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sexta-feira, 29 de abril de 2016

TROCADILHO PARA RUI CHAFES

Passeava alegremente
ostentando um porta Chafes do Rui Chaves.
& admirava-se consigo próprio por ser objecto ...
de tanto olhar indiscreto.




,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A CONDIÇÃO DO POETA

Andamos para aqui a sarapintar vírgulas num papel qualquer.
Sabes, os poetas não têm uma fama lá muito aconselhável.
Há quem diga que têm na alma um teclado de uma máquina de escrever.
E não são muito rígidos na escolha das palavras adequadas.
Às vezes pintam imagens estranhas, como se falassem com elas.
Abusam constantemente nas cargas etílicas.
Têm sempre uma pressa urgente.
E lavam pouco os pensamentos.
Enfeitam com um laço as ilusões,
Ouvem outras vozes frequentemente
E são geralmente doidos por um par de asas.
São singelos na leitura de cartografias,
Aparecem tímidos nas fotografias
E passam muitas tardes a corrigir epitáfios.
E beatificamente despedem-se com a bênção habitual:
Que deus vos acompanhe,
Porque eu já não sei o caminho.
Aqueles, ditos subversivos,
Apostam sempre na barata tonta,
E lisonjeiam com desdém matraquilhos curiosos,
que vomitam sílabas mal cheirosas.
Os poetas não são assim,
Mas também nunca poderiam ser o contrário.
Têm ritmos de alquimia,
E, sentados, tentam colorir outro cenário.
Pensam que falam como as pessoas,
Discutem amiúde anatomias sintéticas,
Descansam os olhos com atitudes patéticas,
E sorriem como se fizessem parte do mundo.
Cultivam simpatias incompreensíveis,
Dão longos passeios envoltos num manto de nevoeiro,
Chamando alguém em forma de estátua, de Sebastião.
Odeiam parapeitos supersticiosos
E escorrem por uma corda fictícia
até pisarem os pés da lua.
Dois poetas nunca se encontram,
mas abraçam-se com um código secreto
e sabem de cor a maliciosa password.
Os poetas têm importâncias não definidas,
E sangram como crianças,
Pelo poema que nunca poderão escrever.
Vivem em forma de tempestade,
o tempo que constantemente lhes foge.
Cavalgam como um puro sangue,
mas enganam-se sempre na corrida.
Sabem que não há futuro na poesia,
Mas enquanto poetas acreditam na sua eventualidade.
Há quem diga que não são normais!
Até mesmo difíceis!
Têm sempre um copo na mão,
Donde bebem sessões contínuas de dignidade.
Nunca renegam a condição de ser poeta.


2016
aNTÓNIODEmIRANDA


Pois....


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Para Jack Kerouac.


A ARTE DE MERDITAR


Enjoou do lótus
e escolheu o ferrari.
O datsun tri S
roído de inveja
arranhou com a 4ª
todos os sentidos proíbidos.
O incenso
indisposto
optou por queimar-lhe
o único pau da inteligência.
Encontrou a alma gémea
numa cabeça de fósforo
com saudades do último
mantra em Paris.


,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA


segunda-feira, 25 de abril de 2016

AS PORTAS DE ABRIL QUE SE FECHARAM

Gostaria que estas palavras não tivessem o sabor de uma esperança agredida.
Gostaria que o direito á diferença não fosse uma situação ocasional.
Gostaria que o respeito fosse uma opção institucionalizada.
Gostaria que a utopia fosse uma ideia minimamente aceitável.
Sobretudo gostaria que as pessoas não tivessem a necessidade constante de continuarem a serem enganadas.
Porque :
As portas existem para serem abertas.
As portas fechadas são sempre ideias erradas !
Nunca negarei aquilo que valho, porque o que sou não será nunca o vosso número preferido
& ninguém terá de ser um mero assistente operacional.
Não me transformem num assassino !
Por muito que queiram, não matarei nunca esta intenção:
continuo a alimentar a esperança possível e garanto-vos que a vossa imbecilidade jamais condicionará a minha vontade.
EU SEI AQUILO QUE QUEREM !
Mas...
não é culpa minha se a vossa realidade me constrinja a fazer guerra a tanta maldade.
Pois é...
Não vemos o mesmo filme | Não lemos o mesmo livro | E o vosso diccionário continua a dar um significado MENTIROSO (da vossa
errada conveniência), das palavras mais importantes.
TANTA BOMBA MAL CAÍDA !




2014abr12

aNTÓNIOdemIRANDA

sexta-feira, 22 de abril de 2016

NADA CONTRA

Não tenho nada contra certas pessoas!

Mesmo assim, Não Gosto Delas!

,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA


ASSIDUAMENTE PRESUNÇOSO


Depois de mim,

o

delírio!



,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

PEDRA BASILAR

Era unanimemente reconhecida como a pedra basilar.
Porém sempre que passavam por ela
cão nenhum falhava a mijadela.


,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA


GATO PINGADO

Era o dia da inauguração.
Foi convidado.
"Pode aparecer mais tarde".
Entrou envergonhado.
Ambiente animado.
Coquettes à discrição.
Piadas encardidas.
Discretamente levou o catálogo.
..& só por cortesia
tirou todas as medidas.




,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

quarta-feira, 20 de abril de 2016

BORNAL

As rosas não são fáceis.
Viver a vida que não queremos
é uma angústia sempre molhada
e ler a nossa história ladrada
por alguém que não nos conhece,
acaba sempre por nos magoar.
Lembro-me de muitas noites em que dormi na praia
debaixo de barcos
que me ofereciam o mais bonito dos céus.
Tinha no bornal uma lata de atum, pão escuro
e uma bíblia que me lia o poema de embalar mais apetecido.
Não me lembro como adormecia mas nunca tive o medo do amanhã.
Aquela solidão era tão solidária
que me permitia ser o único não só do mundo.
Foi a estrada mais bonita que amei.
Quando acordava tinha estrelas na mão
e mirava a vida com uma credibilidade inocente.
Claro que era jovem mas tinha um presente diferente.
Agora as rosas são muito mais difíceis.
Muitas vezes molham-me propositadamente
sem respeito nenhum.
Porém há ainda algumas
que me reconhecem e como amigas que são,
mentimo-nos descaradamente quando dizemos :
estás na mesma.
& abraçamos os sorrisos daquele tempo.
Mas as rosas não são fáceis.
Já são poucas aquelas a quem posso escrever.
Não sei o tempo que me resta
para tocá-las com a minha amizade.
As rosas não são fáceis e eu também não me sinto melhor.
Amanhã melhor será!
( Estimo esta ideia ).

,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

ESQUINAS DA AMIZADE

Foge da polícia dos maus costumes.
Edita este anúncio
em todas as esquinas da amizade.
Foge de ti.
Sai de ti sem qualquer delicadeza
para que ninguém
persiga o teu sonho.

,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

A MINHA CANETA

Gosto tanto desta caneta
que por tanto ela me sentir
não se esquece nunca
de me desenhar desejos
para eu continuar a gostar do carinho
com que arranha esta folha.
Amanhã
e porque não me vou esquecer
vou apresentá-la ao Tomás.
Ele é artista.
Assim, duas almas
têm uma conversa marcada.
Todos os anjos
invadirão o paraíso.
& eu ficarei
ainda mais contente.


,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

DIZEM-ME QUE NÃO É FÁCIL

As minhas noites são suaves.
Espera-me um acordar bem disposto.
Como Ferlinghetti costumava dizer
passo muito tempo com sorrisos
tranquilos.
Não quero complicar os ponteiros
e estarei sempre atento
para abraçar
mesmo aqueles dias
com a felicidade envergonhada.
Dizem-me que não é fácil.

Ok!
Mas o difícil também acontece.



,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

A VER VAMOS!


Não sou o mais só!

Mas fará isto de mim

o mais único?

A ver vamos!

Como diria o Ray Charles.



,2016,04.aNTÓNIODEmIRANDA

OS CHAMPS ELYSÉES

Os trapos esconderam os soluços do amanhecer
que puderam finalmente dormir aconchegados
em papeis de milho, velha memória dos gitanes
que adorava fumar lá em Paris onde amparei
lágrimas estúpidas que nadavam
em formol climatizado debaixo daquela ponte
onde enrolado no saco cama
escondia o medo de estar sozinho
num mundo que então eu pensava que tinha gente.
Paris não era um lugar qualquer.
Tive sempre o desejo de a amar.
Encostei-me sempre que pude aos seus encantos
e na espuma do Sena no modo mais jeitoso
fecundei a minha imaginação
colorindo decalcomanias com um spray
propositadamente tóxico para
que os saqueadores do tempo
não inflamassem as luzes que ocupavam
o resto de uma oração que adormecia antes de mim.
Paguei uma demi à roda do infortúnio
e Grappelli discretamente agradeceu-me.
Naquele domingo fui parar à Notre Dame
e o meu bom desempenho no Português
conseguiu alguns francos
que mais tarde em Montmartre
entreguei a uma Edith com olhos tão vítreos
que me fizeram acreditar que choramos juntos.
Mais tarde contaram-me que uma esmeralda
percorria desalmadamente os Champs Elysées à minha procura.
Mas isso nunca teve nada a ver comigo.
Abraçava outras canções no Beaubourg.



,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA


4º ANDAR

O patamar do 4º andar faz-me cócegas
Não sei como lá chegar
A minha private cleaner tem vertigens.
Prometi-lhe meias de vidro com ligas
E costura exterior para perfumar
As suas suaves côxas.
Mas ela sempre difícil
Deixou-me rouco
Com a sua desconfiada convicção.
Alimentei que não era maldosa a minha ideia.
Prometi-lhe a tal pizza,
Num elaborado italiano
Capaz até de convencer
O sinaleiro mais bailarino.
Respondeu com aquele brilho nos olhos:
Onde é que ele está?
Dirigi-me à roulotte mais próxima
e engoli uma bifana entardecida.
Enviou-me um sms escrito à pressa
Com um alfabeto longe de mim.
Adormeci ingloriamente
Na noite ingratamente habitual.

,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

GOSTO DA CONFUSÃO DA MINHA DESORDEM

Quando te prendo o braço embrulhando-te num mar de sargaço
já sei que vais dizer que a culpa é do bagaço
mas nem isso te safa do cangaço
porque a vida não é um mar de cópulas.
Não te curei a enfermidade
mas continuo a treinar mariposas
talvez seja da idade
mas nada mais sei fazer
do que gastar esta calosidade
com toda a hombridade
que faz de mim um exemplo
ainda incompleto de insurgência.
Enroupo reticências
e prometo todo o cuidado
neste tempero em que
virar vírgulas requer toda a paciência.
Gosto da confusão da minha desordem.
Tentarei dar notícias mal cheguem as palavras que perdi.



,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

A ÚLTIMA PÁGINA

Não tenho tempo para a complicação
do pretenso conhecimento.
Não o quero aculturar.
Gosto das damas
Com ou sem camélias
E nenhum chicote me merece respeito.
Adoro os temperos ditos absurdos
Pela falta de paladar
Das pessoas assiduamente normalizadas.
Gostos dos abre-latas entendidos
No abrir de corações complicados.
Gosto da indignação
Daquela que é feita
Com optimismos declaradamente
Não óbvios.
Gosto da conclusão natural
Que me impede de esquecer
Que sou assim.
Gosto da simplicidade declarada
Sem fingida vaidade
E não dispenso as meias
Que me calçam os passos
Que de tantas voltas
Vão dar a mim.





,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

TODA A BOA VONTADE

Há quem tenha na mão a hipótese da ideia.
Pica-se o cérebro com um alfinete,
satisfazendo assim o alívio
que há tanto tempo clamava.
Sento-me no resto do tempo
a catar navios tão óbvios
que fogem de uma maré que me desafina
como se fosse eu um náufrago inacabado.
Sinto o frio
de uma onda que não me quer abraçar
mas há muitos mares
que nada sei dos nós que me atam.
Continuo não apto
para receber moções de censura não classificadas.
E agora que qualquer lugar é sempre longe
tenho na mão uma bandeira
que me sopra um vento fiel.
Espero o tempo que me resta
espalhando nas horas
monções com toda a boa vontade.
2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

A CRIAÇÃO DO MUNDO

Peço-vos desculpa!
Nunca pensei que fosse tão grave!
Estava no cinema.
Tinha acabado de matar esta ideia
Quando na minha ausência
Alguém estupidamente
pensou que poderia salvá-la.


2016,04.
aNTÓNIODEmIRANDA

ASSIM NA TERRA…

Assim na terra
Como noutro lugar por aí.
Quando tinha sete anos
Sonhava ser padre.
Toureiro também
Não me fugia do sonho.
Mas marcar golos
Como o Eusébio
Era então sublime.
Mais tarde,
Fiquei-me por epístolas
Previamente improvisadas
De acordo com o meu bom gosto.


2016,04.
aNTÓNIODEmIRANDA

CUIDADO!


A     quem     dá      para       tirar

Não     se      pode      confiar.

    
,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

UMA QUESTÃO DE ESCOLHA (mensagem privada Ana Gomes da Costa)

Não sei se foi da sopa
Ou do kiwi.
Já fui duas vezes ao wc
E isto
Promete não ficar
Por aqui.


,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

SOBRIEDADE

Estou tão cansado
que não consigo imaginar outra condição.
De tão bêbado
a minha sobriedade só atrapalha
Vou cambalear
para a minha almofada
imaginando filmes
na minha cabeceira.


,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

"PANTALEÃO E AS VISITADORAS" - Mário Vargas LLosa - & eu gosto muito deste livro, ok?


HISTÓRIA PASSIONAL NO MEU QUARTO

1.Falava-te docemente, contudo não te prometia nada. Tu ficavas contente, colocavas LP`S e contavas tudo o que te vinha ao pensamento. Algo te faltava. Olhei para ti & sorri. Com aquele sorriso catalogado e que por isso mesmo te agradava. Como eras estúpida então. Devo dizer-te que não mudaste nada. Falei de amor, aliás do meu único amor, e como de costume perguntaste indignada e eu disse :amo! Amo! E adoro a mariajuana! Mas, também como vem sendo hábito, olhaste-me desolada. 
                                2.Inútil ! Como senti que eras inútil : nua convidando-me com os     olhos,  com o corpo, com gestos. Mas tu não precisavas do meu sexo para molhares o teu ! Há muito que estavas ejaculando. Sim o teu hálito tinha o cheiro do esperma. As tuas palavras tinham o significado do esperma. Tu inundavas o meu quarto.
                                               3.Mas de repente eu fiquei doido louco declaradamente louco descaradamente louco abusivamente louco, (louco para ti, claro!). Realmente comecei a ver-te lá… longe muito longe, afastavas- te cada vez mais veloz, tão tão veloz que nem deste tempo para eu ficar com o teu soutien.


aNTÓNIODEmIRANDA



(Lamento).

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Obrigado, Ricardo Marques ! Parabéns, Vasco Gato! Grande trabalho!

 
 

Com Nuno Moura e Patrícia Baltazar na Partícula de Deus - Barreiro |2016/04/17

Nuno Moura e Patrícia Baltazar
 
Peter
 
Um grande Poeta
 
 

PLEASE TO MEET YOU! i`ll never forget your name (Patrícia Baltazar)

Sempre que estamos
Completamos o mundo.
E ambos sabemos
que a matemática
é sempre alheia a esta amizade.
Haverá porventura gente invejosa
com olhos de não ver
aquilo que verdadeiramente
é Gostar.
Eu não lamento nunca
as ausência que não me respeitam.
Tenho em mim
veias diferentes
que definem possibilidades
por eles nunca adquiridas.
Somos assim
aquela estrela incendiada
que em nada os poderá abraçar.
Porque eles
escorrem desculpas tardias
tão inúteis que não cabem sequer
numa bolsa de rapé.
Tenho-te em mim
no lugar mais sagrado
onde continuo a guardar
pétalas de um sol
que só os meus amigos podem tocar.
Born to be wild.
Custa tanto!
Mas diz-me
haverá outro modo?
Kisses
(de um amigo inevitável).
PLEASE TO MEET YOU!



,2016,04.17,no barco do Barreiro
aNTÓNIODEmIRANDA

Catálogo TEA FOR ONE

Catálogo TEA FOR ONE

 
TEA FOR ONE
Títulos Publicados
 
Colecção Bedtime Stories
1 – Guy de Maupassant – The Substitute (ESGOTADO)
2 – Washington Irving – The German Student (ESGOTADO)
3 – James Weldon Johnson – Ragtime (ESGOTADO)
4 – Augusta Penniman – From Journal of a Whaling Voyage (ESGOTADO)
5 – Conceição Gonçalves – Nottingham (nenhures) (ESGOTADO)
 
Colecção Bicho-de-Conta
 1 – John Mateer – The Azanians (ESGOTADO)
 
Colecção Matéria Mínima
1 – Filipe Homem Fonseca – Conta Gotas (ESGOTADO)
2 – Miguel Martins – Penúltimos Cartuchos (ESGOTADO)
3 – John Mateer – The Travels / Viagens (ESGOTADO)
4 – Marta Chaves – Onde não estou, tu não existes (ESGOTADO), 2ª edição (ESGOTADO)
5 – Marta Chaves – Pensa que deixou de pensar nela (ESGOTADO)
6 – Rui Caeiro – Mamas (ESGOTADO)
7 – Jorge Fallorca – Nem sempre a lápis (ESGOTADO)
8 – Vasco Gato – Napule (ESGOTADO)
9 - Inês Dias – Em caso de tempestade este jardim será encerrado (ESGOTADO)
10 – Manuel Paes – Em equilíbrio no tempo (ESGOTADO)
11 – AAVV – Este é o meu sangue (ESGOTADO)
12 – Marta Chaves – Dar-te amor e tirar-te a vida (ESGOTADO)
13 – AAVV – De fio a pavio (ESGOTADO)
14 – Manuel Filipe – Lisboa Oriental / Oriental Lisbon (ESGOTADO)
15 – AAVV – Este é o meu corpo (ESGOTADO)
16 – Tó Carlos – Axiomática Futebolística (ESGOTADO)
17 – Manuel Paes – Fata Morgana
18 – AAVV – E chorava como quem se diluía em mel d’abelhas (ESGOTADO)
19 – Ana Tecedeiro – Rebento-ladrão (ESGOTADO)
20 – António de Miranda – Pronto Pagamento
21 – Rui Miguel Ribeiro – Terreno (ESGOTADO)
22 – António Carlos Caroço – Habilitação de Herdeiros
23 – M. Parissy – Dança (ESGOTADO)
24 – João Miguel Henriques – Fonte Breve
25 – António Miranda – Livraria Buenos Aires (ESGOTADO)
26 – Tó Carlos – Frases Namoradeiras
27 – António Miranda – Quiçe mi lá buche
28 – Ricardo Tiago Moura – Pequena Indústria
29 – Eduardo Brito – Três contos sem saída (NO PRELO)
 
Revista A4
Nº 1 – Música (ESGOTADO)

sexta-feira, 15 de abril de 2016

A primeira 5ª Feira

 
Cheguei a casa à hora do costume.
Eu sei que morreste.
Sabes,
Agora estou a chorar
a ausência da tua espera.

,2016,04,15_04,00h
aNTÓNIODEmIRANDA

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Um enorme presente! Obrigado, Alexandre Sarrazola.


 
 
 
 
 

A GERAÇÃO BEATNIK E A SUA CAPACIDADE DE IGNORAR A SOCIEDADE NORTE-AMERICANA DOS ANOS 50 - Written by Leon Bravo.

 
INTRODUÇÃO
A segunda guerra mundial teve seu fim e com ela surge o fim de seu alavancar econômico, que nutriu alguns países, entre eles, os EUA, que acabaram se encontrando numa grave crise, já vivida anteriormente em 1929 e que não poderia ser repetida, porque esta situação iria levar a nação a uma recessão sem precedentes. A classe dos operários contemplavam a própria ascensão com suas greves que chegavam a mais de 5000, quando chegávamos em 1946. Não seria comum que o governo, diante de tamanha pressão, viesse a aprovar o Ato do Emprego, garantindo o pleno emprego para diversos setores da indústria.
Tal ato governamental foi de muita valia, quebrando os problemas de desemprego da época do período do pós-guerra. Mas ainda havia outros problemas que causavam uma verdadeira avalanche como a inflação, a desvalorização salarial e o descontrole sindical das greves. A estabilidade do governo estava em xeque a tal ponto que eles criaram leis contra a classe dos operários, dificultando greves e usurpando poder dos sindicatos. A pressão do povo ajudou no reajusste salarial de forma bem moderada até que o clinch entre os trabalhadores havia atingido o limiar em 48 com a perseguição política, numa repressão memorável de lembrar a inquisição contra atividades antiamericanas.
Um comitê havia sido criado para que qualquer atividade cultural, política e intelectual fosse silenciada neste momento. De forma pontual, um pacote de medidas econômicas havia sido realizado para que o consumo interno se ampliasse, de compras a prazo e até mesmo financiamentos, expulsando as vibrações da recessão, permitindo que a economia respirasse mesmo diante da recém quebra promovida pelo período pós-guerra. Este movimento intenso de atividades fez com que um período de paz silenciosa se posicionasse em solo americano, graças ao contorno das reações revolucionárias e o refluxo da classe operária havia sido contornado como tanto se queria. Este foi o início da expansão econômica que transformaria os EUA, com a expansão do mercado imobiliário, a modernidade das estradas, ampliação de supermercados, a produção de novos eletrônicos.
Os bens de consumo atingiram uma dimensão nunca antes alçada que era a possibilidade da classe média atingir sua própria ascensão social e a ilusão da imprensa incutiu um dos maiores slogans já vistos na história da humanidade: "american way of life" Porque para ser parte do sonho americano, tem que se adaptar e aceitar aos novos ideais de consumo. Quanto mais bens materiais e mais conforto, mais ambição você possuí. Isso também iria criar a infinita confiança de prosperidade e a fixação do conservadorismo das mentalidade burguesa. A cereja do bolo ficou a cargo da caça aos comunistas, que criou um arquétipo de desconfiança aos intelectuais, vulgo eggheads. Estava sacramentado: os anos 50 dos EUA eram a república da mediocridade.
A força motriz do New Criticism
 
 
Kerouc, o libertário das letras.
A literatura oficial norte-americana tinha um extremado rigor formal graças ao New Criticism surgido da década de 1920, que mantinha as bases do academicismo em suas análises. Ela rejeitava a análise literária a partir de contextos sociais ou culturais, promovendo uma visão bem artifícial da autonomia, desvinculadas do contexto em que eram escritas, como se não sofressem influências externas de nada. Havia sim uma ideia monocrática de que o New Criticism era de ignorar e desprezar a discussão sobre as intenções do autor perante sua obra ou seu significado. O significado do texto importava, o significado fora do texto não. A burocracia da literatura e da vida estava devidamente imposta. As obras só deveriam ter valor pelos aspectos formais e para tanto novas formas e conceitos literários deveriam se versar para se adaptar aos tempos deste pseudo-modernismo.
Os defensores mais ferrenhos deste movimento foram William Empson, John Ransom, Cleanth Brooks, William K. Wimsatt, Robert Warren e Monroe Beardsley. Dessa forma eles criaram bareiras para o nascimento de novos autores porque eles deveriam apresentar o padrão exigido. E a opinião pública conservadora adorando o rechaçar destas publicações dos novos valores. Mas por um outro lado existiam o lado b. A técnica sofisticada aliada ao convencional naturalismo fez com que os aspectos formais dos livros se mantivessem intactos. A consequência era uma visão desesperada de uma sociedade destruída e sua decadência inevitável. A exposição do pessimismo e a perda do encanto do fragmento populacional intelectualizado. Ignorando a visão desembestada do conservadorismo e prosperidade, houve uma produção literária robusta durante as décadas de 40 e 50 com Langston Hughes, Saul Bellow, Norman Mailer, John Hersey, Flanery O'Connor, Carson McCullers, Truman Capote, James Baldwin e mais um número considerável de outros autores. O sentido da nova crítica era de acabar sendo o de escamotear as chagas sociais através de suas análises formais e estilísticas.
Com o surgimento do fenômeno On the Road, romance desenvolvido que rompia com os padrões em favor da escrita livre e expressiva, não poderia ser explicado facilmente. O que podia ser feito é engolir todo o sucesso arrebatador da época, sendo que os teóricos do New Criticism nada puderam fazer.
2."Vencidos... pela... vida."
A vivência de uma adolescência esfacelada e desnorteada pela depressão dos anos 30, na década de 40, bateram de frente com o obscurantismo da segunda guerra, em sua extensão e brutalidade sem fronteiras, introduzindo o perigo real da dizimação de cidades inteiras, quando viram a reação da bomba atômica. Isso só foi o início de um acúmulo de tensões sem precedentes que chegaram até a Guerra Fria. O sentimento destas pessoas eram de descrença total, em especial em seu âmbito moral e no que tangia a civilização capitalista. No olho do tornado dessas novidades, nascia uma geração progressivista e otimista, uma burguesia conformada dos valores e das novas possibilidades. E esse cenário social estranho e isento de sentidos fixos é que nascem os beatniks. Eles aparecem num momento de angústia existencial indefinida por tantas adversidades passadas, mas que clamava por uma mudança real, por valores revisitados e um estilo de vida genuíno e sem as máscaras debeladas do american way of life.
No seio da Universidade de Columbia um grupo de jovens mentes talentosas se conhecem e percebem que suas capacidades vão além das paredes de concreto do instituto escolar. Os bares de jazz e apartamentos pobres de Nova Iorque ganham novas expectativas com a inserção destas personalidades. E não suficiente, posteriormente eles iriam desbravar o país inteiro entre viagens, sem nenhum motivo aparente senão o de procurar entender e ver a vida de uma nova maneira. Lawrence Ferlinguetti, Hubert Huncle, Gary Snyder, Neal Cassady, Gregory Corso, David Kammerer, Lucien Carr e Carl Solomon se juntaram a três ícones que seriam os exemplos desta nova realidade. Um tímido e deslumbrado estudante universitário chamado Allen Ginsberg, unido a um ex-jogador de basquete juvenil, visto por muitos como um possível jogador profissional e um veterano da Marinha - o não tão jovem Jack Kerouac, liderados pelo chefe da matilha: o enigmático mas não menos importante, William Burroughs.
3.O berço das novas mentes pensantes
 


Jack Kerouac ganhou notoriedade entre a juventude com seu romance On the Road da forma mais simples possível: sendo diferente. Entretanto não se trata de um ser diferente desmotivado. Os norte-americanos já mantinham um certo desgaste pelos ideais do slogan “american way of life”, o que iria acontecer cedo ou tarde, e essa irritação é denotada enfurecidamente entre os beatniks. A ânsia de mudanças é uma realidade, ainda mais numa sociedade que vivia um moralismo secular e um convencionalismo extremado, que atava a mão de jovens pensadores e sonhadores. No On the Road, havia um rompimento de vida tradicionalista, é um ode contemplativo a vida marginalizada e romântica, que ia desde as viagens ao oeste americano até o misticismo engendrado e indefinido em sua maneira peculiar de compreender a vida e seu sentido. A nova moral é expressa de forma dinâmica em termos de mudança de conteúdo.
O herói do livro é Dear Moriarty (um personagem inspirado com as raízes até a carótida em Neal Cassady), um jovem marginalizado, preso algumas vezes por roubo de carros, vadiagem e bebedeira, que arruma diversos sub-empregos para manter seu estilo de vida boêmio e despretencioso. Moriarty é o ícone da rebeldia e da paixão pela vida, que ao lado de outro personagem, Sal Paradise (vulgo o alter ego de Jack Kerouac), mergulha de cabeça em uma série de caronas através dos EUA, sempre em busca da beleza no mundo, contemplando a beleza que ele via na população menos afeita de seu país.
A partir desta identificação da marginalização do ser humano é que se conhece o eixo central da literatura beat. Kerouac tinha fascínio por vagabundos, desordeiros e andarilhos que atravessam o país em trens de cargas e joyrides, enquanto Ginsberg era atraído por homoafetivos, delinquentes e pessoas que eram vistas como incompreendidas pelo sistema social daquela época. Burroughs, tinha interesse entre viver experiencias entre criminosos, fascínoras e viciados. Na visão dos autores beats, os excluídos da sociedade tinham alguma verdade ignorada pelo formalismo da hipocrisia social e dos seus valores. E com a descaracterização da roupagem civilizada, a sinceridade e a honestidade viria à tona. Segundo eles, as pessoas eram puras, quase santificadas, sendo corrompidas pelo trato social, mas que poderiam ser salvas se voltassem aos interesses originais de sua natureza, naquilo que é básico. O que fora feito antes com a roupagem punk.
Os beatniks formaram um dos maiores fenômenos culturais da segunda metade do século que explodiria com as movimentações dos anos 60 e 70. O descontentamento geral foi manifestada por uma pequena boemia e crescendo de forma vigorosa, que já existiam desde os anos 50.
O pai dos escritores beats foi Henry Miller. Sua escrita é baseada na critica aos valores da burguesia e sua abordagem explícita sobre as liberalidade sexuais e o uso de drogas, com a presença constante de personagens marginalizados e anti-heróis, ressaltando com frequência o grotesco em suas personalidades. O misticismo é relevante como similaridade com os beatniks, bem visto no livro O Pesadelo com Ar Condicionado. Apesar da cultura beatnik explodir nos EUA, o seu manifesto repúdio pelo moralismo americano fez com que Henry Miller saísse do país, uma vez que grande parte de seus materiais permanecessem censurados, devido ao conteúdo sexual. O Trópico de Câncer só foi publicado nos EUA em 1961, sendo este seu trabalho mais importante. Miller percebeu a parte mais significativa de sua vida como escritor nas ruas de Paris.
4.Um novo olhar, uma nova forma de ser percebido


A terminologia beatnik tem uma origem estranha e confusa. A palavra beat é utilizada por Jack Kerouac no livro On the Road pela primeira vez como uma forma de abreviar a palavra beatitude, lembrando o estado espiritual que ele e os companheiros buscavam. Outros especialistas diziam que era uma referência direta do jazz, remetendo as batidas aceleradas do bebop. Há quem diga que isso possa ser também uma conotação de "Vencido pela Vida" ou dead-beat. Daí, funde-se este radical beat com o sufixo do satélite russo Sputnik, lançado em 1957 ao espaço, com uma conotação de velocidade e movimento. Beatnik também era utilizado para denominar os seguidores deste movimento. Algumas vezes era comum que se chamassem de hipsters, termo aplicado as pessoas marginalizadas, delinquentes juvenis, usuários de drogas e brancos que se relacionavam mais intimamente com a cultura grega e de sua corruptela nasceu o famoso termo hippie, ligado aos jovens da contra-cultura sessentista.
Mas uma coisa deve ser frisada quando se fala da geração beat. O conceito deve exprimir o desalento de uma época e uma vida ampla, alternativa, que iam contra a falta de percepção das pessoas comuns, da burguesia. Essa nova forma de descrever o mundo ao seu redor é que vão demonstrar a possibilidade de criar uma forma escrita fluida, pulsante e impaciente, querendo estar aptos a circular nos diversos universos em que sua visão pudesse estar e estabelecer seus fluxos. Toda esta influência surrealista nos pensamentos são carregadas por condutas virtuosas de personalidades como Max Roach, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Bud Powell com seu ritmo quase profano - o Jazz. Era a consagração da arte beatnik com sua legitimidade intelectual ao seu primor. Não havia nada melhor do que o ritmo norte-americano do que a declamação de protesto sem qualquer disciplina senão o Jazz e os improvisos inconsequentes do Bebop, sua corrente mais progressiva da época.
5. Jack Kerouac e sua esponteaneidade da prosa Bop
Podemos perceber experimentalismos literários dos escritores do movimento beatnik, mas ninguém fez essa procura incessante de dizer as coisas de uma forma nova como Jack Kerouac fez. Sua maneira metódica e bem consciente, no encontro de uma escrita emocional extremamente densa fez com que ele criasse um estilo único que ignorava completamente as regras gramaticais ordinárias, que ficou devidamente notório em On the Road que foi escrito em um rolo de papel contínuo durante 20 dias e 20 noites, sob o efeito de benzedrina durante o abril de 1951, em um efeito de transe até então nunca visto, sendo repetido de forma similar no livro Os Subterrâneos, só que desta vez escrito em 3 dias e noites, só que sob o efeito de outros estimulantes. Ele, W. B. Yeats na área literária, Jackson Pollock na área da pintura e Charlie Parker na área musical tinham tal método peculiar genesíaco entre eles em comum.
É interessante frisar que ele chegou a discorrer seus métodos de escrita em ensaios como o Essentials of Spontaneous Prose, de 1956; e Beliefs & Techniques of Modern Prose, de 1957. As expressões "prosa espontânea", "forma selvagem" e "prosódia bop" apareciam e ele fazia uma analogia muito interessante dizendo que a forma de separar suas frases, seria similar ao ato de sua respiração, feitas pelo cérebro, metaforizando o ato de um saxofonista ao soprar um fraseado no instrumento.
Jack Kerouac demonstrava através de sua unicidade, a riqueza inestimável de seu campo de percepção, bem como a forma que seu pensamento se construía, sem quaisquer tipos de barreiras sensoriais ou censuras, tendo total fluidez com a pureza plena do processo sem desvios e associações e assim essa era a sinceridade da captação sentimental sem formalismos. Tanto que outros romancistas da época viam este homem como uma estrutura densa de informações.
Era interessante a crença dele no pensamento como uma forma de expressar o todo de sua personalidade e a verdade condensada nela e a artificialidade das correções. Era uma busca por tudo aquilo que achava-se mais sincero em sua existência e é dessa forma que se compreende a rutilância dos beats pelo formalismo acadêmico e pelas obras ficcionais. Tudo que era escrito, era descrito, pois eram experiências pessoais. Era a tábula rasa de sua vida íntima. Tudo a serviço da expressividade ao seu formato mais natural possível. Durante a sua carreira, o estilo sempre experimental apresentou modificações, mostrando evoluções na maneira de mostrar sua escrita. Suas importantes obras a destacar são: Os Subterrâneos (1958), Os Vagabundos Iluminados (1958), Maggie Cassady (1959), Tristessa (1960), Big Sur (1962), e aquele que é considerado por muitos, inclusive pelo próprio Jack Kerouac, como sua obra-prima, Visions of Cody (1972).
6.Ginsberg: um poeta à margem.
Allen Ginsberg é um importante autor beat que carrega também o aspecto de pôr em sua obra aquilo que vivenciou: o binômio poesia e vida. Mais uma vez vemos uma pessoa se colocando como matéria prima com acontecimentos reais, criando poemas através da primeira pessoa. E esta expressividade tinha uma sinergia consistente com à poesia dos românticos, de Whitman e Rimbaud. Até então parte do seu legado sofre um certo abandono, porque sua pesquisa é herdeira legítima das experiências vanguardistas do século XX.
Cria-se a conexão entre os europeus de vanguarda e a literatura moderna de Ezra Pound, William Carlos Williams e Gertrude Stein, criando um grande marco de update na criação literária dos EUA. Sua forma de se expressar ia completamente na contramão da realidade dos escritores beats, uma vez que ele era um laboratório vivo de vanguardismos. Nele era possível visualizar o futurismo de Maiakovski, o surrealismo de Artaud, o dadaísmo de Schwitters e o cubismo de Apollinaire, sem esquecer de pitadas densas de Garcia Lorca, Hart Crane e adicionado a consciência de James Joyce, Stein e até mesmo a forma de influenciar-se dos Hai-Kais da literatura oriental.
Sua obra-prima O Uivo é um emblema da produção literária beatnik. É através deste manifesto que todas as barreiras acercas com a realidade dura e marginalizada são escancaradas a olhos nus, desde o estilo de vida, até o uso de drogas e a liberalidade sexual. Assim contemplava nas primeiras linhas deste livro: “Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, /arrastando-se pelas ruas do bairro negro em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, /hipsters com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato com o dínamo estrelado da maquinaria da noite/ que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando sentados na escuridão dos miseráveis apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos das cidades contemplando jazz...” Não seria absurdo reparar que sua escrita foi altamente influenciada pela prosódia bop espontânea de Jack Kerouac, evidenciada pela velocidade ritmica e escrita com alta fluidez.
Além de seu perfil como escritor, foi um ativista popular que era favorável aos hippies e junto a Timothy Leary pode divulgar os "benefícios do LSD" além da participação de protestos pacifistas contra a Guerra do Vietnã. Ginsberg via que viver uma vida à margem da lei significaria a única forma para que se contemple todas as experiências mais miseráveis da sobrevivência para que se alcance o processo de purificação da existência. Seu poema sofreu tentativa de censura e seu editor, posteriormente, sofreu processo por pornografia.
7.Burroughs: o experimentador.

William Burroughs. Este sim é o grande experimentor da geração beat. Uma mistura de blends dadaístas, surrealistas e até mesmo cubistas. Seus procedimentos de dobragem e colagens, que tinha aplicação bem diversificada, foi muito diferenciada. O recorte de passagens e fontes diferentes desde versículos da bíblia e até mesmo fraseados de Shakespeare, faziam com que seus textos criassem verdadeiros resultados únicos e conceituais. Aplicando uma metodologia ímpar, Burroughs deu vida a suas obras mais contundentes como o Almoço nu (1959), A máquina mole (1961), O bilhete que explodiu (1962), e O expresso nova (1964). Assim como os outros autores beat, seu experimentalismo alçava a área de uso de entorpecentes, pela sua busca incessante por novos estados de consciência.
Ele chocava e escandalizava ao ampliar a consciência com experiências homoafetivas, violência urbana e o submundo urbano. Ele queria algo além do próprio sentido estrito da linguagem, ele queria algo profundo e infinito. Queria, se tornar, como ele mesmo se descrevia "um cosmonauta do espaço interior" na busca de uma realidade mais profunda e verdadeira no sentido da existência. O zen budismo também ajudava em suas imaginações e ponderações tendo uma concepção única do universo. Ele era o mais velho dos autores da geração beat e sua forma de escrita era puramente satírica, tanto que Jack Kerouac se referiu a ele como "o maior escritor satírico desde Jonathan Swift".
Junto a estes três, haviam vários outros nomes importantes que deslindaram as décadas de 50 e 60 com esta geração de impacto profundo na literatura norte-americana. Eles seriam Kenneth Patchen, Gary Snyder, Denise Levertov, John Ashberry, Gregory Corso, Barbara Guest, Frank O'Hara, Clellon Holmes, Lawrence Ferlinghetti, Carl Solomon entre outros. Os beatniks estavam além de uma mera visão literária, de uma absolvição do marasmo centralizado do academicismo exacerbado. Estava acima, era multidisciplinar.
Os anseios eram inerentes a libertar o corpo, a sexualidade e os desejos de conhecer os efeitos da lisergia. A ampliação de consciência e a procura de novas formas de se viver na sociedade. No ínicio dos anos 60 as marcas já haviam sido feitas por eles com o surgimento do movimento hippie, que visava o instinto, o pacifismo, a espontaneidade e o misticismo como a idealização da existência. Tudo isso foi pano de fundo para que a própria realidade norte-americana pudesse enxergar a saturação que a burguesia dominante havia se encontrado e como as coisas precisariam e deveriam ser modificadas, durante os anos 60 e 70 para que os valores do regime capitalista pudessem ser alterados no intuito de modificar uma vez mais o ponto de vista da organização social.


 

 

terça-feira, 12 de abril de 2016

BEAT...


PULL MY DAISY

Já é tarde nesta noite que me tarda o adormecer e um anjo estrelado teima em sair do meu sonho. Fugiu com os olhos de um cometa de cauda arrebitada cheio de pressa para fatiar a angústia. Acenou a um índio que limpava os vidros da janela do New York City Blues. Como sabem o edifício onde os vagabundos celestiais escondem as suas auréolas. Ninguém se incomoda com a hipótese verdadeira de ele num assomo de identidade roubada arrefecer o chão mesmo tendo todo o cuidado para não atrapalhar o trânsito. Não tenho outras coisas para incomodar o meu sonho. Por isso sugeri delicadamente o aparecimento de uma lista das páginas amarelas para amparar a sua queda. A operacional das comunicações estava ocupada e deixou as instruções numa gravação com demasiada publicidade para eu entender que nada poderia fazer. Não sei realizar este filme. Vi um anjo admirado dentro do meu sonho. Mas ninguém lhe dá boleia. Há um sinal do código da estrada não identificado onde todos param sem razão aparente. Devolvi-me à realidade e agora tento abafar possibilidades tão maldosas que irão mentir o sono que vou dormir.
PULL MY DAISY.


,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

ESTETOSCÓPIO (medicina aplicada)

Espasmos - Corte superficial - Micro Rotura Transversal – Antibiótico Neurótico – Plasma Infectando – A Ternura Endérmica – Febre Azeda – Estiramento Social – Psiquiatra Analítico – Avanço Avassalador – Retrocesso Catastrófico - Quebra da Atenção – Seringa Promissora – Bom Dia Srª. Doutora – Gostei Muito da Última Vez – Não Sei Se Podemos Repetir – Não Podemos Desacatar a Lei - Assim o Diz o Código Deontológico – E Não Posso Pôr Em Causa a Minha Profissão – Desculpe Mas Aqui Não – Mas Eu Fico Com Depressão – Sobe-me a Tensão – E Já Não Gosto de Fazer Isto à Mão – Bom – Desta Vez Apanhou-me Bem Disposta - Já me Sinto meia Despida – Vamos lá Curar essa Ferida – Vou Colocar na Porta – O Do Not Disturb – Ou Talvez Seja Melhor – O Cama Ocupada – Aumente o Som da Telefonia – Ninguém Pode Saber da Nossa Ousadia – Desligue o Telemóvel - Não Atendo Nenhuma Chamada – Certifique se A Janela Está Bem Fechada.


,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA


NÉON

As coisas especiais ficam sempre tão longe
& a palma da minha mão
não abraça a nuvem sentada na minha cabeça.
O céu continua tão incorrecto e o mais perto que tenho
é esta caneta que tinge uma mania de apalavrar sensações
por vezes dignas da minha presença.
Gostaria de outros modos não tão incómodos
para esta vontade que está sempre a acontecer.
Vou continuar a despir-me
num streap tease onde espalho neste palco
ternuras não obsoletas.
Talvez esteja a chegar um tempo
que com todo o respeito
me dá a ilusão
de desenhar aquilo que é desejado.
Mas as coisas especiais ficam sempre tão longe
& eu sento-me demasiado quieto
esperando cinicamente que este tremor
não seja mais do que o engano possível.
E é esta impossibilidade
que vai atando uma angústia envelhecida
em farrapos que aconchegam a infinita tristeza.
Há um néon na minha viagem
que teimosamente escreve no meu mural:
Parabéns!
Você é o feliz contemplado.
& eu continuo a não acreditar.


,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA


domingo, 10 de abril de 2016

KIKO`S BLUES_2016/04/10_06,00h

Escrevo com a tinta das lágrimas a nossa despedida. E isto é lixado pá! Eu que de mim tanto já foi tirado, estiro num oásis magoado memórias que nunca me deixarão. Não sou tão forte assim.
Só procuro instantes que acalmem cheiros que perfumam a minha pele. A tristeza nunca será a minha companheira até porque tu mereces isso.
Tenho o teu focinho sempre guardado na minha carteira e isto é definitivamente a importânciamais importante. O abanar da tua cauda continua a indicar o caminho que levo. 
Meu amigo,
Escrevo com a tinta das lágrimas e tu sabes que eu não choro sem sentido.
(Não digas isto à A na. Custa-me muito vê-la chorar),
O Benfica ganhou e eu sei que os senhores Eusébio e Mário Coluna, estão à tua espera para marcares aquele penalty especial. Irão beijar a tua entrada naquela nuvem onde só alguns têm lugar.
Kiko, tu nunca foste um suplente! Estou um farrapo.
Gosto sempre de ti.
Kiko,
A vida às vezes é uma merda.
Quanto mais tempo nos dá
Mais abandonados ficámos.






aNTÓNIODEmIRANDA

sábado, 9 de abril de 2016

SE ESCREVEREM À MINHA TRISTEZA…

Não sei e não tenho vergonha.
É-me estranha a peçonha recolhida na palha onde aqueci estrelas não sintonizadas com a harmonia dos horóscopos. Não sei escrever um suflê da mais digna maneira que tanta canseira me produz quando desagua em offshores emporcalhados onde engordam panças geradas pelo suor do pobre. Não sei nada dos amantes ousados num script onde nada pintei. Não sei dar corda a este relógio que tanto me abusa e se recusa a lamber-me um só minuto de intervalo. Não sei de não gostar. Não sei sugerir opções contrárias a uma mania que acorda sempre na minha cabeça. Não sei fazer nada que não me apetece, agora que já posso silenciar o despertador com um tiro retardador dirigido pela  minha aptidão de não admitir interferências litigiosas direccionadas à minha alheia susceptibilidade. Não sei.. Não sei porque o meu cão deixou de gostar da ração. Não sei porque continuo a caminhar assim. Como se não quisesse magoar as águas do rio que corajosamente zela pela ferrugem da minha âncora. Não sei que horas tenho embora me tivessem prometido que isso seria uma questão de dias. Não sei que sonhos pintar agora que os segundos foram passar a noite na ópera. Não sei que lâmina usar para fatiar contratempos não convidados. Não sei. Procuro só os meus passos que me levarão ao encontro de um coração desclassificado.
Se escreverem à minha tristeza, por favor não lhe digam como eu me sinto.



,2016,04,08,03,30h

aNTÓNIODEmIRANDA

SOUPLESSE EM PALHA VÃ

Embrulhar-te em trapos de crochet num português pouco suave areado com um desodorizante apropriado à obliquidade da tua intenção custosa de digerir. Emparedar a falta de ideias com a argamassa das não palavras que usamos para tingir pôr-de-sois tímidos estendidos em toalhas-de-praia  de um mar onde se revolta a nossa vergonha. Sonhar. Abusar. Sonhar alto para incomodar o vizinho e distrair a polícia para que não bata tanto na ausência que nos abriga. Rezar de qualquer maneira e esperar com a fé congelada que o pipo da panela de pressão não fure o tecto da noite. Atender chamadas anónimas com a possível esperança e curiosidade do que é suposto acontecer. Sorrir até que nem fique um só osso das costas quentes, onde lábios patetas grelham poemas que nunca ninguém lia. Vestir este, o outro e aquele dia que tanto tarda a escurecer. Aparecer com a souplesse e habilidade usual. Distribuir maionese para grafitar com toda a alma e empenho qualquer chão envelhecido. Seguir a seta errada e amolar as garras num rebolo educado, lá para os lados de qualquer lugar.





,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

ESTÁDIO DAS ANTAS (anos 70)

Sentei-me à vontade.
Ao lado de um andrade.
Fala aqui.
Fala acolá.
Verde branco de estimação.
Bolinho de bacalhau na mão.
O jogo corria.
E o andrade dizia.
Ó meue amigo.
Isto é do caralhoe.
O poarto a jogar.
E o benfica a marcar.
Fuada-se!






,2016,04aNTÓNIODEmIRANDA

‪#‎PANAMA‬ JACK#

nb: as minhas velhas botas estão disponíveis para quaisquer esclarecimentos julgados necessários.
Com elevada estima e consideração,
Atentamente
aNTÓNIODEmIRANDA



terça-feira, 5 de abril de 2016

Festival RTP 1970 - Hugo Maia Loureiro - Canção De Madrugar








CANÇÃO DE MADRUGAR |
ARY DOS SANTOS



De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado um dia
Teu corpo há-de acender
Numa fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri e dei
Dei do meu corpo chicote de força
Rasei meus olhos com mágoa
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas, alarguei cidades
E construí poetas
E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo há-de acender
Uma fogueira de sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então:
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem terras,
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
Nem terras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
Nem mal


BARBIERI. Tive o privilégio de ouvir tocar este Senhor, num dos festivais CascaisJazz.