Para os que comemoram aniversários clandestinos debaixo dos viadutos,ouvindo sinfonias estereofónicas de claxons e que conhecem de cor as influências dos fluídos do trânsito no comportamento das pessoas.Para aqueles que ainda têm a coragem de assumir a diferença cada vez mais etiquetada com heterónimos de loucura. Para os que rezam em silêncio desfilando entre os dedos rosários de lágrimas e ajoelhados em soluços de desespero,esperam ainda com a esperança possível aparições dos anjos do néon.
EU AINDA NÃO SOU ANJO
Para os que constroiem a poesia com o amargo optimismo de experiências repetidas e que sobretudo,sobretudo não lamentam ,não invejam a maldita sorte dos poetas malditos :
Visões do apocalipse
tentações demoníacas
desolação
E EU AINDA NÃO SOU ANJO !
VIVA LA MUERTE !
Os duendes de somorra invadiram as auto estradas deste inferno com sorrisos malignos de arco -íris.
Para aqueles que ignoram as constantes tentações do deus publicidade e fumam orgulhosamente beatas anónimas marimbando-se nas marcas e ainda para os que olham as montras sem qualquer laivo de cobiça manifestando delicadamente a sua indiferença pelo yves saint-laurent.
Para os guerrilheiros da angustia que atacam a normalidade com raids ritmados de swing e destroiem horários com metralhadoras de coragem.
E EU AINDA NÃO SOU ANJO !
Para os que gastam o tempo antes que o tempo os gaste e sorriem às estátuas com sorrisos cheios de cumplicidade
Para os que lavam as horas em retretes repletas de relógios para que o despertar não tenha o sabor inglório da obrigação digital.
Para os que se deitam na praia desenhando na areia voos obscenos de gaivotas e desfilam sonhos de m`água e que compreendem docemente os queixumes do mar e choram no silêncio soluços da ausência.
Para os que acordam sempre
do mesmo lado
da mesma maneira devorando
avidamente croissants recheados com perfumes da dior e devoram avidamente o nosso tédio cuspindo depois as algemas da nossa escravidão.
Para que os vagabundos tenham pena de nós, da nossa impotência da nossa burguesia das nossas aspirações dos nossos projectos da nossa incoerência do nosso medo e sobretudo, sim sobretudo para que lamentem :
a nossa falta de coragem que sempre desculpamos com a sorte
porque gastamos a vida na margem dum rio que se chama morte.
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
PAUL ÉLUARD - LIBERTÉ
Sur mes cahiers d'écolier
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J'écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom
Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom
Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom
Sur chaque bouffée d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom
Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom
Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom
Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom
Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom
Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom
Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom
Sur l'absence sans désirs
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenirs
J'écris ton nom
Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.
Sur mon pupitre et les arbres
Sur le sable sur la neige
J'écris ton nom
Sur toutes les pages lues
Sur toutes les pages blanches
Pierre sang papier ou cendre
J'écris ton nom
Sur les images dorées
Sur les armes des guerriers
Sur la couronne des rois
J'écris ton nom
Sur la jungle et le désert
Sur les nids sur les genêts
Sur l'écho de mon enfance
J'écris ton nom
Sur les merveilles des nuits
Sur le pain blanc des journées
Sur les saisons fiancées
J'écris ton nom
Sur tous mes chiffons d'azur
Sur l'étang soleil moisi
Sur le lac lune vivante
J'écris ton nom
Sur les champs sur l'horizon
Sur les ailes des oiseaux
Et sur le moulin des ombres
J'écris ton nom
Sur chaque bouffée d'aurore
Sur la mer sur les bateaux
Sur la montagne démente
J'écris ton nom
Sur la mousse des nuages
Sur les sueurs de l'orage
Sur la pluie épaisse et fade
J'écris ton nom
Sur les formes scintillantes
Sur les cloches des couleurs
Sur la vérité physique
J'écris ton nom
Sur les sentiers éveillés
Sur les routes déployées
Sur les places qui débordent
J'écris ton nom
Sur la lampe qui s'allume
Sur la lampe qui s'éteint
Sur mes raisons réunies
J'écris ton nom
Sur le fruit coupé en deux
Du miroir et de ma chambre
Sur mon lit coquille vide
J'écris ton nom
Sur mon chien gourmand et tendre
Sur ses oreilles dressées
Sur sa patte maladroite
J'écris ton nom
Sur le tremplin de ma porte
Sur les objets familiers
Sur le flot du feu béni
J'écris ton nom
Sur toute chair accordée
Sur le front de mes amis
Sur chaque main qui se tend
J'écris ton nom
Sur la vitre des surprises
Sur les lèvres attentives
Bien au-dessus du silence
J'écris ton nom
Sur mes refuges détruits
Sur mes phares écroulés
Sur les murs de mon ennui
J'écris ton nom
Sur l'absence sans désirs
Sur la solitude nue
Sur les marches de la mort
J'écris ton nom
Sur la santé revenue
Sur le risque disparu
Sur l'espoir sans souvenirs
J'écris ton nom
Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer
Liberté.
sexta-feira, 18 de março de 2011
À RASCA ? NATURALMENTE!
Não admito sequer a possibilidade de ser governado por uma corja de imbecis, que desprezam a minha não aceitação da sua NULA IMPORTÂNCIA. Não que o meu voto seja importante, mas sobretudo é imprescindível para a minha coerência. Parafraseando GROUXO MARX, não admitirei nunca a hipótese de votar num governo que ...aceite o meu voto.
quarta-feira, 16 de março de 2011
FRACASSOS
quando a vida
é uma colecção de fracassos
escondidos num velho armário
quando pensas que és inteligente
e não lhes trocas os passos
quando a angústia
te rói os ossos
quando o tentar é inútil
quando o sonho
é objectivo esquecido
quando a renúncia
é prática quotidiana
quando te queixas repetidamente
quando te desculpas frequentemente
quando a tristeza é o teu fado
quando a vida te passa ao lado
é porque para ti
nem o possível é suficiente.
2011
é uma colecção de fracassos
escondidos num velho armário
quando pensas que és inteligente
e não lhes trocas os passos
quando a angústia
te rói os ossos
quando o tentar é inútil
quando o sonho
é objectivo esquecido
quando a renúncia
é prática quotidiana
quando te queixas repetidamente
quando te desculpas frequentemente
quando a tristeza é o teu fado
quando a vida te passa ao lado
é porque para ti
nem o possível é suficiente.
2011
ANJO NA AVENIDA CONDE DE VALBOM
vi-te na rua
a falar
com um mundo distante
que só outro anjo compreende
olhavam
riam
com o desprezo da normalidade
estupidamente estampado nosrostos
embrulhei-me na tua alma
eu
aquele
que na pele
já só tem a memória da solidão
imaginei-te como eu
ou
eu como tú
mas agora
já não tenho a tua bagagem
abracei
a pena
lágrima hipócrita
já não é minha a tua viagem
e o meu epitáfio
será apenas
mais uma palavra de circunstância.
2010nov16
a falar
com um mundo distante
que só outro anjo compreende
olhavam
riam
com o desprezo da normalidade
estupidamente estampado nosrostos
embrulhei-me na tua alma
eu
aquele
que na pele
já só tem a memória da solidão
imaginei-te como eu
ou
eu como tú
mas agora
já não tenho a tua bagagem
abracei
a pena
lágrima hipócrita
já não é minha a tua viagem
e o meu epitáfio
será apenas
mais uma palavra de circunstância.
2010nov16
A minha nuvem
mandem flores
para a minha nuvem
o meu epitáfio
estará atento
os mails terão a resposta
de um deus
que eu atempadamente instrui
queimem a erva que puderem
que o meu olfacto agradecerá
pintem todas as tábuas
para que o meu caixão
tenha as cores do arco-irís
que me pertence.
chorem depois de todo o vinho
agora não estou sózinho.
olho-vos do meu lugar sagrado
eu fui aquele
que negou o seu próprio fado.
2011
para a minha nuvem
o meu epitáfio
estará atento
os mails terão a resposta
de um deus
que eu atempadamente instrui
queimem a erva que puderem
que o meu olfacto agradecerá
pintem todas as tábuas
para que o meu caixão
tenha as cores do arco-irís
que me pertence.
chorem depois de todo o vinho
agora não estou sózinho.
olho-vos do meu lugar sagrado
eu fui aquele
que negou o seu próprio fado.
2011
segunda-feira, 14 de março de 2011
espectáculo
a felicidade adiada e mais duas tentativas anónimas
e desesperadas de auto-fornicação
. as vias sacras do inferno
e o enforcamento público das palavras
que não ousámos dizer quando
clandestinamente fazemos amor.
requiem por todos os amantes incompreendidos
cujas almas estão cheias
de sómente boas intenções.
imagens púdicas transbordantes de púbicidade
ritmadas com slogans publicitários
que aconselham sobretudo o que não nos convém.
a sociedade do espectáculo do consumo
convidativo ao próprio consumo.
só ficamos com o sumo
que sabe sempre ao mesmo :
MERDA.
21.5.86
epitáfio 2º.
não
vi
não
amei
não
possui
desejei
que
as pessoas realmente
vivessem
pois
só aqueles
que vivem
sabem
construir
i
m
a
g
e
n
s.
vi
não
amei
não
possui
desejei
que
as pessoas realmente
vivessem
pois
só aqueles
que vivem
sabem
construir
i
m
a
g
e
n
s.
engano
tudo não passa
de um engano
tú
eu
os olhares que trocamos
e
se surge
o desejo
é para que a paixão
continue a ser
exactamente o que é :
uma palavra linda
e mentirosa
que agoniza
lentamente
nas páginas dos dicionários.
27.5.86
de um engano
tú
eu
os olhares que trocamos
e
se surge
o desejo
é para que a paixão
continue a ser
exactamente o que é :
uma palavra linda
e mentirosa
que agoniza
lentamente
nas páginas dos dicionários.
27.5.86
embrulho
embrulho-me no nojo
escondo-me nas esquinas
da desilusão
dou corda a um
relógio
que me mostra
minuto a minuto
cem horas de solidão
21.5.86
escondo-me nas esquinas
da desilusão
dou corda a um
relógio
que me mostra
minuto a minuto
cem horas de solidão
21.5.86
devagar
levantas - te devagar
a vontade já é pouca
é sempre o mesmo acordar
é sempre a mesma fadiga
que faz o resto da tua vida
e maldizes a sorte
com bebedeiras de morte
e apagas a memória
com riscos de loucura
é sempre a mesma história
sem herói
sem aventura.
e morres devagar
como se fosse castigo
com sabor de tortura
que arrasta contigo
a vida feita doença sem cura.
86mai06
a vontade já é pouca
é sempre o mesmo acordar
é sempre a mesma fadiga
que faz o resto da tua vida
e maldizes a sorte
com bebedeiras de morte
e apagas a memória
com riscos de loucura
é sempre a mesma história
sem herói
sem aventura.
e morres devagar
como se fosse castigo
com sabor de tortura
que arrasta contigo
a vida feita doença sem cura.
86mai06
DESPERADO
sexo na cabeça
bandeira na cabeça
bomba na cabeça
relógio na cabeça
dicionário na cabeça
código do direito civil na cabeça
azia na cabeça
& ...
o pensamento enlatado
a imaginação amputada
por isso,
em boa verdade vos digo :
deus não existe !
o diabo às vezes
esquece - se de ser mau !
crescei e multiplicai - vos !
multiplicai - vos ao ritmo
que a v. ignorância permite.
a vossa herança
é a minha esperança.
unicamente
a esperança do desespero.
81/jan.
bandeira na cabeça
bomba na cabeça
relógio na cabeça
dicionário na cabeça
código do direito civil na cabeça
azia na cabeça
& ...
o pensamento enlatado
a imaginação amputada
por isso,
em boa verdade vos digo :
deus não existe !
o diabo às vezes
esquece - se de ser mau !
crescei e multiplicai - vos !
multiplicai - vos ao ritmo
que a v. ignorância permite.
a vossa herança
é a minha esperança.
unicamente
a esperança do desespero.
81/jan.
Desemprego para o jantar
chegou a casa
deu a volta
à mesa vazia.
o patrão come lagosta
o operário demagogia.
penhorou a saúde
com a cautela da morte.
que importa
o fim do mês ???
hoje é dia um
e ontem não comeu
outra vez.
deu a volta
à mesa vazia.
o patrão come lagosta
o operário demagogia.
penhorou a saúde
com a cautela da morte.
que importa
o fim do mês ???
hoje é dia um
e ontem não comeu
outra vez.
CELEBRAÇÃO
Complicamos
Tudo o que não devemos
Até a morte complicamos
Mesmo antes de morrermos
Complicamos a vida
Sem sequer a vivermos
Projectamos o destino
Com teorias banais
Dificultamos o tempo
Que não é nosso
E logo achamos que as horas
São um osso duro de roer
Complicamos o riso
E toda a sua vontade
Abraçamos o medo
E inventamos armas letais
Que não matam a nossa triste realidade
Vemos os filmes dos outros
Com enredos que a fingir
Nos fazem doer
Rejeitamos
Ignoramos
Qualquer convite à felicidade.
Cantando
Celebrarei a morte
Se assim me ajudar
O engenho e a sorte
ago.2010
Tudo o que não devemos
Até a morte complicamos
Mesmo antes de morrermos
Complicamos a vida
Sem sequer a vivermos
Projectamos o destino
Com teorias banais
Dificultamos o tempo
Que não é nosso
E logo achamos que as horas
São um osso duro de roer
Complicamos o riso
E toda a sua vontade
Abraçamos o medo
E inventamos armas letais
Que não matam a nossa triste realidade
Vemos os filmes dos outros
Com enredos que a fingir
Nos fazem doer
Rejeitamos
Ignoramos
Qualquer convite à felicidade.
Cantando
Celebrarei a morte
Se assim me ajudar
O engenho e a sorte
ago.2010
bestiário
o que nos resta
depois de separarmos o que não presta ?
deitar fora as horas do tempo
para envelhecer calmamente
embora se apresse a pressa
de apagarmos a memória
de controlarmos o pensamento ?
de riscar o calendário
desta batalha perdida
mesmo antes de ser vencida
à qual ainda chamamos vida
e que faz de mim um bestiário ?
e esta vontade que desafia
e que programa dia a dia
esta ausência de revolta
que só nos dá a derrota
à qual teimosamente
etiquetámos de vitória ?
85fev.
depois de separarmos o que não presta ?
deitar fora as horas do tempo
para envelhecer calmamente
embora se apresse a pressa
de apagarmos a memória
de controlarmos o pensamento ?
de riscar o calendário
desta batalha perdida
mesmo antes de ser vencida
à qual ainda chamamos vida
e que faz de mim um bestiário ?
e esta vontade que desafia
e que programa dia a dia
esta ausência de revolta
que só nos dá a derrota
à qual teimosamente
etiquetámos de vitória ?
85fev.
balada do prazer
isso ...
essa carícia
com malícia
o nosso amor é um tango
dançado swingadamente
cada vez melhor
cada vez mais diferente
adoro o teu dançar
e ainda sinto que é pouco
embora me tornes louco
de tanto te amar.
sim ...
a língua na boca
a mão na coxa
esta alegria quase rouca
de respirar o teu olhar .
85mar.6
essa carícia
com malícia
o nosso amor é um tango
dançado swingadamente
cada vez melhor
cada vez mais diferente
adoro o teu dançar
e ainda sinto que é pouco
embora me tornes louco
de tanto te amar.
sim ...
a língua na boca
a mão na coxa
esta alegria quase rouca
de respirar o teu olhar .
85mar.6
ausência
como de costume o
amor passou ao lado
e derramámos esperma
para celebrar a sua ausência.
85mar6.
amor passou ao lado
e derramámos esperma
para celebrar a sua ausência.
85mar6.
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