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quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
PREVISÕES COM TEMPOS OPTIMISTAS
Rótula ferida,
Tendinight anacrónica
Cotovelo dorido
mas permanentemente atento
à newsletter do IPMA.
Mas isto é tudo
do lado esquerdo.
Tivesse eu
o direito sem estas condicionantes
e ousaria afirmar
que espero previsões
com tempos optimistas,
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Tendinight anacrónica
Cotovelo dorido
mas permanentemente atento
à newsletter do IPMA.
Mas isto é tudo
do lado esquerdo.
Tivesse eu
o direito sem estas condicionantes
e ousaria afirmar
que espero previsões
com tempos optimistas,
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
MADRUGADAS VERMELHAS
Só espero que me compreendas
nos momentos em que não me
entendo.
Que me elucides
a ilusão
das palavras
que teimo dissimular.
Porque
tu sabes
que eu tenho horas tristes
nos sonhos esquecidos
chorados nas madrugadas
vermelhas,
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
nos momentos em que não me
entendo.
Que me elucides
a ilusão
das palavras
que teimo dissimular.
Porque
tu sabes
que eu tenho horas tristes
nos sonhos esquecidos
chorados nas madrugadas
vermelhas,
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
FECHAR OS OLHOS
Não me faças
andar nas nuvens a envernizar diospiros,
enquanto róis as amoras que me roubaste.
Não gosto da sensatez
que me oferece eloquências mal paridas.
Cortar a eito mesmo sem jeito,
sentir o muro
a fugir
namorar o amparo
com um cajado eficaz
extirpar o frio
que me escorre da garganta
aparar a rebarba
com os pés demolhados
em água tépida.
Tirar os espinhos
deste ornato
com tanto tempo
de incómodo.
Fechar os olhos
e escolher uma nova dor
para a minha miragem.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
andar nas nuvens a envernizar diospiros,
enquanto róis as amoras que me roubaste.
Não gosto da sensatez
que me oferece eloquências mal paridas.
Cortar a eito mesmo sem jeito,
sentir o muro
a fugir
namorar o amparo
com um cajado eficaz
extirpar o frio
que me escorre da garganta
aparar a rebarba
com os pés demolhados
em água tépida.
Tirar os espinhos
deste ornato
com tanto tempo
de incómodo.
Fechar os olhos
e escolher uma nova dor
para a minha miragem.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
ESPAÇO INDEVIDO
Porquê as coisas acontecem quando estou distraído, porquê os relógios param quando eu quero andar, porquê os vazios enchem corpos que não consigo agarrar, porquê fico quieto ouvido assobios que deitam almofadas para o quebranto que não vou abater. Porquê me deixo ficar na fila da urgência que nunca me irá atender.
Pensar em mim com uma mão útil ou pelo menos um sorriso não carregado de fendas.
Não sigas o meu caminho, não brinco com vaginas alheias. Não me perguntes por mais dor. Deixa o vazio envolver o que ficou da nossa pronúncia. Eu sou só um resto empanado no meio do trânsito, e todos buzinam para não ouvirem o que tenho para dizer. Não me abanes o coração, cidade dos nomes perdidos. Não me interessa uma fé às vezes com graves falhas de confiança. Conheço todo o vernáculo das suas mentiras. Houve coisas tão importantes que só ocuparam o espaço indevido.
Pensar em mim com uma mão útil ou pelo menos um sorriso não carregado de fendas.
Não sigas o meu caminho, não brinco com vaginas alheias. Não me perguntes por mais dor. Deixa o vazio envolver o que ficou da nossa pronúncia. Eu sou só um resto empanado no meio do trânsito, e todos buzinam para não ouvirem o que tenho para dizer. Não me abanes o coração, cidade dos nomes perdidos. Não me interessa uma fé às vezes com graves falhas de confiança. Conheço todo o vernáculo das suas mentiras. Houve coisas tão importantes que só ocuparam o espaço indevido.
,2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
ESTA BOCA É UM SANTUÁRIO
Era a coisa mais linda da comunidade
de Las Vergas
Tinha aquela voz sensual.
Não lhe faltavam atributos físicos consideráveis
nem a habilidade especial para manejar artefactos
Made in Las Caldas.
Na prova escrita enganou-se na caneta.
…mas passou com distinção a prova oral.
Limpou o júri dizendo:
Esta boca é um santuário
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
de Las Vergas
Tinha aquela voz sensual.
Não lhe faltavam atributos físicos consideráveis
nem a habilidade especial para manejar artefactos
Made in Las Caldas.
Na prova escrita enganou-se na caneta.
…mas passou com distinção a prova oral.
Limpou o júri dizendo:
Esta boca é um santuário
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
sábado, 26 de novembro de 2016
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
OBSERVA BEM O TEU TEMPO
Observa bem o teu tempo.
Não há outra maneira de calcetar o percalço.
Pintar o momento com uma opção
provisóriamente viável para iludir lágrimas,
é uma mania como outra qualquer .
Observa o teu tempo,
é ele agora que afaga no recato mais escondido,
as feridas que coleccionaste.
Beija-o de cada vez como se fosse a primeira,
mas nunca ignores a perícia do seu envolvimento
quando ele te oferece o encanto mais polido.
Toma os sonhos que quiseres
e veste-os com a ousadia mais bonita.
Agarra-o nos teus abraços
mas nunca lhe agradeças desmesuradamente
aquilo que te vai roubando.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Não há outra maneira de calcetar o percalço.
Pintar o momento com uma opção
provisóriamente viável para iludir lágrimas,
é uma mania como outra qualquer .
Observa o teu tempo,
é ele agora que afaga no recato mais escondido,
as feridas que coleccionaste.
Beija-o de cada vez como se fosse a primeira,
mas nunca ignores a perícia do seu envolvimento
quando ele te oferece o encanto mais polido.
Toma os sonhos que quiseres
e veste-os com a ousadia mais bonita.
Agarra-o nos teus abraços
mas nunca lhe agradeças desmesuradamente
aquilo que te vai roubando.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
AVISO DE RECEPÇÃO
Sentado no pôr-do-sol furo com o guarda-chuva
as nuvens que me auguram um futuro sombrio.
Está um amanhecer profícuo à descasca
das memórias
menos próprias.
Passo às pressas assim adiantando segundos morosos.
Sinto neste tempo um momento perpétuo
e desenrolo suspiros perfeitamente fumáveis.
Monto pacientemente esta estante preenchida
com bibelots roubados da cartola
de um coelho achocolatado.
Alguém já não mora aqui.
Está escrito no aviso de recepção
entregue pelo carteiro viciado na password do prédio
onde realizo a primeira urina da manhã.
Sentado no guarda-chuva, molho o pôr-do-sol
antes que a curiosidade arrefeça o jornal.
Escorro-me na rua deitado numa tábua de engomar
diante do olhar incrédulo dos imbecis não preparados
para esta espécie de aparição.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
as nuvens que me auguram um futuro sombrio.
Está um amanhecer profícuo à descasca
das memórias
menos próprias.
Passo às pressas assim adiantando segundos morosos.
Sinto neste tempo um momento perpétuo
e desenrolo suspiros perfeitamente fumáveis.
Monto pacientemente esta estante preenchida
com bibelots roubados da cartola
de um coelho achocolatado.
Alguém já não mora aqui.
Está escrito no aviso de recepção
entregue pelo carteiro viciado na password do prédio
onde realizo a primeira urina da manhã.
Sentado no guarda-chuva, molho o pôr-do-sol
antes que a curiosidade arrefeça o jornal.
Escorro-me na rua deitado numa tábua de engomar
diante do olhar incrédulo dos imbecis não preparados
para esta espécie de aparição.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 23 de novembro de 2016
AMOR GOURMET
De cada
vez que te chamo,
...
vez que te chamo,
...
estás ocupada num call center
atendendo urgências fora de mim
atendendo urgências fora de mim
Ciumento, imagino convites que te cativam
enquanto queimo as etiquetas que deixas
quando vais para longe do meu alcance.
enquanto queimo as etiquetas que deixas
quando vais para longe do meu alcance.
Sou o traficante que queima a nossa chama
num quarto cada vez mais escuro.
num quarto cada vez mais escuro.
Afino o desgosto no rasto que deixaste na cama,
onde fingimos sempre um amor gourmet.
onde fingimos sempre um amor gourmet.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 22 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
A GAIVOTA MORREU PASMADA NO AREAL
Agora sou um apêndice a descansar na prateleira x de uma qualquer estante no museu nacional da ternura amiga.
Sou mostrado em aplicações com detalhes da minha não autoria.
Uma relação sem causa nem efeito.
O que condiz comigo não tem qualquer avaliação.
Sou agora a espécie com agente de todo o tempo sem verdade, escrevendo os dias difíceis aparamentados nos corredores onde não tenho lugar.
Tudo é tão longe nestas selfies mal paridas com que pensamos ilustrar a saudade que já não nos pertence.
O mais que nos interessa não passa de um lugar onde penduramos desejos, um foyer descamisado com um cabide com o número previamente determinado.
Convite de uma promoção tão enganosa como a falta de interesse com que nos esquecemos.
Voltem sempre, é o habitual agradecimento daqueles que fazem de nós pacóvios.
Esta é a viagem inútil, do imenso roubo que nos dobrou a espinha tornando-nos fantasmas sem a alegria da ficção.
Oh terra minha, que tanto me atraiçoas, não me consideres ainda tua pertença.
Não posso cantar-te nem nos cânticos paridos com prantos de alguém que gentilmente ousou acreditar em ti.
Nada sei do teu carma, nem do marujo que o enterneceu.
A gaivota morreu pasmada no areal.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Sou mostrado em aplicações com detalhes da minha não autoria.
Uma relação sem causa nem efeito.
O que condiz comigo não tem qualquer avaliação.
Sou agora a espécie com agente de todo o tempo sem verdade, escrevendo os dias difíceis aparamentados nos corredores onde não tenho lugar.
Tudo é tão longe nestas selfies mal paridas com que pensamos ilustrar a saudade que já não nos pertence.
O mais que nos interessa não passa de um lugar onde penduramos desejos, um foyer descamisado com um cabide com o número previamente determinado.
Convite de uma promoção tão enganosa como a falta de interesse com que nos esquecemos.
Voltem sempre, é o habitual agradecimento daqueles que fazem de nós pacóvios.
Esta é a viagem inútil, do imenso roubo que nos dobrou a espinha tornando-nos fantasmas sem a alegria da ficção.
Oh terra minha, que tanto me atraiçoas, não me consideres ainda tua pertença.
Não posso cantar-te nem nos cânticos paridos com prantos de alguém que gentilmente ousou acreditar em ti.
Nada sei do teu carma, nem do marujo que o enterneceu.
A gaivota morreu pasmada no areal.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
muddy waters all aboard. Tomem lá bLUES!
All Aboard!
Mean old Frisco, take my babe away
All Aboard!...
Mean old Frisco, take my babe away
I've been hoping, I've been tussling
My baby come back home one day
Well, that people
Just don't understand
One day people
Just don't understand
Well, now to take my woman away
Can not try another man
I left town, you're travelling
While the train goes around the bend
Down at here and traveling
While the train goes around the bend
Well, what've I started isn't no crime
Me without all, have no friends
Welcome there new love
Round all, tear them down
Welcome there new love
Round all, tear them down
Well, I worked hard all of my life
Now I'm getting pushed around
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
O senhor Leonard Cohen. "YOU WANT IT DARKER" Obrigado, Ana Gomes da Costa.
"YOU WANT IT DARKER"...
If you are the dealer, I'm out of the game
If you are the healer, it means I'm broken and lame
If thine is the glory then mine must be the shame
You want it darker
We kill the flame
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the help that never came
You want it darker
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
There's a lover in the story
But the story's still the same
There's a lullaby for suffering
And a paradox to blame
But it's written in the scriptures
And it's not some idle claim
You want it darker
We kill the flame
They're lining up the prisoners
And the guards are taking aim
I struggled with some demons
They were middle class and tame
I didn't know I had permission to murder and to maim
You want it darker
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the love that never came
You want it darker
We kill the flame
If you are the dealer, let me out of the game
If you are the healer, I'm broken and lame
If thine is the glory, mine must be the shame
You want it darker
Hineni, hineni
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
Hineni
Hineni, hineni
Hineni
If you are the healer, it means I'm broken and lame
If thine is the glory then mine must be the shame
You want it darker
We kill the flame
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the help that never came
You want it darker
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
There's a lover in the story
But the story's still the same
There's a lullaby for suffering
And a paradox to blame
But it's written in the scriptures
And it's not some idle claim
You want it darker
We kill the flame
They're lining up the prisoners
And the guards are taking aim
I struggled with some demons
They were middle class and tame
I didn't know I had permission to murder and to maim
You want it darker
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the love that never came
You want it darker
We kill the flame
If you are the dealer, let me out of the game
If you are the healer, I'm broken and lame
If thine is the glory, mine must be the shame
You want it darker
Hineni, hineni
Hineni, hineni
I'm ready, my lord
Hineni
Hineni, hineni
Hineni
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Tu és a maçã da minha vida,
acontecida em contramão,
num lúmen tão ardente, chama intransigente,
alegoria de estrela arrependida.
És uma causa perdida como toda a loucura medida,
como se ama insanamente a paixão à deriva,
onde eu perco a tua rota.
Bússola avariada sem seios proibidos
para que ardam todos os sentidos
como se fosse nossa a tua madrugada.
E transpiro o bafo quente da ousadia inventada,
porque finalmente todos os desejos são possíveis.
E alinho num compasso o que de mim desfaço,
qual ângulo sem hipotenusa
nesta dor confusa onde só aconteço para voltar.
Mas, nada é demasiado simples!
Ainda mais o amor mais querido,
o embraço do beijo mais procurado.
E aqui, tão distante,
o sonho fica sempre fora do longe.
acontecida em contramão,
num lúmen tão ardente, chama intransigente,
alegoria de estrela arrependida.
És uma causa perdida como toda a loucura medida,
como se ama insanamente a paixão à deriva,
onde eu perco a tua rota.
Bússola avariada sem seios proibidos
para que ardam todos os sentidos
como se fosse nossa a tua madrugada.
E transpiro o bafo quente da ousadia inventada,
porque finalmente todos os desejos são possíveis.
E alinho num compasso o que de mim desfaço,
qual ângulo sem hipotenusa
nesta dor confusa onde só aconteço para voltar.
Mas, nada é demasiado simples!
Ainda mais o amor mais querido,
o embraço do beijo mais procurado.
E aqui, tão distante,
o sonho fica sempre fora do longe.
,2016,08.aNTÓNIODEmIRANDA
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Leonard Cohen
Joan of Arc
Now the flames they followed Joan of Arc
as she came riding through the dark;
no moon to keep her armour bright,
no man to get her through this very smoky night.
She said, "I'm tired of the war,
I want the kind of work I had before,
a wedding dress or something white
to wear upon my swollen appetite." Well, I'm glad to hear you talk this way,
you know I've watched you riding every day
and something in me yearns to win
such a cold and lonesome heroine.
"And who are you?" she sternly spoke
to the one beneath the smoke.
"Why, I'm fire," he replied,
"And I love your solitude, I love your pride." "Then fire, make your body cold,
I'm going to give you mine to hold,"
saying this she climbed inside
to be his one, to be his only bride.
And deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and high above the wedding guests
he hung the ashes of her wedding dress. It was deep into his fiery heart
he took the dust of Joan of Arc,
and then she clearly understood
if he was fire, oh then she must be wood.
I saw her wince, I saw her cry,
I saw the glory in her eye.
Myself I long for love and light,
but must it come so cruel, and oh so bright?
quinta-feira, 10 de novembro de 2016
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
terça-feira, 8 de novembro de 2016
Woody Guthrie- This Land Is Your Land ! É só para a América não esquecer...
THIS LAND IS YOUR LAND
WORDS AND MUSIC BY WOODY GUTHRIE
This land is your land This land is my
land
From California to the New York
island;
From the red wood forest to the Gulf Stream waters
This land was made for you and Me.
As I was walking that ribbon of highway,
I saw above me that endless skyway:
I saw below me that golden valley:
This land was made for you and me.
I've roamed and rambled and I followed my footsteps
To the sparkling sands of her diamond deserts;
And all around me a voice was sounding:
This land was made for you and me.
When the sun came shining, and I was strolling,
And the wheat fields waving and the dust clouds rolling,
As the fog was lifting a voice was chanting:
This land was made for you and me.
As I went walking I saw a sign there
And on the sign it said "No Trespassing."
But on the other side it didn't say nothing,
That side was made for you and me.
In the shadow of the steeple I saw my people,
By the relief office I seen my people;
As they stood there hungry, I stood there asking
Is this land made for you and me?
Nobody living can ever stop me,
As I go walking that freedom highway;
Nobody living can ever make me turn back
This land was made for you and me.
“Woodrow Wilson "Woody"
Guthrie (Okemah, 14 de julho de 1912 — Nova Iorque, 3 de outubro de
1967) foi um cantor e compositor americano de folk music. Seu legado
musical é composto por centenas de músicas, baladas e obras
improvisadas que abrangem desde temas políticos, músicas
tradicionais até canções infantis. Guthrie tocava frequentemente
com sua guitarra que possui o slogan "This machine kills
fascists" ("Esta máquina mata fascistas"). É talvez
mais bem conhecido por sua canção "This Land Is Your Land",
regularmente cantada nas escolas americanas. Muitas de suas músicas
gravadas estão arquivadas na Biblioteca do Congresso, nos Estados
Unidos.
Guthrie viajou com trabalhadores
migrantes de Oklahoma para a Califórnia e aprendeu canções de folk
e blues tradicionais. Suas canções contam suas experiências na
Dust Bowl durante a Grande Depressão.”
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
ALERGIA
Sou alérgico à comodidade da sensatez e não me impressiona a sensibilidade à flor da pele. Nutro um carinho, devo confessar, nem sempre presente, pela discrepância exageradamente não assumida. Não gosto das conclusões óbvias, das verdades ideológicas e muito menos da lógica vaticinada. Gosto dos fins sem futuro enunciado,
da bravura da não condição e sobretudo das conversas libertas de qualquer comprometimento. Sou para além de qualquer procuração assistida, principalmente quando esta concerne a algum sentimento que eu já tenha apagado. Sou alérgico ao gelo no Jack Daniel`s, à controvérsia da insanidade e mais ainda, aos manuais de maus ensinamentos.
Também não gosto de diplomas, axiomas liofilizados, carcinomas e tac`s que inflacionam a ignorância de qualquer conhecimento.Sou alérgico à cadeira eléctrica que me ofereceram
Também não gosto de diplomas, axiomas liofilizados, carcinomas e tac`s que inflacionam a ignorância de qualquer conhecimento.Sou alérgico à cadeira eléctrica que me ofereceram
para grelhar ideias que me enternecem. Gosto da nostalgia que me obriga a lembrar aquilo que gosto. Sou alérgico à simpatia pateta com que alguns copos mal aconselhados, pensam assim, mostrar-me o seu ensebado apreço.
Gosto de mim! Assim!
Mas só quando me apetece.
Gosto dos sobrescritos com direcção errada, morada sem endereço, aviso de recepção directamente ligado à imprevisilidade que sempre me faz pensar que não sou o único nem o último que continua a bater na sorte ao lado.
Até breve, na angústia seguinte.
Já vou e já levo a alergia que segue dentro de momentos.
Gosto de mim! Assim!
Mas só quando me apetece.
Gosto dos sobrescritos com direcção errada, morada sem endereço, aviso de recepção directamente ligado à imprevisilidade que sempre me faz pensar que não sou o único nem o último que continua a bater na sorte ao lado.
Até breve, na angústia seguinte.
Já vou e já levo a alergia que segue dentro de momentos.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
APP
Por ti ousei mudar a história.
Tardiamente constatei que me faltavam
os capítulos principais. Perdi-me na excitação das
enciclopédias de bolso que só me fizeram
voltar ao início da minha ignorância.
Sinto por nós a fragância do perfume
por muitos já usado. Possivelmente os eventuais
amantes continuarão a dizer que entre eles
esta desilusão nunca irá acontecer.
Mas isto é cousa de pouca monta.
Solução disponível usando uma aplicação
tecnológica amiga das causas alheias.
Tão amiga
que sem darem por ela,
lhes afecta a ponta.
A mentira mais dolosa é aquela que admitimos não a ser.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Tardiamente constatei que me faltavam
os capítulos principais. Perdi-me na excitação das
enciclopédias de bolso que só me fizeram
voltar ao início da minha ignorância.
Sinto por nós a fragância do perfume
por muitos já usado. Possivelmente os eventuais
amantes continuarão a dizer que entre eles
esta desilusão nunca irá acontecer.
Mas isto é cousa de pouca monta.
Solução disponível usando uma aplicação
tecnológica amiga das causas alheias.
Tão amiga
que sem darem por ela,
lhes afecta a ponta.
A mentira mais dolosa é aquela que admitimos não a ser.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
ERAMOS JOVENS NAQUELE ANO DE AGOSTO
Percorri-te as ancas
com uma erótica plasticina
porque é assim
que se moldam as obras de arte.
Não aprendi isto em lado nenhum
mas o jejum obrigatório
que me impediu de comer-te
originou um desejo suspenso
concluído na imensidão
dos pretensos pecados.
Perante o olhar contemplativo
dos verdadeiros santos,
aqueles que tapam os olhos
para assim nada dizerem
das poucas vergonhas
que também acontecem
em certos lugares sagrados.
Não era nada connosco!
Repetimos várias vezes.
Todos os dias.
Eramos jovens
naquele ano de Agosto.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
com uma erótica plasticina
porque é assim
que se moldam as obras de arte.
Não aprendi isto em lado nenhum
mas o jejum obrigatório
que me impediu de comer-te
originou um desejo suspenso
concluído na imensidão
dos pretensos pecados.
Perante o olhar contemplativo
dos verdadeiros santos,
aqueles que tapam os olhos
para assim nada dizerem
das poucas vergonhas
que também acontecem
em certos lugares sagrados.
Não era nada connosco!
Repetimos várias vezes.
Todos os dias.
Eramos jovens
naquele ano de Agosto.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
LISBOA AVENIDA 24 DE JULHO
Alguma ajuda por favor!
Estava escrito na ausência da condição,
num quadrado de papelão
desenhado com as letras
mais chicoteadas do mundo.
Olhei com um pretenso fingimento
este cartão de visita.
E é isto que não disfarça a minha culpa.
Tenho cântaros com mágoas a transbordar.
E
declaro esta oferta
permanentemente disponível.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Estava escrito na ausência da condição,
num quadrado de papelão
desenhado com as letras
mais chicoteadas do mundo.
Olhei com um pretenso fingimento
este cartão de visita.
E é isto que não disfarça a minha culpa.
Tenho cântaros com mágoas a transbordar.
E
declaro esta oferta
permanentemente disponível.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
A VIDA É COMO A TORRE DE PISA
O mundo já não é o que era.
Teima em envelhecer-me
cravando-me nas costas ponteiros
que não sei acertar.
Há que respeitar a minha ausência
nos amanheceres em que não me apetece
discutir o preço.
Nada sei deste mistério
ou mesmo se é caso sério,
mas talvez alguma ostra tardiamente aberta
me diga qualquer coisa.
Talvez um risco de Magritte
me aconchegue este constante
tremendo mal estar.
A vida é como a torre de Pisa :
quando começa a ficar torta,
poucas vezes se endireita.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Teima em envelhecer-me
cravando-me nas costas ponteiros
que não sei acertar.
Há que respeitar a minha ausência
nos amanheceres em que não me apetece
discutir o preço.
Nada sei deste mistério
ou mesmo se é caso sério,
mas talvez alguma ostra tardiamente aberta
me diga qualquer coisa.
Talvez um risco de Magritte
me aconchegue este constante
tremendo mal estar.
A vida é como a torre de Pisa :
quando começa a ficar torta,
poucas vezes se endireita.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
DEUS, OUVES ISTO?
Deus, ouves isto?
Aleppo está no teu dicionário?
Vou bombardear-te!
E com toda a química da minha raiva!
Já nada me diz a vossa pretensa boa vontade
gozada na asquerosa farsa das vossas desculpas.
Ouves isto?
Ou estás demasiado ocupado?
Ainda não se pode fugir para Marte
sem escala em Lampedusa, Lesbos ou Calais.
Estou farto dos sermões pacificadores financiados
com crimes que queremos apaziguar.
Não tenho tréguas para a tua imperfeição,
nem palmas para abater os teus discursos.
Ouves isto?
Como poderei eu invadir o teu tablet,
quando só penso em espoletar a tua mentira?
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Aleppo está no teu dicionário?
Vou bombardear-te!
E com toda a química da minha raiva!
Já nada me diz a vossa pretensa boa vontade
gozada na asquerosa farsa das vossas desculpas.
Ouves isto?
Ou estás demasiado ocupado?
Ainda não se pode fugir para Marte
sem escala em Lampedusa, Lesbos ou Calais.
Estou farto dos sermões pacificadores financiados
com crimes que queremos apaziguar.
Não tenho tréguas para a tua imperfeição,
nem palmas para abater os teus discursos.
Ouves isto?
Como poderei eu invadir o teu tablet,
quando só penso em espoletar a tua mentira?
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
QUANDO A BELEZA BATE
Quando a beleza bate,
é justo falar de pétalas doridas,
dos despojos da falência total,
de todos os desvios sangrentos
e da denúncia amarrotada com efeitos aplicados.
Quando a beleza bate,
o nosso fabrico próprio não gera uma só qualidade
e tem o gosto da eficácia dos incapazes.
Nuances recheadas de presunções imbatíveis
enquanto cada minuto fere mais que o anterior.
Quando a beleza bate,
leva-nos à próxima paragem
onde apanhamos a ternura desnudada
para as horas arrendadas
que sofremos na escola preparatória dos desejos.
Quando a beleza bate,
faz de nós gente sem pés na alma
e oferece-nos a vitrificação das lágrimas
que agora se refugiam
na avenida da gentileza absurda.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
é justo falar de pétalas doridas,
dos despojos da falência total,
de todos os desvios sangrentos
e da denúncia amarrotada com efeitos aplicados.
Quando a beleza bate,
o nosso fabrico próprio não gera uma só qualidade
e tem o gosto da eficácia dos incapazes.
Nuances recheadas de presunções imbatíveis
enquanto cada minuto fere mais que o anterior.
Quando a beleza bate,
leva-nos à próxima paragem
onde apanhamos a ternura desnudada
para as horas arrendadas
que sofremos na escola preparatória dos desejos.
Quando a beleza bate,
faz de nós gente sem pés na alma
e oferece-nos a vitrificação das lágrimas
que agora se refugiam
na avenida da gentileza absurda.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
AQUILO QUE DE MIM SOBROU
Leva-me preso a corrente e eu sigo enleado
em gestos cansados que agora só me prendem a memória.
Não queria lamber recordações de abraços que nunca me adoçaram.
É longínquo o meu desejo no aperto deste beijo sempre com o sabor da partida.
E nas mãos desta temperança, escrita com suposições entediadas,
enredo laços de afecto como se a penumbra não fosse só pertença minha.
De cada vez que ponho os pés no chão,
sinto o hálito do alcatrão a entupir os poros da minha fachada.
E é custoso este caminho, mesmo quando minto outro modo de estar.
Tocam-me silêncios com a textura da ausência,
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Pai ! (Há 29 anos que não falamos) POEMA PARA ABÍLIO de MIRANDA (1927.12.04 – 1987.11.03)
Podemos começar ouvindo Charles Aznavour cantando “ La Bohème” ou para momentos mais sérios escutar a “ Avé Maria “ de Schubert. Passaram-se dias, muitos deles acompanhados daquelas cores feitas com lágrimas. Alguns ainda em que o sangue beijou o chão. Foi numa terça feira, ao cair da tarde ( sei agora que é o momento em que o sol vai dormir com a lua), que me disse as suas últimas pala...vras : às 7 vou deixar de ser anão . Levanta-me ! … E assim, partimos os dois, o senhor abraçando os meus braços. Ás vezes sinto-me como uma criança perdida, mirando uma qualquer estrela que passeia despreocupada lá naquele lugar com um nome tão estranho e tão longe. Ás vezes sinto-me cansado e durmo como se mil sonhos estivessem á espera de me acordar.
A verdade é que estou menos novo, e, a Mãe, o Jorge Faria, o tio António e a Guilhermina, já não podem ficar nas fotografias. A vida vai gastando o tempo e filtrando na sua imensa paciência, os verdadeiros amigos. Não me arrependo de lhe ter dito algumas verdades ( daquelas que doem a sério ), mesmo sabendo que estava pronto para a viagem. Recordo-me das nossas festas, das nossas canções, cantadas como só aqueles que se gostam podem fazer. Tenho na garganta o sabor daquele “americano”. Tenho na pele a promessa de tomar conta da Mãe.
Tenho no coração a mais linda declaração de amor ( falava você com a Mãe), que alguma vez ouvi.
Tenho a certeza que você era diferente dos outros !
Lembro-me perfeitamente quando com um sorriso cúmplice me dizia : tens lá em baixo livros “novos”. O que eu aprendi consigo !
Sentado neste banco de memórias, deixo-lhe a minha saudade.
A verdade é que estou menos novo, e, a Mãe, o Jorge Faria, o tio António e a Guilhermina, já não podem ficar nas fotografias. A vida vai gastando o tempo e filtrando na sua imensa paciência, os verdadeiros amigos. Não me arrependo de lhe ter dito algumas verdades ( daquelas que doem a sério ), mesmo sabendo que estava pronto para a viagem. Recordo-me das nossas festas, das nossas canções, cantadas como só aqueles que se gostam podem fazer. Tenho na garganta o sabor daquele “americano”. Tenho na pele a promessa de tomar conta da Mãe.
Tenho no coração a mais linda declaração de amor ( falava você com a Mãe), que alguma vez ouvi.
Tenho a certeza que você era diferente dos outros !
Lembro-me perfeitamente quando com um sorriso cúmplice me dizia : tens lá em baixo livros “novos”. O que eu aprendi consigo !
Sentado neste banco de memórias, deixo-lhe a minha saudade.
Não sei qual é a pressa de acelerar a minha corrida.
Afinal a vida continua a ser um lugar estranho para se morrer !
,aNTÓNIODEmIRANDA
Afinal a vida continua a ser um lugar estranho para se morrer !
,aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
O Único Verdadeiro Deus Vivo: OBRIGÁDÔDevo agradecer aos turistas o desenvolv...
O Único Verdadeiro Deus Vivo:
OBRIGÁDÔ
Devo agradecer aos turistas o desenvolv...: OBRIGÁDÔ Devo agradecer aos turistas o desenvolvimento cultural da chacota Nacional. Devo agradecer aos turistas a possibilidad...
OBRIGÁDÔ
Devo agradecer aos turistas o desenvolv...: OBRIGÁDÔ Devo agradecer aos turistas o desenvolvimento cultural da chacota Nacional. Devo agradecer aos turistas a possibilidad...
CONVERSAS COM DEUS (6)
É para ti que eu ralho,
sóbrio como de costume,
conquanto não entenda as tuas sugestões
para melhorar a humanidade.
Não consumo o teu ópio,
nem cobiço a corrente dourada
pendurada no pescoço,
só para atrofiar os estúpidos
que acreditam numa coisa tão mentirosa.
Patético sermão
incrustado de genuflexões sujas
enquanto monsenhores
enrabam outros senhores.
Nada é pecado nesta oração
rezada de joelhos
quando se esconde o ouro assassino
destilado nos corredores
onde tudo é absolvido.
E as criancinhas?
Deixai-as crescer.
Por agora é crime.
E temos outras coisas para foder!
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
sóbrio como de costume,
conquanto não entenda as tuas sugestões
para melhorar a humanidade.
Não consumo o teu ópio,
nem cobiço a corrente dourada
pendurada no pescoço,
só para atrofiar os estúpidos
que acreditam numa coisa tão mentirosa.
Patético sermão
incrustado de genuflexões sujas
enquanto monsenhores
enrabam outros senhores.
Nada é pecado nesta oração
rezada de joelhos
quando se esconde o ouro assassino
destilado nos corredores
onde tudo é absolvido.
E as criancinhas?
Deixai-as crescer.
Por agora é crime.
E temos outras coisas para foder!
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
LIÇÃO DA VIDA
1. A perfeição é um molotov.
Usemo-lo a preceito.
2. Vamos para o importante.
Porque o resto já está feito.
3. Complicamos o gosto.
Mastigamos o sabor.
Arrotamos o desgosto.
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
Usemo-lo a preceito.
2. Vamos para o importante.
Porque o resto já está feito.
3. Complicamos o gosto.
Mastigamos o sabor.
Arrotamos o desgosto.
ELE, AMIGO FIEL...
Gostaria que as coisas, as importantes e aquelas com alguma importância, ferissem palavras com a devida relevância. Mas a importância, a importante importância, não passa de uma singela homenagem àquilo que pensamos ser relevante. Mas, pensamos no resto, aquilo a que não damos importância, o arquivo que escoa a memória, que de tanto incómodo causado, relegamos para a vaga ideia. A vaga ideia, torna-se assim o refúgio que ilustramos com páginas de ingénua conveniência, adoçando-a com açúcar mascavado, longe das formigas curiosas, sempre prontas para invadir este triste engano. Aqui a ilusão é o nosso sem abrigo que sorrateiramente escondemos para que ninguém descubra o enredo tecido.
Para que o perigo não apareça, só contamos este segredo, deitados no divã , atentamente escutados pelo nosso consultor ginecológico.
Ele, amigo fiel, depois do discreto pagamento, promete-nos que a recepcionista, embalada em meias de rede, púbis aparada e bigode rarefeito, nada irá contar à sua mamã.
Sacode um olhar preocupado.
Já está atrasado.
A carrinha do hospício espera-o para o acompanhar à sessão habitual.
Para que o perigo não apareça, só contamos este segredo, deitados no divã , atentamente escutados pelo nosso consultor ginecológico.
Ele, amigo fiel, depois do discreto pagamento, promete-nos que a recepcionista, embalada em meias de rede, púbis aparada e bigode rarefeito, nada irá contar à sua mamã.
Sacode um olhar preocupado.
Já está atrasado.
A carrinha do hospício espera-o para o acompanhar à sessão habitual.
CONSIDEREM-SE OSCULADOS
Grato!
Infinitamente grato pela vossa atenção.
Considerem-se osculados.
Prometo solenemente,
assim não me falte tempo e disposição,
entupir com a estupidez das vossas cinzas,
qualquer pista prometedora
que vos conduza à absolvição.
Obrigado pela atenção dispensada.
Endereço-vos os melhores cumprimentos
E, agora que já nos fartamos,
despeço-me de vós
com os meus melhores pêsames.
Apesar de tudo,
foi uma enorme perda de tempo,
admitir sequer a inviável hipótese
de vos ter conhecido.
Atentamente,
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
Infinitamente grato pela vossa atenção.
Considerem-se osculados.
Prometo solenemente,
assim não me falte tempo e disposição,
entupir com a estupidez das vossas cinzas,
qualquer pista prometedora
que vos conduza à absolvição.
Obrigado pela atenção dispensada.
Endereço-vos os melhores cumprimentos
E, agora que já nos fartamos,
despeço-me de vós
com os meus melhores pêsames.
Apesar de tudo,
foi uma enorme perda de tempo,
admitir sequer a inviável hipótese
de vos ter conhecido.
Atentamente,
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
DEIXEI A ESPERANÇA A SECAR NO VARAL
Não me entregues o amor.
Esta não é a altura ideal.
Eu sei que o teu erro não me engana,
que sou só eu, quando dizes o único que amas.
Tenho guardado num envelope a escrita das nossas traições
e nas telas que pintamos com velhas molduras mentirosas,
decoramos auto-retratos onde sempre estivemos ausentes.
Não me entregues o amor.
Sabes tanto como eu, que ele morreu numa taça de champanhe
quebrada muito antes da nossa paixão.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
Esta não é a altura ideal.
Eu sei que o teu erro não me engana,
que sou só eu, quando dizes o único que amas.
Tenho guardado num envelope a escrita das nossas traições
e nas telas que pintamos com velhas molduras mentirosas,
decoramos auto-retratos onde sempre estivemos ausentes.
Não me entregues o amor.
Sabes tanto como eu, que ele morreu numa taça de champanhe
quebrada muito antes da nossa paixão.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
OBRIGÁDÔ
Devo agradecer aos turistas o desenvolvimento cultural da chacota Nacional.
Devo agradecer aos turistas a possibilidade geográfica de a Trafaria ser uma estância turística do norte de África.
Devo agradecer aos turistas a liquidação local de Lisboa.
Devo agradecer aos turistas o pastel de bacalhau com queijo, assim como as bifanas sem aquele molho gorduroso e nojento.
Devo agradecer aos turistas a infindável espera do 727, assim como a inutilidade do meu passe social.
Nunca me irei esquecer, claro, de agradecer aos turistas, o cheiro pestilento da comida de plástico que encharca a tipicidade desta cidade.
Devo agradecer aos turistas a sua imaculada estupidez, passeada em qualquer tuk tuk com o som estereofónico das suas curiosidades.
Devo agradecer aos turistas, este trânsito de troleys que desgostam os passeios, assim como o seu sempre patético sorriso que de tão tonto, torna o meu, amarelo.
Devo agradecer aos turistas, o enlevo com que poisam as patas nos bancos dos comboios , o ruído nos restaurantes, o terem-me ensinado a comer ameijoas de faca e garfo, a possibilidade cada vez mais rara, de saborear a verdadeira comida Portuguesa.
Devo agradecer aos turistas a sua sábia ecologia, a sua natural imbecilidade que os faz não respeitar as filas, entrarem pela porta de saída e ocuparem os lugares reservados para velhos, grávidas e crianças. Devo agradecer aos turistas a impossibilidade de alugar uma casa com o preço correcto, de saborear um simples café sem ser incomodado pela sua vista, e eventualmente com um inadequado pedido de uma foto.
Devo agradecer aos turistas a conspurcação dos cheiros destas ruas, a ocupação dos sentidos , a usurpação da identidade desta Lisboa cada vez menos parecida.
Não posso deixar de agradecer aos turistas a iniquidade da sua presença, assim como o ridículo da sua presunção e a minha não obstipação dedicada à sua memória.
E agora, isto é a sério:
Agradeço o retour chez vous.
Merci pró cu!
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
Devo agradecer aos turistas a possibilidade geográfica de a Trafaria ser uma estância turística do norte de África.
Devo agradecer aos turistas a liquidação local de Lisboa.
Devo agradecer aos turistas o pastel de bacalhau com queijo, assim como as bifanas sem aquele molho gorduroso e nojento.
Devo agradecer aos turistas a infindável espera do 727, assim como a inutilidade do meu passe social.
Nunca me irei esquecer, claro, de agradecer aos turistas, o cheiro pestilento da comida de plástico que encharca a tipicidade desta cidade.
Devo agradecer aos turistas a sua imaculada estupidez, passeada em qualquer tuk tuk com o som estereofónico das suas curiosidades.
Devo agradecer aos turistas, este trânsito de troleys que desgostam os passeios, assim como o seu sempre patético sorriso que de tão tonto, torna o meu, amarelo.
Devo agradecer aos turistas, o enlevo com que poisam as patas nos bancos dos comboios , o ruído nos restaurantes, o terem-me ensinado a comer ameijoas de faca e garfo, a possibilidade cada vez mais rara, de saborear a verdadeira comida Portuguesa.
Devo agradecer aos turistas a sua sábia ecologia, a sua natural imbecilidade que os faz não respeitar as filas, entrarem pela porta de saída e ocuparem os lugares reservados para velhos, grávidas e crianças. Devo agradecer aos turistas a impossibilidade de alugar uma casa com o preço correcto, de saborear um simples café sem ser incomodado pela sua vista, e eventualmente com um inadequado pedido de uma foto.
Devo agradecer aos turistas a conspurcação dos cheiros destas ruas, a ocupação dos sentidos , a usurpação da identidade desta Lisboa cada vez menos parecida.
Não posso deixar de agradecer aos turistas a iniquidade da sua presença, assim como o ridículo da sua presunção e a minha não obstipação dedicada à sua memória.
E agora, isto é a sério:
Agradeço o retour chez vous.
Merci pró cu!
2016,10aNTÓNIODEmIRANDA
terça-feira, 1 de novembro de 2016
Um poema do Miguel Martins.
E se as aves estacarem em pleno voo e ficarem imóveis
na pintura de Deus? E se Deus estiver indisponível
e a remoção do corpo não remover o olhar? E se ficarmos
para sempre olhando aquela imagem feita de azul e branco
e negro, desbotados por um sol manso, de esperança...
ainda em esboço? E se a Eternidade for um jogo de xadrez
perpetuamente empatado, uma água estagnada que
enverdece como os cobres de uma casa abandonada?
É provável que o encanto seja fraco descanso, que o tédio
sobrevenha ao veraneante, que o trocaria por uma hora
de juventude, de joelhos esfolados pelo asfalto de uma queda
logo erguida num sorriso rompante. É provável que desejemos
apenas morrer e o desejemos muito, como se aquele segundo
em que a respiração se suspende dando início ao orgasmo
pudesse durar para sempre, não como um travelling
sobre a pradaria da irrealidade, mas como um corte abrupto
que, gloriosamente, não deixa qualquer questão nas ideias
dos néscios. Sim, esperemos que o Céu um spaghetti western.
Miguel Martins
na pintura de Deus? E se Deus estiver indisponível
e a remoção do corpo não remover o olhar? E se ficarmos
para sempre olhando aquela imagem feita de azul e branco
e negro, desbotados por um sol manso, de esperança...
ainda em esboço? E se a Eternidade for um jogo de xadrez
perpetuamente empatado, uma água estagnada que
enverdece como os cobres de uma casa abandonada?
É provável que o encanto seja fraco descanso, que o tédio
sobrevenha ao veraneante, que o trocaria por uma hora
de juventude, de joelhos esfolados pelo asfalto de uma queda
logo erguida num sorriso rompante. É provável que desejemos
apenas morrer e o desejemos muito, como se aquele segundo
em que a respiração se suspende dando início ao orgasmo
pudesse durar para sempre, não como um travelling
sobre a pradaria da irrealidade, mas como um corte abrupto
que, gloriosamente, não deixa qualquer questão nas ideias
dos néscios. Sim, esperemos que o Céu um spaghetti western.
Miguel Martins
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