada e sempre nos apanham desprevenidos e esta é “a proposta imoral” escrita por Robert Creeley.
Allen, a vida é o cemitério do medo com orações take away gravadas em lápides onde se mente aqui jazz um homem bom.
A melancolia cega a beleza dos meus olhos perdidos de volta no espelho, onde costumava ver-me enferrujado como os nós do arame farpado, pejado de retratos desconhecidos balançando uma “melodia para homens casados” gingada nas ancas da Lenore Kandel.
E a noite chega atrapalhando o festim do fim do mundo, que acontece todos os dias em que não somos capazes de nascer. E Ron Loewinsohn continua a gritar “contra os silêncios que estão para vir”.
Allen, sou observado por um drone não identificado e só tento esconder a denúncia nas folhas que guardo num mealheiro que roubei na igreja dos últimos dias dos santos sem piedade.
Estou farto de ver gente feliz sem qualquer motivo e com orgulho menstruado pela miséria que espalham.
Mas este passadiço não tem limite e eu acabo por adormecer sempre com a estrela errada na cabeça.
Koller tenta acalmar-me oferecendo um tapete de “ossos & penas Pele e Asas no chão”.
Allen, preciso de uma ligação pré-paga para o paraíso artificial.
Pretendo pedir asilo temporário para a minha solidão. Mas ninguém se interessa pelo meu horário, embora ele não tenha os dias sempre tristes.
Allen, estive numa concentração budista em que um monge flipado danificou o meu drama.
Frequentei aulas de yoga com uma bailarina atenciosa que só bebia iogurtes fora de prazo.
E até deus sabia o quanto eu detesto esta forma de orientação.
E assim fui até ao fim do mundo ainda com um fardo mais pesado.
Perco-me no significado das eloquências mal frequentadas que mais parecem elogios fúnebres acompanhados pela dança de carpideiras hawaianas, que me puseram no pescoço um colar de flores putrefactas e agora entretenho-me nas horas de ponta a espalhar o seu perfume nos urinóis mais utilizados pela opinião pública.
Tenho uma postura sisuda e nada simpática para não me confundirem com o namorado da barbie.
Volto ao lugar para ouvir o discurso do velho corvo de asas metalizadas e língua prenhe da única sabedoria. Fala-me do degelo da humanidade e dos medos que tanto a ferem.
Então digo-lhe que estou pronto.
Eu sei que ele me levará aos demónios.
Allen, não quero este caminho que a solidão comodamente instalada no sofá, pensa cativar-me.
Actualizo-me num sequestro sereno na chegada do momento de abraçar manuscritos pacientes que decoram as sombras do silêncio numa modernidade de estátuas com olhares distantes.
Este universo é cruel apesar de tudo o que tenho tentado.
Estou cansado de esperar nas escadas do paraíso com a chave errada.
Tenho uma coleira certificada, anti tudo mas que não funciona.
Tomam conta de mim agora poetas tão tesos como eu. E afiam no nobre golpe da navalha a memória enlouquecida
Aparo pétalas demasiado parecidas com gotas de sangue.
Já não penso no que teria ter sido nem nos milagres que tentavam vender-me na feira das onze dos domingos.
Aplainei virtudes diferentes nos anos que só a mim pertenceram e alinhei nas propostas condizentes com a minha pretensão.
Colhi nesta estrada frutos nunca imaginados por quem de mim só pensou o que não me conhecia.
Continuo um curioso sem complexos o que me torna um aprendiz interessado.
Ginsberg!
Também tenho um grito!
E um frio tremor nas mãos que me tempera angústias desesperadamente sós.
Ginsberg!
O mundo nunca vai encontrar o caminho.

2016,09aNTÓNIODEmIRANDA

domingo, 10 de março de 2019

sexta-feira, 8 de março de 2019

Sim!
Sou eu.
Outra vez a bater à porta que não me abre.
Sou eu,
a amolgar a memória, sempre agarrado à mesma derrota.
Sou eu,
a não compreender esta espera, a pintar sabores de ausência.
Sou eu,
a assassinar a angústia, a contar gota a gota lágrimas de indignidade.
Sou eu,
a colar pingos de chuva, a pintar cenários, a fugir sempre de mim, numa pressa desabitada.
Sou eu,
nesta colecção de restos, vendidos em saldos idiotas.
Sou eu,
a encaixar vazios, a erguer as mãos para um destino sujo, a encaixotar desculpas em segunda mão, a pensar redondo com esta fé enferrujada, que não pára de me atraiçoar. Sou eu,
a perder a cabeça nesta parede grafitada com lamentações.
Sou eu,
vestido com aquilo que já não presta.
Sou eu,
a acenar a um deus que nunca mais larga a cruz.
Sou eu,
encharcado nesta sombra cansada de me emoldurar.


,2019Mar_aNTÓNIODEmIRANDA









Lawrence Ferlinghetti

http://www.citylights.com/

ATENÇÃO!

Alguém
Anda a pôr no céu
Palavras 

Que não são minhas!

Ainda por cima,
O iban
Está errado!

,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

Um porco, chamado Pinto Cro-magnon, a comer melão.

A imagem pode conter: 1 pessoa, a sorrir

Atenção! Muita atenção!

Nenhuma descrição de foto disponível.

Pois...

https://www.facebook.com/miranda.antoniode/videos/2605464129494827/?t=0

Gosto!

 
 

SABEDORIA

O sábio
Que mostra que nada
Sabe,
É
O único

Que não engana
Ninguém.


,2017marçoaNTÓNIODEmIRANDA

The Troggs - Wild Thing


Dueling Banjos (HD)


sábado, 2 de março de 2019

lou reed



ROCK`N`ROLL ANIMAL

De cócoras no meu canto, retoco a vida em jeito de brincadeira várias vezes repetida. Nunca admirei os heróis com banda desenhada, nem a vergonha adequada que me impunham. Saltei outras vistas, soltei as minhas conquistas, e sabia que aquilo que esperava iria acontecer. Sou do género dos sonhadores indestrutíveis. Algumas vidas deram-me razão, outras assim que tal, muitas outras também pouco não. Atravessei os oceanos que dividiam o meu coração. Caminhei sempre de pé deixando as asas no chão. E continuo a tentar infernizar as dúvidas que não me pertencem. Só estou fora da lei, porque a lei nunca me respeitou. Emprestei a minha alma a um bom ladrão que gostava de comer couscous. Ninguém o conhecia, e alguns, desconfiados dessa mania, colaram a sua biografia numa cruz. Mau trabalho, embora publicitado nas embalagens de sais de banho. Entretanto, há uma voz que reza, que nada preza a minha vontade de voar noutras nuvens. Leio o mais que posso, sempre que não me esqueço do prazo de validade desta opção. Baixo o som da guitarra, desligo os efeitos do amplificador, e deixo que a calma chegue vagarosamente até mim. Escrevo canções para o acaso. Os caminhos do medo pensam que são a minha estrada. Pinto-os nas passadeiras com cores invisíveis para que os curiosos as ignorem. Podia desejar estar noutro lugar, mas também não me lembro. Toda a gente pensa que está feliz, naquele bar que mostra a música que os engana. Sovacos mal cheirosos, trocas de sorrisos mentirosos, um roçar de penas para sempre feridas, olheiras de sexo adiado, e, tudo é bom, não foi? Vamos dançar até o laço nos apertar, esperar até cansar esta ideia absurda que não assassina a nossa velhice.
Vamos tirar um retrato que não minta o amor que queremos verdadeiro. Vamos endireitando o caminho que nos subtrai, arrasar o olhar que pensamos estar numa dor nunca pintada nas praias do arco-íris. E pensar que alguma vez qualquer coisa poderá acontecer. Os desejos bons cansam tanto! E as semelhanças que não nos reconhecem, não merecem qualquer respeito! Não sei o que me prometi. Toda a gente está ausente nesta corrida fora do meu mundo. Talvez seja uma boa hora. Mas o meu relógio fugiu do baile dos segundos. E corre, corre sempre, para longe de mim. Strippers domésticas, enrolam com esmero o meu pijama e dançam com toda a pompa e circunstância uma música do Lou Reed. Uma questão de bom gosto. Reconheço o baixo do Fernando Sanders trepando o “Rock`N`Roll”. Porque não nos conhecemos? O perto nunca teria de ser o infinito do longe. Todas as luzes foram apagadas e a única hipótese não passou de um concurso assombrado pela tv. E a escuridão que nos quebra, é agora uma paisagem embrulhada num outdoor olhada por transeuntes com a pressa às costas.


Há um céu onde já não cabemos, uma estrela que ignora o nosso nome e um anjo que quando passa por ela, altera a rota para outro inferno. O que fizeram de nós, vida tentada, atrevida, congelada numa carne branca que tanto nos magoou. Balouça comigo uma dança sempre estranha, mansa de cor, penteada com nós que não me pertencem.

2017set_aNTÓNIODEmIRANDA